Mudar de política
O Governo do PS, à semelhança dos antecessores, não apoia a indústria e os sectores produtivos do País, e cerca de 300 empresas encerraram no distrito de Leiria nos últimos cinco anos.
«O Governo não defende a indústria nacional», afirmou ao Avante! Filipe Rodrigues, membro da Direcção da Organização Regional de Leiria do PCP (DORLEI) e responsável pela Comissão Distrital de Empresas e Locais de Trabalho. No caso específico de Leiria, um distrito onde pontifica a indústria tradicional – como a cristalaria e o vidro – marcada pela mão-de-obra intensiva e por elevados custos de produção, cerca de 300 empresas encerraram nos últimos cinco anos.
Entre elas, encontravam-se importantes unidades produtivas, como a Secla (que mandou 220 trabalhadores para o desemprego apesar de não ter quaisquer dívidas, como testemunhou Filipe Rodrigues), a Dâmaso, a Pastoret, a La Faubourg, a Raul da Bernarda, a Marividros, a Canividro, a Mortensen ou a Vitroibérica, encerrada apenas quatro meses depois de abrir as portas e onde os trabalhadores se mantêm em luta em defesa dos seus direitos, defendendo as máquinas e reclamando os seus créditos.
Numa iniciativa realizada pela DORLEI em Outubro, o PCP visitou um conjunto de empresas encerradas no distrito, apontando responsabilidades e propondo caminhos alternativos. Como afirmou o PCP numa conferência de imprensa de apresentação da iniciativa, «são possíveis políticas que promovam a defesa e afirmação do aparelho produtivo regional». Mas para isso, há que o assumir como o «motor do crescimento económico e do emprego da região, com medidas que aproveitem as potencialidades e o vasto saber regional nos mais diversos sectores».
O PCP defende, nomeadamente: a aplicação de programas específicos de apoio à valorização e desenvolvimento da produção, com incentivos à modernização e valorização tecnológica; a canalização prioritária e preferencial dos apoios do QREN para as pequenas e médias empresas; o desenvolvimento por parte do Estado de medidas que visem o aumento da produtividade e da competitividade; a aplicação urgente de uma política de redução dos custos energéticos à indústria.
Em risco continuam os postos de trabalho em muitas outras empresas, como a Fapor ou a Val Sol Cerâmicas (onde os trabalhadores estão com salários em atraso há meses). Também na Bordalo Pinheiro, a incerteza paira sobre os trabalhadores.
Governo incentiva patronato
Outra das críticas dos comunistas à política do Governo prende-se com as leis laborais, que facilitam a vida ao patronato, quando se trata de explorar e de despedir. Além do mais, as propostas governamentais servem-lhe, também, de inspiração.
Nas empresas do sector automóvel, por exemplo, a «crise internacional» é utilizada como pretexto para intensificar a exploração. Na Keyplastics, os trabalhadores temporários estão a ser despedidos, assim como alguns contratados. O «banco de horas» (inscrito no Código de Trabalho do PS, que ainda não está em vigor) é já aplicado para as paragens de produção. Os turnos estão a ser reduzidos e está a ser solicitado aos trabalhadores o gozo das férias de 2009 nos períodos de paragem.
Também noutros sectores são já aplicadas medidas constantes no Código do Trabalho do PS, denunciam Filipe Rodrigues e Vítor Conceição. Sobretudo no que respeita aos horários de trabalho e ao não pagamento suplementar do trabalho extraordinário.
Para Filipe Rodrigues, se existem, por um lado, sectores em que os trabalhadores apresentam grande unidade e disponibilidade para a luta, há outros em que a consciência social está ainda pouco consolidada e em que a «venda» de direitos é ainda encarada como «solução» para a defesa do emprego. Daí ser necessário, concordam os dois comunistas, prosseguir e intensificar o contacto e a intervenção do Partido junto dos trabalhadores do distrito.
A mensagem dos comunistas
Um apelo à organização e à luta
«Um apelo à organização e à luta.» É desta forma que Filipe Rodrigues resume o conteúdo da acção do PCP junto dos trabalhadores do distrito de Leiria. Em alguns casos, valorizou, a intervenção do Partido foi fundamental para apontar caminhos vitoriosos.
