Estudantes fartos das promessas do Governo

Em luta por uma escola publica

Milhares de estudantes do ensino básico e secundário manifestaram-se, quinta-feira, em várias cidades do País, contra as políticas do Ministério da Educação.

Provou-se que a massa es­tu­dantil con­tinua unida

Em Viseu, os protestos ficaram marcados por graves incidentes. Segundo os estudantes, a polícia, destacada para o local, lançou gás pimenta contra os cerca de dois mil manifestantes e rasgou alguns cartazes. «Muitos alunos ficaram a tossir e tiveram que recuar», comentou, à Lusa, Maria Isabel Quaresma. Raquel Silva testemunhou, de igual forma, que «foi atirado gás pimenta. O ar estava irrespirável». «Senti uma impressão na garganta e os olhos a arder», sustentou.
Também em Al­mada, centenas de alunos concentraram-se na Praça da Liberdade. Ali, numa grande acção de massas, estiveram estudantes das escolas Anselmo Andrade, Emídio Navarro, Francisco Simões, Fernão Mendes Pinto, Romeu Correia, Prof. Rui Luís Gomes e Cacilhas Tejo. «Exames Nacionais, não queremos nunca mais» e «Para o Sócrates piar fininho, só a luta é o caminho», foram algumas das palavras de ordem entoadas.
Para além das principais reivindicações, os alunos queixam-se de falta de condições nas escolas. «Na Emídio Navarro, por exemplo, o chão das salas de aula está todo podre, o quadro não tem condições, existem janelas sem vidro, o tecto do pavilhão desportivo é inadequado. Temos também o caso da Rui Luís Gomes onde as salas de aula são um gelo no inverno e um “inferno” no Verão. Na Escola António Gedeão os estudantes têm aulas em barracões. No caso da Francisco Simões os alunos têm a disciplina de desporto mas não têm pavilhão para o praticar», disse, ao Avante!, António Ferrinho, da Associação de Estudantes da Emídio Navarro.
Realizaram-se ainda protestos no Seixal, Moita e Bar­reiro, onde cerca de 600 estudantes saíram à rua em protesto, exigindo a revogação do Estatuto do Aluno e reivindicando melhores condições humanas e materiais. No final da arruada, o presidente e vereadora da Câmara do Barreiro demonstraram o seu apoio à massa estudantil do concelho.
Em Sintra, os protestos centraram-se na Escola Secundária de Leal da Câmara, mas apenas nos intervalos das aulas. Por iniciativa da associação de estudantes da escola foram recolhidas assinaturas contra o estatuto do aluno e o regime de faltas e a exigir melhores condições nas escolas. Aconteceram ainda acções em Lisboa, Oeiras e Ama­dora.
Na Na­zaré, os estudantes do Externato D. Fuas Roupinho concentraram-se junto à instituição, faltando às aulas. No Porto, a Praça dos Aliados foi palco de uma manifestação de estudantes e, em Coimbra, os alunos da Escola Secundária Avelar Brotero manifestaram-se nas galeria do edifício para se protegerem da chuva. Realizaram-se ainda manifestações em Vale de Cambra, Santa Maria da Feira, Águeda, Vagos, Es­pinho e São João da Ma­deira.
«Mesmo no final do período lectivo e num dia de chuva, os estudantes protestaram à porta de dezenas de escolas e organizaram concentrações e manifestações exigindo a aplicação da Educação Sexual, o fim dos Exames Nacionais e do Estatuto do Aluno, denunciando ainda as péssimas condições materiais, estruturas degradadas e falta de funcionários que afectam muitas escolas», acusa, em nota de imprensa, a Delegação Nacional de Associações de Estudantes do Ensino Básico e Secundário.
Os alunos lutam ainda por «uma melhor adaptação dos manuais escolares à realidade», «pelo fim da privatização de cantinas, bares e papelarias das escolas, que estão a causar o aumento sucessivo de preços e degradação da qualidade». «Recusamos a gestão da escola pela empresa Parque Es­colar, que é uma forma de transformar o ensino num negócio», afirma a DNAEESB.

Es­tu­dantes unidos

Desde o início do ano lectivo, cerca de 50 mil estudantes já participaram em iniciativas de protesto. No dia 4 de Dezembro «provou-se que a massa estudantil continua unida», disse, em declarações à comunicação social, André Martelo, da Confederação de Associações de Estudantes dos Ensinos Básico e Secundário.
Até ao final do período estão previstas outras iniciativas «escola a escola, para elevar a consciência dos alunos», que incluem abaixo-assinados, concentrações, inaugurações de escolas que não existem, concertos e torneios de futebol.
«A luta continuará até que as reivindicações dos estudantes, para alteração da política educativa, sejam atendidas», referiu.


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