Professores unidos contra a prepotência

Suspender a avaliação

Depois de terem cumprido a maior greve da história dos professores portugueses, os docentes repudiaram o Estatuto da carreira numa vigília, em Lisboa, nos dias 4 e 5, e vão prosseguir a luta até à suspensão do modelo de avaliação.

«Se o mo­delo não é bom, porque o querem aplicar este ano?»

No segundo dia de vigília, Mário Nogueira revelou ao Avante! como os representantes dos professores receberam, «com estranheza, a afirmação da ministra ao reconhecer que o modelo actual de avaliação deve ser substituído, mas, por outro lado, disse que, este ano, ele é para aplicar». «Se não é bom, por que é que tem de ser aplicado este ano?», questionou o porta-voz da Plataforma Sindical dos Professores e secretário-geral da Fenprof.
Por outro lado, «não é possível substituir o modelo de avaliação sem alterar o Estatuto da Carreira Docente, porque está lá consagrada a avaliação, em grande pormenor, e porque contém parâmetros que vão além da própria avaliação mas que a condicionam», considerou.
A vigília foi assegurada, faseadamente, por dirigentes e activistas sindicais das regiões de Lisboa, do Centro, do Sul e do Norte, que foram intervindo e expondo as suas posições e a situação da luta em cada zona do País, num ambiente de grande fraternidade e confiança, onde nunca faltou a música popular e de intervenção.
No primeiro dia de protesto, as estruturas sindicais fizeram chegar à Assembleia da República uma petição para que o plenário tome posição sobre a prova de ingresso.

Com­bater a tei­mosia

Um dia depois da vigília, a Plataforma Sindical dos Professores divulgou um comunicado para avisar os docentes de que, na reunião com a tutela, agendada para dia 15, segundo declarações do secretário de Estado da Educação, «não estará em cima da mesa a possibilidade de suspender o actual modelo de avaliação que, para os sindicatos, «já está suspenso» nas escolas.
Os docentes recordaram que demonstraram boa fé negocial ao terem anunciado a suspensão das greves regionais que estavam marcadas para esta semana, mas «se a opção do ME for a de eternizar o confronto, então terá de assumir as responsabilidades inerentes a quem impede que as escolas, este ano, funcionem com tranquilidade», avisou a Plataforma.
Dia 15, no ME, os professores vão reunir para decidirem «uma proposta alternativa, de solução transitória de avaliação, para este ano, que tornará pública nesse dia, provando que há soluções de maior qualidade para o ano em curso, que não passam pelo modelo actual».
Continua agendada, para o início do segundo período lectivo, uma «Jornada Nacional de Reflexão, para debate e construção do modelo de avaliação alternativo dos professores e a definição de um novo Estatuto da Carreira Docente».
Para 19 de Janeiro continua marcada uma greve nacional, na data em que perfazem dois anos sobre a publicação do ECD, contra o qual será entregue, na Assembleia da República, um abaixo-assinado

A maior greve de sempre

Depois da maior manifestação de sempre da classe docente, a histórica adesão à greve nacional, de dia 3, bem acima dos 90 por cento, confirmou a unidade e a determinação na luta pela suspensão do modelo de avaliação de desempenho que o Governo PS pretende impor.
Ao saudar, em nome da Plataforma Sindical dos Professores, todos os que aderiram ao protesto,
Mário Nogueira, em conferência de imprensa, afirmou que «os professores estão mais fortes e unidos do que nunca».
Ao salientar que os docentes querem ser verdadeiramente avaliados, o dirigente sindical reiterou total disponibilidade da Plataforma para negociar, desde que o actual modelo seja suspenso.
Também o PCP, numa nota de imprensa de dia 3, saudou a forte participação na luta e considerou que o único caminho possível para trazer de volta a estabilidade ao funcionamento das escolas é o Governo, «de forma séria, iniciar um processo negocial que conduza a um outro modelo de avaliação justo» e à suspensão do actual.


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