Na Bordalo Pinheiro, por exemplo, os trabalhadores estiveram dois meses com salários em atraso e, a dada altura, a administração propôs a suspensão dos contratos. O PCP interveio prontamente, incentivando os trabalhadores a prosseguir com a luta em defesa dos direitos e dos postos de trabalho.
Num comunicado de Abril de 2008, a Comissão Concelhia das Caldas da Rainha alertava que «a cessação do contrato de trabalho só com a carta para o subsídio de desemprego e sem qualquer indemnização» serve «na íntegra os interesses da empresa». A partir deste momento, mais ninguém aderiu a esse acordo, realçou o dirigente comunista.
Mas o patronato não desiste do despedimento de dezenas de trabalhadores e, em nota de dia 29 de Dezembro, a Comissão Concelhia alerta os trabalhadores para a «necessidade de estarem atentos, unidos o mobilizados», renovando o apelo à criação de um movimento de defesa da Bordalo Pinheiro e dos mais de 150 postos de trabalho.
Na SPAL, em Alcobaça, a empresa tentou despedir trabalhadores, alegando necessidades de «reestruturação». Num comunicado de Outubro de 2008, a Direcção da Organização Regional de Leiria do PCP realçava que «já não bastavam os magros salários, agora a administração da empresa quer despedir a baixo custo, sugerindo a alguns trabalhadores para rescindirem por valores abaixo do estipulado por lei». E logo apelou aos trabalhadores para que «não se deixem enganar» e para que se «unam e organizem». «O que os trabalhadores devem exigir é o posto de trabalho com direitos e melhores salários. Se a empresa quer despedir, ela que assuma a responsabilidade.»
O comunicado foi distribuído aos trabalhadores numa acção que contou com a presença do deputado do Grupo Parlamentar do PCP, Bruno Dias. «Mais ninguém assinou e a empresa desistiu de despedir», afirmou Filipe Rodrigues.
Na Ciprol, em meados do ano, e na sequência da realização de um plenário e da eleição de uma Comissão Sindical mandatada para iniciar um processo negocial, a administração retaliou retirando o prémio de assiduidade de 30 euros a todos os trabalhadores que participaram no plenário. Ao lado dos trabalhadores e do sindicato, os comunistas exigiram o respeito pelos direitos. Também esta luta deu frutos: o subsídio foi reposto e os trabalhadores ganharam consciência da sua força.
Em muitas outras empresas, por acção dos comunistas, os trabalhadores começam a organizar-se para resistir e lutar. Realizam-se plenários, elegem-se representantes sindicais, resiste-se à repressão patronal.
Entre elas, encontravam-se importantes unidades produtivas, como a Secla (que mandou 220 trabalhadores para o desemprego apesar de não ter quaisquer dívidas, como testemunhou Filipe Rodrigues), a Dâmaso, a Pastoret, a La Faubourg, a Raul da Bernarda, a Marividros, a Canividro, a Mortensen ou a Vitroibérica, encerrada apenas quatro meses depois de abrir as portas e onde os trabalhadores se mantêm em luta em defesa dos seus direitos, defendendo as máquinas e reclamando os seus créditos.
Numa iniciativa realizada pela DORLEI em Outubro, o PCP visitou um conjunto de empresas encerradas no distrito, apontando responsabilidades e propondo caminhos alternativos. Como afirmou o PCP numa conferência de imprensa de apresentação da iniciativa, «são possíveis políticas que promovam a defesa e afirmação do aparelho produtivo regional». Mas para isso, há que o assumir como o «motor do crescimento económico e do emprego da região, com medidas que aproveitem as potencialidades e o vasto saber regional nos mais diversos sectores».
O PCP defende, nomeadamente: a aplicação de programas específicos de apoio à valorização e desenvolvimento da produção, com incentivos à modernização e valorização tecnológica; a canalização prioritária e preferencial dos apoios do QREN para as pequenas e médias empresas; o desenvolvimento por parte do Estado de medidas que visem o aumento da produtividade e da competitividade; a aplicação urgente de uma política de redução dos custos energéticos à indústria.
Em risco continuam os postos de trabalho em muitas outras empresas, como a Fapor ou a Val Sol Cerâmicas (onde os trabalhadores estão com salários em atraso há meses). Também na Bordalo Pinheiro, a incerteza paira sobre os trabalhadores.
