Medalhas de latão atribuídas a hospitais de Lisboa

Caravana olímpica de enfermagem

Os «treinadores» que chefiam o sistema público de saúde, José Sócrates e a ministra, Ana Jorge, foram distinguidos pelos enfermeiros como principais responsáveis pelo mau desempenho.

«Há mais de cinco anos que ne­nhum en­fer­meiro passa ao quadro»

Uma delegação do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, em colaboração com profissionais enfermeiros das respectivas instituições efectuou, dia 27 de Agosto, quarta-feira, uma «caravana olímpica de enfermagem», a fim de alertar para o mau desempenho que afecta a qualidade da prestação de serviços de enfermagem nos estabelecimentos públicos de saúde no distrito.
Em sete instituições foram colocadas faixas onde se anunciava a atribuição das medalhas de latão e os respectivos motivos, como recordou o SEP/CGTP-IN, num folheto distribuído aos utentes:
– Milhares de horas extraordinárias cumpridas mas não pagas.
– A falta de enfermeiros com vínculos efectivos, o que obriga ao prolongamento exagerados das jornadas de trabalho.
– A sua contratação precária.
– A «prepotência de administrações, que recusam dialogar com os representantes sindicais.
– A discriminação no pagamento de trabalho suplementar.
«Difícil foi escolher quem galardoar, uma vez que assistimos a uma generalizada degradação das condições de vida e de trabalho», afirmou ao Avante!, a dirigente sindical e porta-voz da iniciativa, Isabel Barbosa, diante do Hospital Júlio de Matos, que tem 52 trabalhadores em situação de precariedade e onde se iniciou esta caravana olímpica, que depois seguiu para a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, o Hospital de Santa Maria, o Hospital Curry Cabral, a Maternidade Alfredo da Costa, o Hospital de São José e o Hospital de São Francisco Xavier.
«Há instituições que mereciam ter recebido todas as medalhas, nomeadamente o Hospital de Santa Maria, pela sua dimensão e as condições de trabalho precárias de 500 enfermeiros, num total de cerca de 1500, mas este é um mal alargado», afirmou Isabel Barbosa.
«O Curry Cabral foi galardoado com a medalha de latão da precariedade porque tem apenas 148 enfermeiros no quadro, num universo de cerca de 500, e o Hospital de Santa Maria foi considerado o campeão das dívidas, por horas extraordinárias não pagas aos enfermeiros», explicou a dirigente do SEP/CGTP-IN.
A Administração Regional de Saúde, com cerca de 300 contratados a termo, também recebeu uma «medalha da precariedade» e o Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental foi consagrado «o campeão na discriminação no pagamento de horas suplementares», enquanto a Maternidade Alfredo da Costa foi distinguida pela prepotência da administração, «por recusar dialogar com os representantes do SEP».

Con­sequên­cias do de­sin­ves­ti­mento

Para os enfermeiros, «são muito graves as consequências do desinvestimento do Governo PS na saúde pública, nomeadamente o desemprego e a precariedade que afectam maioritariamente os jovens enfermeiros, o que contrasta com a falta de profissionais nos serviços», lembrou a dirigente do SEP, salientando «as enormes sobrecargas de trabalho extraordinário impostas aos enfermeiros e que nem sequer lhes são pagas». «Desta situação resulta a degradação da qualidade dos serviços prestados», considerou.
«Há mais de cinco anos que nenhum enfermeiro passa ao quadro de trabalhadores das Função Pública e, só no distrito de Lisboa, há cerca de dois mil profissionais contratados a prazo», salientou Isabel Barbosa.
O SEP exige que todos os contratados passem a efectivos, mas «a política do Governo só tende a agravar a situação, designadamente através do encerramento de serviços públicos e a consequente extinção de postos de trabalho», acusou a dirigente sindical, notando que «onde encerram serviços públicos, são abertas instituições privadas».

À beira da rup­tura

A situação em vários estabelecimentos hospitalares é tão grave que podem estar à beira da ruptura, designadamente ao nível dos cuidados de saúde primários, nos centros de saúde: «Há colegas contratados no sector público administrativo, 300 deles nos centros de saúde, que acabam o contrato em Outubro e Novembro, e não sabemos se lhes serão renovados os vínculos», revelou Isabel Barbosa. «Se não se proceder à renovação dos contratos, há serviços que terão de encerrar, nomeadamente no Hospital Curry Cabral», alertou a dirigente do SEP.


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