França

Despedimento político na <i>RFI</i>

Richard Labévière, chefe de redacção da Radio France International, escritor e especialista em assuntos do Médio Oriente, foi sumariamente despedido, no dia 12, daquele órgão público de comunicação, após ter realizado uma entrevista com o presidente da Síria, Bachar El Assad.
Esta entrevista, emitida nos dias 9 e 10 de Julho, nas vésperas da visita oficial do chefe de estado árabe a França, constituiu o pretexto para o despedimento, já que a direcção da estação pública alega não ter sido previamente informada da sua realização.
Apesar de Labévière ser uma figura destacada do jornalismo francês, o seu despedimento tem sido estranhamente silenciado pelos principais órgãos de informação do país. Para além do site criado pelo seu comité de apoio (www.ipetitions.com/petition/Labeviere2008/index.html), a notícia apenas foi difundida em jornais de países árabes bem como em diversos sites da internet.
Como se afirma na petição de apoio, que até agora recolheu perto de meio milhar de assinaturas, Labévière foi mais uma vítima de «abuso de poder e delito de opinião». Conhecido pelas suas posições pró-árabes, defensor da causa palestiniana, este jornalista insistiu sempre a qualificar de «ocupação israelita» a situação dos territórios palestinianos, lembrando insistentemente que a capital de Israel é Tel Aviv e não Jerusalém.
Depois de ter publicado vários livros em que denunciava a política francesa e israelita no Próximo Oriente, Labévière tornou-se alvo de perseguições e ameaças - após o livro Bethléhem en Palestine encontrou na sua secretária uma carta em que se lia: «vamos partir-te em pedaços».
Mais tarde é afastado da chefia de redacção por se ter solidarizado com Alain Ménargues (antigo director de informação da RFI, autor de livros sobre a guerra do Líbano, o muro de Sharon ou os massacres nos campos palestinianos), também ele despedido sob a acusação de «anti-semitismo» a pedido do embaixador de Israel em França, Nissim Zvili.
Em 2005, também por pressão deste embaixador, Labévière perde a responsabilidade pelo programa matinal «Propose» e fica apenas com o programa de 40 minutos ao sábado, «Geopolitique, Le Debat».
Os promotores da petição de apoio a Richard Labévière consideram que este caso «se inscreve na lógica de um novo ataque ao pluralismo no jornalismo, à liberdade de expressão e aos direito do homem em França».
O texto acusa ainda a tutela governamental, entregue a Christine Ockrent, esposa do ministro dos Negócios Estrangeiros, Bernard Kouchner, de impor ao audiovisual francês para o exterior (RFI, TV5 Monde e France24) opções editoriais estritas que determinam «um pensamento e um discursos únicos incondicionalmente pró-israelita»


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