Cadeias encerram no Reino Unido

Comércio a pique

As últimas lojas da famosa cadeia de supermercados britânica Woolworths encerraram na segunda-feira, dia 5, após o grupo ter sido colocado sob administração judicial em Novembro passado.

Em 2008 fecharam as portas 29 cadeias comerciais

A falência da Woolworths, que implicou o encerramento de mais de 800 lojas e a extinção de 30 mil postos de trabalho, é até ao momento o exemplo mais expressivo da profunda crise económica que se abateu sobre a grande distribuição do Reino Unido. Contudo, não é caso único. Em 2008, registou-se a falência de 29 cadeias de distribuição britânicas e no ano que agora começa avolumam-se os sinais de que outros gigantes do comércio poderão cair por terra, arrastando consigo um sector chave que emprega cerca de três milhões de pessoas.
Estas são as perspectivas negras da federação dos comerciantes (British Retail Consortium), que acaba de atravessar a pior época de Natal jamais conhecida. Para atrair os poucos compradores, as lojas esticaram ao máximo as promoções, oferecendo descontos até 90 por cento, segundo relata o jornal Le Monde (06.01).
E se estas medidas desesperadas permitiram algum movimento nas caixas, tal foi obtido à custa das margens comerciais, o que não contribuiu para a recuperação financeira de muitos grupos fragilizados.
Entre estes estão nomes conhecidos de multinacionais da distribuição como Marks & Spencer, Debenhams, Home Retail Group e Next. Durante o mês de Janeiro espera-se a falência de mais uma dezena de empresas médias, com redes de 100 a 250 lojas, em especial no ramo dos electrodomésticos, informática e mobiliário. Até ao final do ano, 440 cadeias poderão desaparecer. Mesmo as lojas de luxo como a Mulberry ou a Chanel UK não estão imunes à crise.
O desemprego crescente, que estes encerramentos irão agravar, a indisponibilidade de crédito, a subida dos produtos alimentares e dos transportes públicos e a desvalorização da libra, que perdeu 25 por cento do seu valor e está hoje perto da paridade com o euro, são factores que diminuíram fortemente o poder de compra dos britânicos.
A redução do IVA aplicada pelo governo trabalhista ou a descida dos preços dos combustíveis não parecem ter surtido efeito no relançamento do consumo. Pelo contrário, as medidas de austeridade determinadas pela necessidade de reduzir custos irão contrair ainda mais a procura e aprofundar a crise.
Durante o presente ano, prevê-se que sejam destruídos 600 mil postos de trabalho em todo o país, um terço dos quais no sector da distribuição. Neste quadro, o plano de criação de 100 mil novos empregos anunciado, dia 22 de Dezembro, pelo primeiro-ministro Gordon Brown, afigura-se limitado face à rápida deterioração da economia.


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