Docentes rejeitaram lei do «biscate»
Um dia depois da aprovação pelo senado chileno da nova Lei Geral da Educação, milhares de professores realizaram uma greve geral contra a norma que, acusam, abre caminho ao exercício da docência como segunda profissão ou «biscate». A lei permite que qualquer profissional que tenha frequentado um mínimo de oito semestres numa universidade reconhecida pelo Estado possa leccionar cadeiras na área da sua especialidade.
Para além da paralisação, quinta-feira, dia 2, os docentes realizaram concentrações e protestos em diversas cidades. No centro da capital, Santiago do Chile, o presidente do Sindicato dos Professores, Jaime Gajardo, lembrou que a aprovação do diploma «não é a última palavra» e acrescentou que «se não escutaram antes os docentes, escutá-los-ão agora nas ruas».
Gajardo sustentou que a medida governamental não ataca os grandes problemas da educação no país e representa mesmo uma traição face às acções de massas que em 2006 reivindicaram junto de executivo de Michelle Bachelet uma reforma do sector. A descentralização de competências para os municípios e, sobretudo, a lógica de mercantilização do ensino agravam o panorama actual em claro benefício das instituições privadas, disse ainda.
Paralelamente aos professores, também os estudantes chilenos se uniram num protesto em Santiago. A iniciativa foi reprimida pela polícia com recurso a violentas cargas dos carabineros, gás lacrimogéneo e canhões de água. Cinco agentes ficaram feridos e um número não determinado de jovens foi detido em resultado dos confrontos.
Pela democracia, contra a exclusão
Numa apreciação à greve dos docentes, o Partido Comunista do Chile qualificou a mobilização dos professores como um grande êxito e considerou que na luta de massas e na unidade dos trabalhadores residem as chaves para resistir e avançar.
Em declarações divulgadas na página do PC do Chile, o presidente do partido, Guillermo Teillier, apelou igualmente à convergência dos vários sectores laborais na greve geral convocada pela Central Unitária de Trabalhadores (CUT) para hoje, dia 16.
A acção nacional pretende dar um claro sinal de rejeição popular às orientações que fazem recair sobre os trabalhadores as consequências da crise capitalista, e, simultaneamente, exigir a implementação de políticas sociais no quadro de um Estado democrático e sem exclusões.
Sobre este último aspecto, o parlamento chileno votou, no início do mês, um projecto cujo objectivo era eliminar da constituição um artigo que proíbe os sindicalistas e dirigentes de movimentos sociais de se candidatarem a deputados. A proposta obteve 60 votos favoráveis e 40 contra, mas acabou rejeitada uma vez que a sua aprovação exigia uma maioria qualificada de 70 votos.
Para Teillier, o chumbo da revisão do artigo 57 coloca como urgente «a continuação da luta, não apenas para levantar esta proibição, mas para acabar com a exclusão, alterar a correlação de forças no Congresso e, dessa forma, acabar definitivamente com as leis reaccionárias que atentam contra a democracia e o povo do Chile».
«Os direitos do povo e dos trabalhadores são mencionados na Constituição mas não são garantidos pelo Estado», contrariamente ao que acontece com os grandes empresários, aduziu.
No mesmo sentido pronunciou-se o presidente da CUT, Arturo Martínez, para quem a direita política demonstrou o seu ódio face aos dirigentes sindicais e sociais agarrando-se a uma Constituição herdada da ditadura de Pinochet, por isso acresce de razão a greve geral agendada pela central.
«Aos empresários ninguém os obriga a renunciar às suas empresas para serem candidatos, por isso o que fizeram [os deputados] foi perpetuar a segregação do mundo laboral, mostrando a sua opção de classe», concluiu Martínez.
Para além da paralisação, quinta-feira, dia 2, os docentes realizaram concentrações e protestos em diversas cidades. No centro da capital, Santiago do Chile, o presidente do Sindicato dos Professores, Jaime Gajardo, lembrou que a aprovação do diploma «não é a última palavra» e acrescentou que «se não escutaram antes os docentes, escutá-los-ão agora nas ruas».
Gajardo sustentou que a medida governamental não ataca os grandes problemas da educação no país e representa mesmo uma traição face às acções de massas que em 2006 reivindicaram junto de executivo de Michelle Bachelet uma reforma do sector. A descentralização de competências para os municípios e, sobretudo, a lógica de mercantilização do ensino agravam o panorama actual em claro benefício das instituições privadas, disse ainda.
Paralelamente aos professores, também os estudantes chilenos se uniram num protesto em Santiago. A iniciativa foi reprimida pela polícia com recurso a violentas cargas dos carabineros, gás lacrimogéneo e canhões de água. Cinco agentes ficaram feridos e um número não determinado de jovens foi detido em resultado dos confrontos.
Pela democracia, contra a exclusão
Numa apreciação à greve dos docentes, o Partido Comunista do Chile qualificou a mobilização dos professores como um grande êxito e considerou que na luta de massas e na unidade dos trabalhadores residem as chaves para resistir e avançar.
Em declarações divulgadas na página do PC do Chile, o presidente do partido, Guillermo Teillier, apelou igualmente à convergência dos vários sectores laborais na greve geral convocada pela Central Unitária de Trabalhadores (CUT) para hoje, dia 16.
A acção nacional pretende dar um claro sinal de rejeição popular às orientações que fazem recair sobre os trabalhadores as consequências da crise capitalista, e, simultaneamente, exigir a implementação de políticas sociais no quadro de um Estado democrático e sem exclusões.
Sobre este último aspecto, o parlamento chileno votou, no início do mês, um projecto cujo objectivo era eliminar da constituição um artigo que proíbe os sindicalistas e dirigentes de movimentos sociais de se candidatarem a deputados. A proposta obteve 60 votos favoráveis e 40 contra, mas acabou rejeitada uma vez que a sua aprovação exigia uma maioria qualificada de 70 votos.
Para Teillier, o chumbo da revisão do artigo 57 coloca como urgente «a continuação da luta, não apenas para levantar esta proibição, mas para acabar com a exclusão, alterar a correlação de forças no Congresso e, dessa forma, acabar definitivamente com as leis reaccionárias que atentam contra a democracia e o povo do Chile».
«Os direitos do povo e dos trabalhadores são mencionados na Constituição mas não são garantidos pelo Estado», contrariamente ao que acontece com os grandes empresários, aduziu.
No mesmo sentido pronunciou-se o presidente da CUT, Arturo Martínez, para quem a direita política demonstrou o seu ódio face aos dirigentes sindicais e sociais agarrando-se a uma Constituição herdada da ditadura de Pinochet, por isso acresce de razão a greve geral agendada pela central.
«Aos empresários ninguém os obriga a renunciar às suas empresas para serem candidatos, por isso o que fizeram [os deputados] foi perpetuar a segregação do mundo laboral, mostrando a sua opção de classe», concluiu Martínez.