País de doutores – é mesmo este o nosso caso?
Os anos passam-se, o tempo vai andando… e perdendo-se. A nossa realidade confirma-se, estagna-se, deteriora-se mesmo muito. E isto bem para mal dos nossos pecados. Como soe dizer-se. E pior ainda que a deterioração, é o estar a consolidar-se progressivamente esse movimento de deterioração do nosso País. Aliás, deterioração agora cada vez mais à vista, mesmo que os responsáveis governamentais a procurem esconder, aproveitando-se dos efeitos negativos da depressão sobre uma absolutizada panaceia das exportações que foi preconizada para o nosso «desenvolvimento» - com efeito, estes senhores queixam-se da queda das exportações, mas quem erigiu estas como base do modelo económico de salvação da nossa sociedade, e mais a mais à custa de uma competitividade soldada em baixos salários? .
Lembro-me que, não há muito tempo, aí estava uma notícia, de tipo recorrente, desta feita referente ao estudo «Península Ibérica em Números». Um estudo elaborado pelos institutos nacionais de estatística de Portugal e Espanha, portanto, uma credível oportunidade para se voltar aqui ao assunto dos baixos salários. Fiz cópia e cola sobre a notícia que estava online, tendo, contudo, perdido a sua fonte e data de publicação exactas, sendo, no entanto, citados no texto do ficheiro que recuperei o nome do semanário Sol e da agência Lusa. A conclusão respigada do estudo era que - sem espanto para o autor destas linhas e penso que para a generalidade das pessoas - os «espanhóis são mais qualificados que os portugueses».
Assim, enquanto cerca de 1/3 dos empregadores e empregados em Espanha têm formação de nível superior, no nosso país de doutores o número correspondente anda pelos 15%. Isto é, um valor que mal se aproxima de metade do que se passa no país vizinho.
Por curiosidade, poderão considerar os leitores: Estes são valores agregados que não distinguem empresários e trabalhadores; já agora como se modifica a situação se considerarmos a desagregação destes números pelas duas categorias referidas? De facto, tais valores também vêm no ficheiro que compulsei para fazer este trabalho.
Indicam, para Espanha, 30% de empresários com um curso superior, um valor perto da média europeia, que está em 32%. Já no nosso País só 13% dispõem de um curso superior. Quanto aos trabalhadores, são 34% em Espanha e 16% em Portugal, portanto, valores pouco diferentes dos relativos aos empresários.
Este nível de formação dos agentes da nossa economia, num país que se confronta - por isso mesmo, como seria de esperar - com desigualdades enormes de rendimentos - os do trabalho versus os do capital, para além de que a situação ainda é mais nítida, visto serem muitos os que auferem, em simultâneo, rendimentos de capital e salários elevadíssimos, pelo que uma parcela substancial dos salários cabe ainda a estes mesmos -, desigualdades, pois, que se foram cavando já depois da entrada na UE e até à actualidade. Um agravar sobretudo devido ao «progresso» dos salários de topo.
Com efeito, mantendo ou mesmo diminuindo o volume de rendimentos totais, incluindo o salarial, em cada empresa de modo a que ela se mantenha competitiva, foi possível ir aumentando rapidamente os proventos de um topo que, à conta de dispor de custos de trabalho muito baixos alojados em bases piramidais muito alargadas. E por isso, de um modo geral, os empresários portugueses não tiveram de investir minimamente a sério em inovação de processos para aumentar a competitividade das suas empresas. Nunca precisou assim o nosso empresariado que os seus trabalhadores fossem mais produtivos. Antes pelo contrário, com tenacidade lutou para que tal caminho não fosse encetado - na verdade, viram sempre no caminho do aumento da produtividade laboral um factor profundamente em contradição com a melhoria, ou sequer com a manutenção da competitividade e, portanto, da capacidade de exportação. No limite, a busca do aumento de produtividade poderia conduzir à falência, à insolvabilidade de grande parte do nosso tecido económico, ao desemprego! O que é suficiente para o medo resultante ajudar decisivamente a fazer abortar qualquer mudança…
É esta aliás a conclusão que se pode retirar das actuações da grande parte dos responsáveis políticos e económicos. Então, a conclusão é que não há nada a fazer.
