A entrevista do Ministro das polícias...
Em pleno pico da criminalidade violenta e grupal, o ministro das polícias, entrevistado pela RTP, deixou claro que ele e a sua equipa estão envolvidos num projecto atentatório dos direitos e liberdades dos portugueses.
Ou seja, perante o aumento real da criminalidade violenta e da insegurança, quando se esperava o reconhecimento da inadequação e falhanço dos eixos centrais da política do Governo nesta área e a sua correcção – com respostas corajosas no interesse das comunidades e dos cidadãos e assentes no princípio da prevenção como regra fundamental no domínio da segurança – o ministro caiu num discurso de vergonhosa e vazia retórica acerca da «autoridade de Estado» para mascarar e/ou ocultar a sua negligente e incompetente prestação à frente do Ministério da Administração Interna.
A ridícula «fábula» das armas ou o aproveitamento cínico do clima de insegurança fizeram naturalmente parte daquele arsenal de aventureirismo político, com vista a cimentar o modelo securitário emergente, favorecer a governamentalização das forças policiais e da investigação criminal, condicionar e manipular a vontade dos portugueses (tal como a patranha da «criminalidade importada» que já se tem ouvido, quando é sabido que a criminalidade violenta e organizada é um quisto que se desenvolve sobre a criminalidade mais geral, não podendo, portanto, ser exclusivamente combatida com medidas de polícia).
Mas o ministro, que disse «saber da poda», afinal não conhece o básico. Assim, sem estratégia e acossado pela comunicação social, faz uso da força pública, lançando-a avidamente sobre os bairros periféricos, quais territórios inimigos, com mega-operações de rusgas e cercos de efeitos espectaculares mas de insignificantes resultados.
E enquanto as medidas securitárias são implementadas num ritmo vertiginoso – chips nas matrículas, videovigilância, polícias privadas e municipais, concentração das informações e de poderes, unidades especiais, governamentalização da investigação criminal e moldura penal mais gravosa –, assiste-se à degradação do conceito de serviço público nas forças policiais e ao estiolamento da polícia de proximidade e de carácter preventivo, único modelo eficaz de combate à criminalidade.
Aliás, a História regista que a segurança dos cidadãos é mais ameaçada pelo securitarismo do que pelo aumento de criminalidade. Espera-se que, em Portugal, a História não se repita.
J.M.
Ou seja, perante o aumento real da criminalidade violenta e da insegurança, quando se esperava o reconhecimento da inadequação e falhanço dos eixos centrais da política do Governo nesta área e a sua correcção – com respostas corajosas no interesse das comunidades e dos cidadãos e assentes no princípio da prevenção como regra fundamental no domínio da segurança – o ministro caiu num discurso de vergonhosa e vazia retórica acerca da «autoridade de Estado» para mascarar e/ou ocultar a sua negligente e incompetente prestação à frente do Ministério da Administração Interna.
A ridícula «fábula» das armas ou o aproveitamento cínico do clima de insegurança fizeram naturalmente parte daquele arsenal de aventureirismo político, com vista a cimentar o modelo securitário emergente, favorecer a governamentalização das forças policiais e da investigação criminal, condicionar e manipular a vontade dos portugueses (tal como a patranha da «criminalidade importada» que já se tem ouvido, quando é sabido que a criminalidade violenta e organizada é um quisto que se desenvolve sobre a criminalidade mais geral, não podendo, portanto, ser exclusivamente combatida com medidas de polícia).
Mas o ministro, que disse «saber da poda», afinal não conhece o básico. Assim, sem estratégia e acossado pela comunicação social, faz uso da força pública, lançando-a avidamente sobre os bairros periféricos, quais territórios inimigos, com mega-operações de rusgas e cercos de efeitos espectaculares mas de insignificantes resultados.
E enquanto as medidas securitárias são implementadas num ritmo vertiginoso – chips nas matrículas, videovigilância, polícias privadas e municipais, concentração das informações e de poderes, unidades especiais, governamentalização da investigação criminal e moldura penal mais gravosa –, assiste-se à degradação do conceito de serviço público nas forças policiais e ao estiolamento da polícia de proximidade e de carácter preventivo, único modelo eficaz de combate à criminalidade.
Aliás, a História regista que a segurança dos cidadãos é mais ameaçada pelo securitarismo do que pelo aumento de criminalidade. Espera-se que, em Portugal, a História não se repita.
J.M.