A segregação social no desporto
Para se perceber a extensão da segregação social que existe na prática desportiva temos de utilizar os resultados da investigação realizada noutros países com uma realidade social semelhante e os poucos que possuímos referidos à nossa população, ainda que fornecendo dados insuficientes. Com esta finalidade utilizaremos os elementos fornecidos por uma investigação francesa e outros referidos a Portugal, colhidos em diferentes fontes.
A utilização dos resultados daquele primeiro trabalho não nos parece incorrecta devido à posição relativa dos dois países. Ou seja, possuindo uma situação política e social com pontos de contacto, a realidade portuguesa apresenta aspectos substancialmente mais graves. Por isso, os elementos que vamos utilizar Quadros I assumirão, certamente, maior gravidade entre nós, (é preciso não esquecer que em França a percentagem de praticantes é praticamente o dobro da portuguesa).
Pode constatar-se, de imediato, a inadequação do Quadro I à realidade portuguesa. Que números se obteriam se se colocasse a questão de qualquer prática (regular ou irregular) às mulheres portuguesas? Em relação aos homens, defender que cerca de 75% realizam pelo menos uma prática ocasional, será também impensável. Se esta análise está correcta, isto significa como é acentuada a segregação sexual das práticas entre homens e mulheres. Mas também mostra como é largamente predominante a actividade desportiva entre os extractos mais favorecidos da população.
A primeira parte do Quadro I fornece elementos elucidativos: pode verificar-se que os quadros superiores e as profissões liberais praticam, em termos percentuais, cerca do dobro dos operários qualificados. Sabemos de outras investigações que os operários não qualificados vêem a sua situação mais agravada.
Aliás no Quadro II do mesmo estudo, pode confirmar-se esta realidade.
Consideremos agora o quadro que representa a situação característica nas zonas de pobreza que existem, em grandes manchas, na área da Grande Lisboa. Não se trata de resultados aplicados ao desporto, mas sim de uma caracterização geral, que tem o mérito de nos fornecer uma visão da forma como vive um número significativo da população (Silva, Manuela e outros – Reflexão Cristã sobre a pobreza urbana em Portugal).
● 43% não têm escolaridade alguma;
● 25% não sabe nem ler nem escrever;
● 61% dos jovens não seguem além do 2.º Ciclo do Ensino Básico;
● 48% dos jovens ingressam no trabalho com menos de 14 anos.
Por outro lado, o estudo da UNICEF sobre a Situação Mundial da Infância (2005) afirma que cerca de 200 mil portugueses viviam com menos de 1 dólar por dia; as Estatísticas da Segurança Social demonstravam que no 1.º trimestre de 2003, quase mil beneficiários recebiam uma prestação mensal média de 51 euros; e os Anuários Estatísticos das Regiões demonstravam que em finais de 2003, existiam 2 541 458 reformados e pensionistas do Sistema Público de Segurança Social que recebiam, em média mensal, 245 euros. Facilmente se compreende que, no presente, este panorama não terá, certamente, melhorado.
Evidentemente que este quadro põe em plena evidência, o fracasso rotundo do modelo de desenvolvimento que tem estado a ser seguido.
A utilização dos resultados daquele primeiro trabalho não nos parece incorrecta devido à posição relativa dos dois países. Ou seja, possuindo uma situação política e social com pontos de contacto, a realidade portuguesa apresenta aspectos substancialmente mais graves. Por isso, os elementos que vamos utilizar Quadros I assumirão, certamente, maior gravidade entre nós, (é preciso não esquecer que em França a percentagem de praticantes é praticamente o dobro da portuguesa).
Pode constatar-se, de imediato, a inadequação do Quadro I à realidade portuguesa. Que números se obteriam se se colocasse a questão de qualquer prática (regular ou irregular) às mulheres portuguesas? Em relação aos homens, defender que cerca de 75% realizam pelo menos uma prática ocasional, será também impensável. Se esta análise está correcta, isto significa como é acentuada a segregação sexual das práticas entre homens e mulheres. Mas também mostra como é largamente predominante a actividade desportiva entre os extractos mais favorecidos da população.
A primeira parte do Quadro I fornece elementos elucidativos: pode verificar-se que os quadros superiores e as profissões liberais praticam, em termos percentuais, cerca do dobro dos operários qualificados. Sabemos de outras investigações que os operários não qualificados vêem a sua situação mais agravada.
Aliás no Quadro II do mesmo estudo, pode confirmar-se esta realidade.
Consideremos agora o quadro que representa a situação característica nas zonas de pobreza que existem, em grandes manchas, na área da Grande Lisboa. Não se trata de resultados aplicados ao desporto, mas sim de uma caracterização geral, que tem o mérito de nos fornecer uma visão da forma como vive um número significativo da população (Silva, Manuela e outros – Reflexão Cristã sobre a pobreza urbana em Portugal).
● 43% não têm escolaridade alguma;
● 25% não sabe nem ler nem escrever;
● 61% dos jovens não seguem além do 2.º Ciclo do Ensino Básico;
● 48% dos jovens ingressam no trabalho com menos de 14 anos.
Por outro lado, o estudo da UNICEF sobre a Situação Mundial da Infância (2005) afirma que cerca de 200 mil portugueses viviam com menos de 1 dólar por dia; as Estatísticas da Segurança Social demonstravam que no 1.º trimestre de 2003, quase mil beneficiários recebiam uma prestação mensal média de 51 euros; e os Anuários Estatísticos das Regiões demonstravam que em finais de 2003, existiam 2 541 458 reformados e pensionistas do Sistema Público de Segurança Social que recebiam, em média mensal, 245 euros. Facilmente se compreende que, no presente, este panorama não terá, certamente, melhorado.
Evidentemente que este quadro põe em plena evidência, o fracasso rotundo do modelo de desenvolvimento que tem estado a ser seguido.