Vedes, leitores, a caminhada que está pela nossa frente, caso houvesse uma correlação de forças em favor de interessados em favor de um real interesse em sair do atoleiro em que cada vez mais o nosso País se vai enterrando?
Lembro-me que, não há muito tempo, aí estava uma notícia, de tipo recorrente, desta feita referente ao estudo «Península Ibérica em Números». Um estudo elaborado pelos institutos nacionais de estatística de Portugal e Espanha, portanto, uma credível oportunidade para se voltar aqui ao assunto dos baixos salários. Fiz cópia e cola sobre a notícia que estava online, tendo, contudo, perdido a sua fonte e data de publicação exactas, sendo, no entanto, citados no texto do ficheiro que recuperei o nome do semanário Sol e da agência Lusa. A conclusão respigada do estudo era que - sem espanto para o autor destas linhas e penso que para a generalidade das pessoas - os «espanhóis são mais qualificados que os portugueses».
Assim, enquanto cerca de 1/3 dos empregadores e empregados em Espanha têm formação de nível superior, no nosso país de doutores o número correspondente anda pelos 15%. Isto é, um valor que mal se aproxima de metade do que se passa no país vizinho.
Por curiosidade, poderão considerar os leitores: Estes são valores agregados que não distinguem empresários e trabalhadores; já agora como se modifica a situação se considerarmos a desagregação destes números pelas duas categorias referidas? De facto, tais valores também vêm no ficheiro que compulsei para fazer este trabalho.
Indicam, para Espanha, 30% de empresários com um curso superior, um valor perto da média europeia, que está em 32%. Já no nosso País só 13% dispõem de um curso superior. Quanto aos trabalhadores, são 34% em Espanha e 16% em Portugal, portanto, valores pouco diferentes dos relativos aos empresários.
Este nível de formação dos agentes da nossa economia, num país que se confronta - por isso mesmo, como seria de esperar - com desigualdades enormes de rendimentos - os do trabalho versus os do capital, para além de que a situação ainda é mais nítida, visto serem muitos os que auferem, em simultâneo, rendimentos de capital e salários elevadíssimos, pelo que uma parcela substancial dos salários cabe ainda a estes mesmos -, desigualdades, pois, que se foram cavando já depois da entrada na UE e até à actualidade. Um agravar sobretudo devido ao «progresso» dos salários de topo.
Com efeito, mantendo ou mesmo diminuindo o volume de rendimentos totais, incluindo o salarial, em cada empresa de modo a que ela se mantenha competitiva, foi possível ir aumentando rapidamente os proventos de um topo que, à conta de dispor de custos de trabalho muito baixos alojados em bases piramidais muito alargadas. E por isso, de um modo geral, os empresários portugueses não tiveram de investir minimamente a sério em inovação de processos para aumentar a competitividade das suas empresas. Nunca precisou assim o nosso empresariado que os seus trabalhadores fossem mais produtivos. Antes pelo contrário, com tenacidade lutou para que tal caminho não fosse encetado - na verdade, viram sempre no caminho do aumento da produtividade laboral um factor profundamente em contradição com a melhoria, ou sequer com a manutenção da competitividade e, portanto, da capacidade de exportação. No limite, a busca do aumento de produtividade poderia conduzir à falência, à insolvabilidade de grande parte do nosso tecido económico, ao desemprego! O que é suficiente para o medo resultante ajudar decisivamente a fazer abortar qualquer mudança…
É esta aliás a conclusão que se pode retirar das actuações da grande parte dos responsáveis políticos e económicos. Então, a conclusão é que não há nada a fazer.
Vedes, leitores, a caminhada que está pela nossa frente, caso houvesse uma correlação de forças em favor de interessados em favor de um real interesse em sair do atoleiro em que cada vez mais o nosso País se vai enterrando?