OSCE aprova resolução anticomunista

Partidos comunistas e operários manifestam repúdio

A Assembleia Parlamentar da OSCE adoptou uma resolução cujo objectivo é reescrever a história, negar o papel da União Soviética na derrota do nazi-fascismo e equiparar comunismo e fascismo.

«O anticomunismo precede ataques generalizados contra os direitos dos trabalhadores»

Em resposta à iniciativa da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, votada no passado dia 3 de Julho em Vilnius, capital da Lituânia, mais de 60 partidos comunistas e operários de todo o mundo divulgaram um protesto, que abaixo reproduzimos na íntegra, no qual manifestam o seu profundo repúdio e apelam à classe operária e aos trabalhadores para que rejeitem mais esta iniciativa anticomunista.
«Condenamos energicamente a adopção na sessão regular da Assembleia Parlamentar da OSCE, realizada a 3 de Julho de 2009, em Vilnius, Lituânia, de uma nova resolução anticomunista intitulada “Europa dividida reunificada”, cujo conteúdo distorce grosseiramente a história e nega o papel da União Soviética na vitória sobre o nazi-fascismo. A resolução equipara comunismo e nazi-fascismo.
«Os que assim procedem, ocultam que foi a União Soviética que deu o maior contributo para a libertação da Europa do nazi-fascismo. Os autores da resolução – os falsificadores da história – pretendem branquear os que, no pacto de Munique, em 1938, entregaram a Checoslováquia, permitindo a eliminação de um Estado independente e a subjugação dos povos checo e eslovaco ao nazi-fascismo.
Os que votaram favoravelmente a adopção da referida resolução, justificam e encorajam «uma caça às bruxas» contra os comunistas em diversos países da OSCE nos quais os comunistas são já perseguidos, as suas organizações de juventude proibidas e os seus partidos perseguidos pelo uso do símbolo da foice e do martelo.
«Acresce que a resolução oferece ampla cobertura à perseguição da ideologia comunista e à adopção de medidas contra os partidos comunistas.
«Ao mesmo tempo, testemunhamos a actual reabilitação do nazismo e dos nazis em numerosos países, incluindo no país que acolheu a sessão da Assembleia Parlamentar da OSCE.
«Não podemos permitir que ninguém insulte a memoria dos antifascistas e participantes do movimento de resistência que perderam a vida na luta contra o nazismo.
«O agravamento do anticomunismo na Europa não é um fenómeno transitório. Demonstra o medo das classes dominantes face à profundidade da crise capitalista, à revigorada actualidade da reivindicação do fim da exploração capitalista e da urgência e necessidade de mudanças de fundo na sociedade.
«A classe operária e os trabalhadores, independentemente de estarem de acordo ou em desacordo com os comunistas, devem repudiar decididamente a campanha anticomunista, sobretudo porque a história já provou que o anticomunismo é a antecâmara de ofensivas generalizadas contra direitos sociais e democráticos dos povos.
«Respondamos aos provocadores e anticomunistas através da conjugação de forças na luta pelos direitos dos trabalhadores, pelo socialismo».

Os partidos subscritores:

«Partido Comunista da Argentina; Partido Comunista da Arménia; Partido Comunista do Bangladesh; Partido Comunista da Bielorrússia; Partido dos Trabalhadores da Bélgica; Partido Comunista do Brasil; Partido Comunista da Grã-Bretanha; Novo Partido Comunista da Grã-Bretanha; Partido Comunista da Bulgária; Partido Comunista do Canadá; AKEL – Chipre; Partido Comunista da Boémia e Morávia; Partido Comunista da Dinamarca; Partido Comunista na Dinamarca; Partido Comunista da Finlândia; Partido Comunista Alemão; Partido Comunista da Grécia; Partido Comunista dos Trabalhadores Húngaros; Partido Comunista da Índia; Partido Comunista da Índia (marxista); Partido do Povo do Irão [Tudeh]; Partido Comunista da Irlanda; Partido dos Trabalhadores da Irlanda; Partido da Refundação Comunista; Partido dos Comunistas Italianos; Partido Comunista da Jordânia; Partido dos Comunistas da Quirguízia; Partido Comunista da Letónia; Partido Comunista Libanês; Partido Socialista da Lituânia; Partido Comunista do Luxemburgo; Partido Comunista da Macedónia; AKFM – Madagáscar: Partido Comunista de Malta; Partido dos Comunistas – México; Partido Popular Socialista do México; Novo Partido Comunista da Holanda; Partido Comunista da Noruega; Partido Comunista do Paquistão; Partido Comunista Peruano; Partido Comunista das Filipinas – PKP 1930; Partido Comunista da Polónia; Partido Comunista Português; Partido Comunista Romeno; Partido Comunista da União Soviética; Partido Comunista da Federação Russa; Partido Comunista dos Trabalhadores Russos – Partido Comunista Revolucionário; Novo Partido Comunista da Jugoslávia; Partido dos Comunistas da Sérvia; Partido Comunista da Eslováquia; Partido Comunista Sul-Africano; Partido Comunista dos Povos de Espanha; Partido Comunista de Espanha; Partido dos Comunistas da Catalunha; Partido Comunista do Sri Lanka; Partido Comunista da Suécia; Partido Comunista da Síria; Partido Comunista da Turquia; Partido Comunista da Ucrânia; União dos Comunistas da Ucrânia; Partido Comunista da Venezuela».


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