Se eles pudessem….

Vasco Cardoso
As concepções e práticas antidemocráticas de muitos dos membros do Governo PS, a obstinada perseguição aos comunistas e ao Movimento Sindical Unitário e o desespero provocado pelo protesto e pela luta contra a sua política têm estado na origem de escandalosas e inaceitáveis afirmações e atitudes, reveladoras do conteúdo reaccionário da política que levam por diante contra os trabalhadores, o povo e o País.
Sete dias apenas separam três situações que são em si ilustrativas dos tempos que correm. A primeira que aqui assinalamos registou-se nas comemorações do 1.º de Maio em Coimbra, onde um «graduado» solicitou aos dirigentes da União de Sindicatos presentes no local a cedência da listagem das palavras de ordem a utilizar na referida manifestação, cedência que justamente terá sido recusada, pois, como é evidente, não cabe às forças de segurança qualquer julgamento ou apreciação do conteúdo político de uma manifestação, coisa que é assim no nosso País, desde a Revolução de Abril de 1974.
A segunda, para lembrar as declarações a 6 de Maio do Secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, a propósito do questionamento que realizou sobre a presença de vários dirigentes da FENPROF na lista da CDU ao Parlamento Europeu, bem como da legitimidade das acções de luta previstas pelo movimento sindical docente para o mês de Maio, nomeadamente a manifestação de dia 30. Isto é, considerou-se o governante no direito de negar aos dirigentes sindicais os seus direitos políticos, inclusive o de serem candidatos da CDU, para a seguir procurar atacar por via do anticomunismo a unidade no seio dos professores, coisa que, como tem sido evidente, não conseguiu, nem consegue.
A última, para assinalar a decisão do Tribunal de Guimarães que, no dia 7 de Maio, absolveu – independentemente das considerações e motivações presentes no acórdão – os quatro dirigentes sindicais acusados de «manifestação ilegal», num processo que, apesar da decisão favorável aos trabalhadores, constituía uma clara tentativa de criminalização da luta e de condicionamento da capacidade de acção do movimento sindical unitário.
O que fica claro destes três episódios é que a vontade de liquidar a capacidade de luta e resistência à política de exploração que comanda o País é muita, mas não é maior do que a coragem e a determinação dos homens e mulheres que nos seus locais de trabalho, nas suas empresas, nos seus sindicatos lutam pelos seus direitos enquanto trabalhadores. Entre eles, e por direito próprio, contam-se muitos militantes comunistas cujo papel na defesa desses direitos, na construção da unidade entre os trabalhadores, na elevação da sua consciência política – incluindo na opção de voto - é fundamental. Não tenhamos dúvidas, se eles pudessem….mas não podem!


Mais artigos de: Opinião

O assalto ao Leste

Diz-se que na política não há coincidências. Não o foi certamente a realização pela UE em Praga, nas vésperas do 64.º aniversário da vitória sobre o nazi-fascismo, assinalado dia 9 de Maio nos países da antiga URSS, de duas iniciativas de monta na frente activa do Leste. A Cimeira da Parceria Oriental, reunida dia 7 de...

O painel, de novo

Em finais de Março demos aqui nota da visita oficial de José Sócrates e do seu ministro da Economia, Manuel Pinho, às instalações da Energie, na Póvoa do Varzim, com os dois governantes «apadrinhando explicitamente esta empresa como a escolhida para a produção de painéis necessários à captação de energia solar, essa...

Um voto consequente na defesa da Escola Pública

Nas últimas semanas, com o aproximar da data das eleições, Sócrates e outros dirigentes do PS têm insistido que as eleições para o Parlamento Europeu, tratando-se de um órgão supranacional, não são o espaço próprio para julgar a actividade governativa no plano nacional, motivo pelo qual a campanha deve desenvolver-se no terreno das políticas europeias e não das políticas nacionais.

<i>Tempo…</i>

«A Cimeira do Emprego a realizar em Maio de 2009 constituirá uma oportunidade para trocar opiniões sobre a questão de saber até que ponto as medidas de relançamento tomadas foram eficazes para apoiar o emprego».A citação é retirada das conclusões do Conselho Europeu da União Europeia de Março último. Documento de 22...

O desejado

Padrinhos não faltam. Alguns deles poderosos, como o Presidente da República e o representante do grande patronato. Reticências, só dos nubentes. Seguramente por conveniência táctica e necessidade de boa forma eleitoral.Não foi ao acaso que o PR escolheu a data solene do 25 de Abril para lançar o anúncio da necessidade...