França regressa à NATO
Passados 43 anos da decisão do presidente Charles de Gaulle de desvincular a França do comando integrado da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), Nicolas Sarkozy anunciou, dia 11, que é chegado o momento de regressar ao «núcleo duro» da Aliança.
No discurso que pronunciou na Escola Militar em Paris, o actual chefe de Estado não evitou uma referência ao general, alegando que os tempos são outros: «Quem sabe o que teria feito hoje De Gaulle?»
Embora a pergunta não possa ter uma resposta cabal, a integração completa da França na NATO continua a ter opositores de peso não só em toda a chamada esquerda, como também nas fileiras da direita, destacando-se aqui as posições contrárias de dois ex-primeiros-ministros: Dominique de Villepin e Alain Juppé.
O primeiro, em entrevista ao Le Monde (16.03), qualifica a decisão como «uma ruptura política e simbólica». Embora reconhecendo que ao longo dos últimos anos «se têm tomado iniciativas para maximizar a contribuição da França ao funcionamento da NATO», este antigo primeiro-ministro sustenta que a Aliança «não deve tornar-se no braço armado do Ocidente» e considera que «o conceito de “guerra ao terrorismo” é uma aberração».
Villepin recorda a posição contrária da França em relação à agressão ao Iraque e defende a «vocação diplomática» gaulesa como «ponte entre o Ocidente e o Oriente, entre o Norte e o Sul», receando que o país perca agora a sua independência. «Teremos muito em breve a ocasião de verificar se somos capazes ou não de preservar uma posição original. Barack Obama decidiu aumentar a presença militar no Afeganistão. Saberemos nós fazer prevalecer a nossa própria visão?», interroga-se o político, notando que neste conflito «não há solução militar».
Tendo sido um dos membros fundadores da NATO em 1949, a França separou-se do seu comando militar em 7 de Março de 1966, data em que De Gaulle enviou uma carta ao presidente dos EUA, Lyndon Johnson, comunicando-lhe a decisão e intimando-o a retirar as bases militares norte-americanas do território francês.
Este património político é agora enjeitado por Sarkozy que evoca como principal motivo a ameaça terrorista, para logo a seguir acrescentar em bom estilo imperialista: «As crises que golpeiam o mundo afectam os nossos valores, os nossos interesses e a segurança dos franceses». «Não creio que o papel de uma grande potência (...) deva ficar a meio caminho».
No discurso que pronunciou na Escola Militar em Paris, o actual chefe de Estado não evitou uma referência ao general, alegando que os tempos são outros: «Quem sabe o que teria feito hoje De Gaulle?»
Embora a pergunta não possa ter uma resposta cabal, a integração completa da França na NATO continua a ter opositores de peso não só em toda a chamada esquerda, como também nas fileiras da direita, destacando-se aqui as posições contrárias de dois ex-primeiros-ministros: Dominique de Villepin e Alain Juppé.
O primeiro, em entrevista ao Le Monde (16.03), qualifica a decisão como «uma ruptura política e simbólica». Embora reconhecendo que ao longo dos últimos anos «se têm tomado iniciativas para maximizar a contribuição da França ao funcionamento da NATO», este antigo primeiro-ministro sustenta que a Aliança «não deve tornar-se no braço armado do Ocidente» e considera que «o conceito de “guerra ao terrorismo” é uma aberração».
Villepin recorda a posição contrária da França em relação à agressão ao Iraque e defende a «vocação diplomática» gaulesa como «ponte entre o Ocidente e o Oriente, entre o Norte e o Sul», receando que o país perca agora a sua independência. «Teremos muito em breve a ocasião de verificar se somos capazes ou não de preservar uma posição original. Barack Obama decidiu aumentar a presença militar no Afeganistão. Saberemos nós fazer prevalecer a nossa própria visão?», interroga-se o político, notando que neste conflito «não há solução militar».
Tendo sido um dos membros fundadores da NATO em 1949, a França separou-se do seu comando militar em 7 de Março de 1966, data em que De Gaulle enviou uma carta ao presidente dos EUA, Lyndon Johnson, comunicando-lhe a decisão e intimando-o a retirar as bases militares norte-americanas do território francês.
Este património político é agora enjeitado por Sarkozy que evoca como principal motivo a ameaça terrorista, para logo a seguir acrescentar em bom estilo imperialista: «As crises que golpeiam o mundo afectam os nossos valores, os nossos interesses e a segurança dos franceses». «Não creio que o papel de uma grande potência (...) deva ficar a meio caminho».