Trabalhadores peruanos cerram protestos
Camponeses e trabalhadores do Peru aumentam o protesto contra a repressão e a política neoliberal do governo. O presidente, Alan García, responde com a assinatura do Tratado de Livre Comércio com os EUA.
«Alan García converteu-se no presidente dos ricos», diz a CGTP
Milhares de camponeses peruanos estão em greve contra a privatização dos recursos hídricos no país. Os agricultores exigem a revogação do decreto legislativo 1081, que abre caminho à entrega da captação e distribuição da água dos canais de rega a empresas privadas, e reclamam a aprovação de uma norma que coloque nas mãos das estruturas locais a administração daquele bem público.
O protesto junta algumas das mais significativas organizações camponesas, como a Junta de Usufrutuários da Rega, a Convenção Nacional de Agricultores e Confederação Nacional Agrária e está convocado por tempo indeterminado. Enquanto o executivo não recuar na sua sanha privatizadora, os camponeses vão manter as concentrações, bloqueios de estradas e de vias férreas que vêm ocorrendo em diversas regiões, isto apesar da violência policial que a mando do governo procura abafar as acções das populações rurais.
Já na capital, Lima, milhares de trabalhadores concentraram-se, quarta-feira, dia 14, para exigir o fim das perseguições políticas e judiciais contra diversos membros e activistas da esquerda peruana, entre os quais dirigentes do Partido Comunista Peruano, do Partido Comunista do Peru – Pátria Roja, da Coordenadora Política e Social e da Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru (CGTP). Os participantes também reclamaram a imediata libertação de Buenaventura Vera, dirigente do Sindicato da Construção Civil de Lima, detido pelas autoridades. Na manifestação convocada por aquelas organizações, pelo Partido Nacionalista Peruano (PNP), pela Confederação Unitária dos Trabalhadores (CUT) e por diversas estruturas sindicais sectoriais, denunciou-se ainda falência da política de direita e a privatização dos recursos hídricos e apelou-se à solidariedade para com a luta dos trabalhadores do sector primário.
Na iniciativa, Mario Huamán, secretário-geral da CGTP, sublinhou que «Alan García converteu-se no presidente dos ricos. A qualquer sinal de oposição responde com perseguição política e judicial, violando as liberdades democráticas». Huamán referia-se explicitamente ao processo movido contra 13 dirigentes políticos e laborais acusados de «terrorismo» e de manterem contactos com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).
Para o líder da central sindical, García não admite que se coloque em causa o governo, no entanto, acrescentou, caso insista «na orientação económica e social neoliberal, nas privatizações e precarização das relações laborais, continuará a ter que enfrentar a mobilização dos amplos sectores populares».
Crimes contra o povo
A par dos protestos contra a política de direita, no Peru continuam a vir à tona denúncias de tortura, assassinatos e espionagem levados a cabo por militares e polícias, pelos serviços secretos e por empresas de segurança a soldo de multinacionais a operarem no país.
Dados divulgados nos últimos dias provam que 28 camponeses e quatro jornalistas foram sequestrados e torturados, em 2005, na sequência de um protesto junto às instalações da mineira Majaz, propriedade Monterrico Metals. Na altura, o procurador, Félix Toledo, deslocou-se à província de Piura para averiguar os factos, mas acabou por absolver polícias e mercenários pagos pela transnacional, e indiciou os manifestantes por danos provocados na normal laboração da empresa e actos de terrorismo.
Ainda na semana passada, dois polícias foram acusados da morte de dois camponeses durante uma greve realizada na cidade de Ayacucho, em Fevereiro de 2008, e, no âmbito do mesmo protesto, de um outro agricultor durante um bloqueio de estrada na localidade de Barranca. As conclusões da comissão de investigação parlamentar contradizem as do governo, que havia ilibado os polícias pela morte dos populares. Entre os responsáveis implicados pelos deputados estão ainda Luis Alva, ex-ministro do Interior do governo de Alan García, e o general Octavio Salazar, ex-chefe das forças da autoridade e actual responsável pela segurança da embaixada do Peru nos EUA.
Segundo a imprensa peruana, a estes juntam-se casos de espionagem dos serviços secretos e da armada a políticos, empresários e jornalistas. Teme-se o ressurgimento do paramilitarismo dos tempos do ex-presidente Alberto Fujimori.
Domínio económico
Entretanto, e após a modificação de mais de uma centena de leis para esse fim, Alan García assinou com o homólogo George W. Bush o Tratado de Livre Comércio, o qual entrará em vigor a partir do próximo dia 1 de Fevereiro.
Numa primeira fase, até à eliminação total das taxas alfandegárias, as empresas dos EUA passam a gozar de isenção de impostos para 80 por cento dos seus produtos manufacturados e para dois terços dos bens alimentares. A propriedade intelectual e os investimentos norte-americanos passam igualmente a estar fortemente protegidos.
Do lado do Peru, o TLC terá consequências nefastas quer no sector da indústria quer no sector agrícola, uma vez que a capacidade competitiva da produção nacional face à da potência capitalista do Norte é de enorme debilidade, argumenta a oposição. Milhares de postos de trabalho podem desaparecer nos próximos anos, sustentam.
