Jornadas Parlamentares do PCP, em Aveiro

Fazer a ruptura, vencer a crise

«A destruição do aparelho produtivo nacional das últimas décadas, que prosseguiu com o actual Governo do PS e conhece agora um novo surto, é uma das causas - se não a mais decisiva das causas -, do atraso relativo do País e do empobrecimento dos portugueses a que continuamos a assistir», considerou Jerónimo de Sousa, falando na abertura das Jornadas Parlamentares do PCP realizadas segunda e terça-feira, em Aveiro.

O salário e a reforma cada vez chegam para menos

Erigindo esta linha de ataque à categoria de «mancha mais negra da política de direita de sucessivos governos», apenas igualada pela «injusta distribuição do rendimento nacional que faz de Portugal o país mais desigual da União Europeia», o Secretário-geral do PCP responsabilizou o Governo PS pela actual crise económica e social, reiterou a necessidade de uma ruptura com este rumo e reafirmou a existência de «alternativas e soluções capazes de garantir um Portugal mais justo, mais solidário e mais desenvolvido».
A crise económica e social e a defesa do aparelho produtivo constitui de resto o tema forte a dominar os trabalhos que juntaram em Aveiro os deputados comunistas à Assembleia da República e ao Parlamento Europeu, unidos pela preocupação comum de tomar o pulso à realidade concreta do distrito, afinal em tudo idêntica à do resto do País. O que os levou nestes dois dias de intenso trabalho a uma multiplicidade de contactos, reuniões e visitas, abarcando os mais variados sectores de actividade, onde puderam recolher preciosas informações e experiências que se revelarão certamente da maior utilidade quando assumirem a qualidade de guias de acção e proposta na intervenção quotidiana dos deputados comunistas em Portugal e em Estrasburgo, em defesa do nosso aparelho produtivo e no combate à crise.
Crise que deu afinal o mote às Jornadas pela razão simples de que continua a ser o «principal elemento» presente no dia-a-dia da maioria dos portugueses, como lembrou Bernardino Soares, seja «porque o salário ou a reforma cada vez chegam para menos», seja porque «os direitos dos trabalhadores são espezinhados», seja porque «o custo do crédito e dos bens e serviços essenciais sufocam os orçamentos familiares ou das pequenas empresas».
Crise pela qual só este Governo, «com a cumplicidade dos anteriores», pode ser responsabilizado, como também lembrou o líder parlamentar comunista, frisando que «nem a crise internacional lhes pode servir de álibi, uma vez que já havia crise nacional antes de chegarem os efeitos da outra».
Por isso o apelo deixado na abertura das Jornadas pelo presidente da bancada comunista aos portugueses para que «estejam atentos à utilização das funções e do aparelho de Estado para fins de propaganda eleitoralista» por aqueles que «prometem para o futuro o que não fizeram nestes anos de Governo».
«Quanto mais o Governo PS tem consciência de que a sua política não corresponde ao que prometeu aos portugueses e muito menos ao que eles necessitam, mais tentará fazer o uso ilegítimo dos meios e das funções públicas», alertou Bernardino Soares, antevendo comportamentos indignos e antidemocráticos a partir de realidades já conhecidas como é o facto de o responsável pela máquina eleitoral do PS ser nem mais nem menos do que Vieira da Silva, «um dos principais ministros e logo aquele que tem a responsabilidade das respostas e apoios socais».


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