Pingo Doce e Feira Nova não respeitam direitos

Exigir negociação e respeito

Mais de uma centena de trabalhadores do Grupo Jerónimo Martins Retalho denunciaram dia 1, em Lisboa, o atropelo aos seus direitos e exigiram à administração da empresa, que não os recebe desde Março de 2007, a marcação de uma reunião até dia 15.

Forçados a cumprir horários ilegais, os trabalhadores viram a administração recusar receber o abaixo-assinado com 4396 assinaturas

Durante a manhã, os trabalhadores do Pingo Doce, Feira Nova e da Gestiretalho reuniram na sede do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal, CESP/CGTP-IN, onde discutiram as «grosseiras violações» aos seus direitos laborais.
Depois do plenário, partiram do Largo de D. Estefânia e desfilaram pelas ruas, em protesto, até à sede do grupo, nas Amoreiras. Aqui ninguém se dignou a receber um abaixo-assinado, com 4396 assinaturas, a exigir respeito pelos direitos e diálogo por parte da administração.
«Desde Março de 2007 que a empresa não reúne com os representantes sindicais, embora os problemas se tenham vindo a agravar», recordou Elisabete Santos, salientando que, neste grupo, «o desrespeito pelos direitos laborais é quotidiano».
Se a administração continuar a recusar reunir com o CESP, os trabalhadores adoptarão formas de luta e apelarão à intervenção da Autoridade para as Condições de Trabalho, disse ao Avante! a trabalhadora do Pingo Doce e dirigente do CESP, Elisabete Santos, à saída do plenário.
Das formas de luta já decididas consta um conjunto de acções de denúncia da situação diante dos supermercados Pingo Doce e dos hipermercados Feira Nova, com colocação de faixas e esclarecimentos aos clientes.

Discriminações várias

«Já estamos em tempo de negociar as actualizações salariais deste ano, enquanto as do ano passado continuam por pagar», salientou a dirigente do CESP. O grupo apresenta resultados muito positivos, apesar da crise que o País atravessa, mas ainda não pagou os retroactivos decorrentes das actualizações salariais e correspondentes aos meses de Janeiro a Abril de 2008, de acordo com o Contrato Colectivo de Trabalho, além de, diariamente, incorrer «num vasto rol de atrocidades e de violações» de direitos».
«Este ano, a actualização salarial foi, oficialmente, de dois por cento, mas houve discriminações, por via de avaliações de desempenho feitas unilateralmente pelas chefias directas», afirmou a representante sindical que, como muitos, também ainda não teve qualquer aumento.
No plenário foram reveladas discriminações relativas à atribuição de prémios e à não reclassificação de trabalhadores, a quem foram atribuídas funções de chefia mas mantendo a remuneração correspondente à categoria que exerciam antes, em vez do salário correspondente à função que exercem.
Quanto aos horários, «a situação está num caos porque, se por um lado estão afixadas as tabelas de horários para que a ACT as veja quando fiscaliza, por outro, são alterados horários e folgas, por vezes até na véspera, e por telefone», revelou a dirigente do CESP.
Como consta na moção aprovada, a troca das folgas por decisão administrativa e a imposição de mais de cinco dias consecutivos de trabalho são constantes no grupo, como o é a violação do direito a dois dias de descanso semanais.
A marcação de férias sem auscultar os trabalhadores, a aplicação da adaptabilidade sem respeito pelas normas em vigor, a retirada do subsídio de domingo aos contratados a prazo e a imposição do trabalho ao domingo sem auscultar os visados são outros atropelos aos direitos referidos na moção.
No dia seguinte, todos os canais de TV destacaram, em largos minutos, o protesto dos «ecologistas do Greenpeace», diante da mesma sede do Grupo Jerónimo Martins. Contudo, nenhum órgão de comunicação social audiovisual reportou esta luta.


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