Ilda Figueiredo sobre adesão à CEE

Portugal perdeu em toda a linha

A «aplicação das orientações e políticas comunitárias» pelos sucessivos governos, com a entrega aos grandes grupos económicos e financeiros de sectores estratégicos da nossa economia, constitui um dos factores mais importantes para a crise económica e social que se vive em Portugal. Esta foi a ideia-chave a partir da qual a eurodeputada comunista Ilda Figueiredo desenvolveu a sua intervenção na abertura das Jornadas Parlamentares do PCP, levando-a a concluir, em síntese, que «não foi Portugal que entrou na CEE, mas sim a CEE e os seus potentados económico-financeiros que entraram em Portugal, apropriando-se das nossas riquezas e utilizando a mão-de-obra barata».
Daí que, «em vez do bem-estar do povo e de uma economia para o interesse nacional, temos hoje uma economia cada vez mais subalterna e acessória das economias dos países desenvolvidos da União Europeia», sustentou, depois de ter feito notar que o PIB per capita português, actualmente, em paridades de poder de compra da EU, «está praticamente ao nível do que tínhamos aquando da adesão de Portugal à União Europeia».
«Hoje é inquestionável que temos menos indústria, menos pesca, menos agricultores e pescadores e uma muito maior dependência de importações de produtos alimentares e maquinarias», sublinhou Ilda Figueiredo, depois de ter identificado com clareza as principais linhas de orientação que conduziram o País à situação em que se encontra, num processo «acelerado pelo actual Governo PS».
«Foi em nome da criação do mercado interno, da livre concorrência e da dita Estratégia de Lisboa que destruíram o sector empresarial do Estado, privatizaram os sectores da energia, dos transportes, dos correios e telecomunicações, da banca, dos seguros e insistem na liberalização de serviços públicos essenciais, incluindo na prestação de cuidados de saúde», salientou, lembrando, por outro lado, que também «foi em nome das políticas da união económica e monetária, a que atrelaram Portugal sem ter em conta o desigual nível de desenvolvimento face a outros países da zona euro, que foi utilizado o Pacto de Estabilidade e as orientações do Banco Central Europeu, para impor políticas restritivas de cortes orçamentais em investimentos públicos, promover uma política de rendimentos e preços que agravou desigualdades sociais, justificou o congelamento de salários e a desvalorização de reformas e pensões, tornando o nosso país um dos mais desiguais da União Europeia e de piores índices de nível de vida».
À Política Agrícola Comum e à Política Comum de Pescas se referiu igualmente Ilda Figueiredo para recordar que foi em nome delas «que destruíram parte substancial da agricultura familiar e da pesca tradicional, aceitaram a redução de quotas de produção, como nas pescas ou o seu desmantelamento, como na produção de leite.
A eurodeputada comunista, que se recandidata encabeçando a lista da CDU às eleições do próximo dia 9 de Junho, assinalou por fim que foi «em nome da liberalização do comércio internacional, de acordos bilaterais da União Europeia com países terceiros e das negociações no âmbito da Organização Mundial do Comércio, aliados à política do euro forte que servia interesses da Alemanha e de outras grandes potências europeias, que deixaram definhar sectores industriais tradicionais e estratégicos, como o têxtil, vestuário e calçado, a cerâmica, a metalurgia, a indústria naval, entre outros».
A tudo isto acresceu, em sua opinião, «uma distribuição incorrecta de fundos comunitários, que não teve em conta a estrutura produtiva existente, que desprezou os micro, pequenos e médios empresários, que estrangulou o comércio tradicional, esqueceu cooperativas e associações de produtores, que deu prioridade ao apoio à instalação de multinacionais, as quais ou já abandonaram a região e o País logo que os apoios financeiros diminuíram, ou preparam-se para o fazer na melhor oportunidade».


Mais artigos de: Assembleia da República

Fazer a ruptura, vencer a crise

«A destruição do aparelho produtivo nacional das últimas décadas, que prosseguiu com o actual Governo do PS e conhece agora um novo surto, é uma das causas - se não a mais decisiva das causas -, do atraso relativo do País e do empobrecimento dos portugueses a que continuamos a assistir», considerou Jerónimo de Sousa, falando na abertura das Jornadas Parlamentares do PCP realizadas segunda e terça-feira, em Aveiro.

Esta política hipoteca o futuro do País

A subalternização das actividades produtivas é um dos factores que está na base da nossa crise económica e social, considerou Jerónimo de Sousa sublinhando que esta é uma das marcas mais fortes da política de direita que, advertiu, está «a hipotecar o futuro do País».A situação do aparelho produtivo nacional (cuja...

PCP chumba Governo

Segunda e terça-feira, nas Jornadas Parlamentares do PCP, em Aveiro, os deputados comunistas à Assembleia da República e ao Parlamento Europeu aprovaram medidas e propostas concretas para a defesa dos direitos dos trabalhadores, a melhoria das condições de vida e a dinamização da economia.