Governo incentiva patronato
Outra das críticas dos comunistas à política do Governo prende-se com as leis laborais, que facilitam a vida ao patronato, quando se trata de explorar e de despedir. Além do mais, as propostas governamentais servem-lhe, também, de inspiração.
Nas empresas do sector automóvel, por exemplo, a «crise internacional» é utilizada como pretexto para intensificar a exploração. Na Keyplastics, os trabalhadores temporários estão a ser despedidos, assim como alguns contratados. O «banco de horas» (inscrito no Código de Trabalho do PS, que ainda não está em vigor) é já aplicado para as paragens de produção. Os turnos estão a ser reduzidos e está a ser solicitado aos trabalhadores o gozo das férias de 2009 nos períodos de paragem.
Também noutros sectores são já aplicadas medidas constantes no Código do Trabalho do PS, denunciam Filipe Rodrigues e Vítor Conceição. Sobretudo no que respeita aos horários de trabalho e ao não pagamento suplementar do trabalho extraordinário.
Para Filipe Rodrigues, se existem, por um lado, sectores em que os trabalhadores apresentam grande unidade e disponibilidade para a luta, há outros em que a consciência social está ainda pouco consolidada e em que a «venda» de direitos é ainda encarada como «solução» para a defesa do emprego. Daí ser necessário, concordam os dois comunistas, prosseguir e intensificar o contacto e a intervenção do Partido junto dos trabalhadores do distrito.
A mensagem dos comunistas
Um apelo à organização e à luta
«Um apelo à organização e à luta.» É desta forma que Filipe Rodrigues resume o conteúdo da acção do PCP junto dos trabalhadores do distrito de Leiria. Em alguns casos, valorizou, a intervenção do Partido foi fundamental para apontar caminhos vitoriosos.
Na Bordalo Pinheiro, por exemplo, os trabalhadores estiveram dois meses com salários em atraso e, a dada altura, a administração propôs a suspensão dos contratos. O PCP interveio prontamente, incentivando os trabalhadores a prosseguir com a luta em defesa dos direitos e dos postos de trabalho.
Num comunicado de Abril de 2008, a Comissão Concelhia das Caldas da Rainha alertava que «a cessação do contrato de trabalho só com a carta para o subsídio de desemprego e sem qualquer indemnização» serve «na íntegra os interesses da empresa». A partir deste momento, mais ninguém aderiu a esse acordo, realçou o dirigente comunista.
Mas o patronato não desiste do despedimento de dezenas de trabalhadores e, em nota de dia 29 de Dezembro, a Comissão Concelhia alerta os trabalhadores para a «necessidade de estarem atentos, unidos o mobilizados», renovando o apelo à criação de um movimento de defesa da Bordalo Pinheiro e dos mais de 150 postos de trabalho.
Na SPAL, em Alcobaça, a empresa tentou despedir trabalhadores, alegando necessidades de «reestruturação». Num comunicado de Outubro de 2008, a Direcção da Organização Regional de Leiria do PCP realçava que «já não bastavam os magros salários, agora a administração da empresa quer despedir a baixo custo, sugerindo a alguns trabalhadores para rescindirem por valores abaixo do estipulado por lei». E logo apelou aos trabalhadores para que «não se deixem enganar» e para que se «unam e organizem». «O que os trabalhadores devem exigir é o posto de trabalho com direitos e melhores salários. Se a empresa quer despedir, ela que assuma a responsabilidade.»
O comunicado foi distribuído aos trabalhadores numa acção que contou com a presença do deputado do Grupo Parlamentar do PCP, Bruno Dias. «Mais ninguém assinou e a empresa desistiu de despedir», afirmou Filipe Rodrigues.
Na Ciprol, em meados do ano, e na sequência da realização de um plenário e da eleição de uma Comissão Sindical mandatada para iniciar um processo negocial, a administração retaliou retirando o prémio de assiduidade de 30 euros a todos os trabalhadores que participaram no plenário. Ao lado dos trabalhadores e do sindicato, os comunistas exigiram o respeito pelos direitos. Também esta luta deu frutos: o subsídio foi reposto e os trabalhadores ganharam consciência da sua força.
Em muitas outras empresas, por acção dos comunistas, os trabalhadores começam a organizar-se para resistir e lutar. Realizam-se plenários, elegem-se representantes sindicais, resiste-se à repressão patronal.