Ao nível regional, o TLC com o Peru, tal como o acordo semelhante com a Colômbia, visa dividir a Comunidade Andina de Nações e obstaculizar as relações comerciais e de cooperação entre países da América Latina.
O protesto junta algumas das mais significativas organizações camponesas, como a Junta de Usufrutuários da Rega, a Convenção Nacional de Agricultores e Confederação Nacional Agrária e está convocado por tempo indeterminado. Enquanto o executivo não recuar na sua sanha privatizadora, os camponeses vão manter as concentrações, bloqueios de estradas e de vias férreas que vêm ocorrendo em diversas regiões, isto apesar da violência policial que a mando do governo procura abafar as acções das populações rurais.
Já na capital, Lima, milhares de trabalhadores concentraram-se, quarta-feira, dia 14, para exigir o fim das perseguições políticas e judiciais contra diversos membros e activistas da esquerda peruana, entre os quais dirigentes do Partido Comunista Peruano, do Partido Comunista do Peru – Pátria Roja, da Coordenadora Política e Social e da Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru (CGTP). Os participantes também reclamaram a imediata libertação de Buenaventura Vera, dirigente do Sindicato da Construção Civil de Lima, detido pelas autoridades. Na manifestação convocada por aquelas organizações, pelo Partido Nacionalista Peruano (PNP), pela Confederação Unitária dos Trabalhadores (CUT) e por diversas estruturas sindicais sectoriais, denunciou-se ainda falência da política de direita e a privatização dos recursos hídricos e apelou-se à solidariedade para com a luta dos trabalhadores do sector primário.
Na iniciativa, Mario Huamán, secretário-geral da CGTP, sublinhou que «Alan García converteu-se no presidente dos ricos. A qualquer sinal de oposição responde com perseguição política e judicial, violando as liberdades democráticas». Huamán referia-se explicitamente ao processo movido contra 13 dirigentes políticos e laborais acusados de «terrorismo» e de manterem contactos com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).
Para o líder da central sindical, García não admite que se coloque em causa o governo, no entanto, acrescentou, caso insista «na orientação económica e social neoliberal, nas privatizações e precarização das relações laborais, continuará a ter que enfrentar a mobilização dos amplos sectores populares».
Crimes contra o povo
A par dos protestos contra a política de direita, no Peru continuam a vir à tona denúncias de tortura, assassinatos e espionagem levados a cabo por militares e polícias, pelos serviços secretos e por empresas de segurança a soldo de multinacionais a operarem no país.
Dados divulgados nos últimos dias provam que 28 camponeses e quatro jornalistas foram sequestrados e torturados, em 2005, na sequência de um protesto junto às instalações da mineira Majaz, propriedade Monterrico Metals. Na altura, o procurador, Félix Toledo, deslocou-se à província de Piura para averiguar os factos, mas acabou por absolver polícias e mercenários pagos pela transnacional, e indiciou os manifestantes por danos provocados na normal laboração da empresa e actos de terrorismo.
Ainda na semana passada, dois polícias foram acusados da morte de dois camponeses durante uma greve realizada na cidade de Ayacucho, em Fevereiro de 2008, e, no âmbito do mesmo protesto, de um outro agricultor durante um bloqueio de estrada na localidade de Barranca. As conclusões da comissão de investigação parlamentar contradizem as do governo, que havia ilibado os polícias pela morte dos populares. Entre os responsáveis implicados pelos deputados estão ainda Luis Alva, ex-ministro do Interior do governo de Alan García, e o general Octavio Salazar, ex-chefe das forças da autoridade e actual responsável pela segurança da embaixada do Peru nos EUA.
Segundo a imprensa peruana, a estes juntam-se casos de espionagem dos serviços secretos e da armada a políticos, empresários e jornalistas. Teme-se o ressurgimento do paramilitarismo dos tempos do ex-presidente Alberto Fujimori.
Domínio económico
Entretanto, e após a modificação de mais de uma centena de leis para esse fim, Alan García assinou com o homólogo George W. Bush o Tratado de Livre Comércio, o qual entrará em vigor a partir do próximo dia 1 de Fevereiro.
Numa primeira fase, até à eliminação total das taxas alfandegárias, as empresas dos EUA passam a gozar de isenção de impostos para 80 por cento dos seus produtos manufacturados e para dois terços dos bens alimentares. A propriedade intelectual e os investimentos norte-americanos passam igualmente a estar fortemente protegidos.
Do lado do Peru, o TLC terá consequências nefastas quer no sector da indústria quer no sector agrícola, uma vez que a capacidade competitiva da produção nacional face à da potência capitalista do Norte é de enorme debilidade, argumenta a oposição. Milhares de postos de trabalho podem desaparecer nos próximos anos, sustentam.
Ao nível regional, o TLC com o Peru, tal como o acordo semelhante com a Colômbia, visa dividir a Comunidade Andina de Nações e obstaculizar as relações comerciais e de cooperação entre países da América Latina.