Povo ratifica Morales
Milhares de pessoas saudaram em La Paz, capital da Bolívia, o triunfo de Evo Morales no referendo revogatório de domingo. No discurso da vitória, o presidente apelou à unidade dos bolivianos e instou os governadores da oposição a cessarem as afrontas à integridade territorial do país e à legalidade democrático-constitucional.
Venceu a vontade de continuar os caminhos de soberania e progresso
No pólo oposto, o governador de Santa Cruz, Ruben Costas, deu o mote para a manutenção do caminho secessionista, declarando que os estatutos autonómicos (cuja aprovação, em Maio, é considerada ilegal pela Corte Suprema Eleitoral) são para implementar com carácter imediato.
Segundo os dados recolhidos pelo Observatório Eleitoral Bolívia Transparente, citados pela Agência Boliviana de Informação, 66 por cento dos votantes aprovaram a continuidade de Evo Morales na presidência da República e de Álvaro García Linera na vice-presidência, contra 34 por cento de boletins desfavoráveis.
A entidade que mobilizou mais de três mil voluntários para o sufrágio, informou ainda que, ao nível regional, dos oito governadores departamentais sujeitos à consulta popular, três vão ter que abandonar os respectivos cargos, nomeadamente em Cochabamba, La Paz e Oruro, enquanto que os dirigentes de Pando, Potosí, Tarija, Santa Cruz e Beni se mantêm em funções.
Só a responsável da província de Chuquiasca não foi sujeita ao escrutínio, uma vez que ainda recentemente foi eleita para o cargo.
Maturidade democrática
O acto decorreu pacificamente na esmagadora maioria das assembleias de voto – funcionamento no local designado para o efeito e contando com o necessário material eleitoral; abertura e encerramento às horas previstas; condições de segurança e privacidade para o exercício do voto livre e consciente; presença numa larga maioria das mesas de delegados das forças políticas envolvidas –, isto apesar de se terem registado incidentes esporádicos.
Em Santa Cruz, grupos de mercenários tentaram intimidar os apoiantes de Morales e provocaram distúrbios em algumas assembleias. Na capital, La Paz, o governador, José Luís Paredes, foi alvo de um atentado de contornos estranhos e em tudo propícios aos intentos desestabilizadores da oposição.
A estes, somam-se outros exemplos, sobretudo durante a campanha eleitoral, de agressões, chantagens, bloqueios e operações de intoxicação da opinião pública, mas, no final, os bolivianos deram à direita e aos sectores mais reaccionários e conservadores do país uma prova de civismo e maturidade democrática e, uma vez mais, venceu a vontade de continuar os caminhos de soberania e progresso prometidos há cerca de dois anos e meio, quando Evo Morales assumiu a chefia do Estado.
Luta de classes
Ao alcançar cerca de dois terços dos votos no referendo revogatório por si proposto, o governo recobrou confiança para enfrentar as ameaças federalistas dos governadores da região da «Meia Lua», parcela do território que representa quase 70 por cento do PIB boliviano. Só Santa Cruz concentra parte considerável dos recursos energéticos do país e uma fatia maioritária da produção agrícola.
A posse e uso da terra e a exploração das reservas de hidrocarbonetos estão na base do conflito entre poder central e local, faces institucionais da luta de classes mais ampla e contundente que se desenrola numa sociedade extremamente desigual e injusta.
Os governadores contestam a retirada por parte do executivo das faculdades que detinham em matéria fiscal, nomeadamente no que aos proveitos do imposto sobre o petróleo e o gás natural diz respeito. O oligarquia da «Meia Lua» pretende ainda aprofundar competências quanto à propriedade da terra.
Ao lado do governo do Movimento ao Socialismo e das mudanças económicas e sociais prometidas no seu projecto político, estão as amplas massas trabalhadoras, as mulheres, os camponeses, os professores e intelectuais, os militares patriotas, os jovens, os dirigentes e activistas sindicais.
Embora entre a esquerda e os sectores progressistas subsistam contradições e divergências – recorde-se a distância entre Morales e a maior central sindical, a COB, sobre a idade da reforma, a reconfiguração do sistema de segurança social, ou a nacionalização de sectores-chave da economia sem recurso a indemnizações –, os factos mostram que a distribuição de terra pelos desapossados; a nacionalização dos recursos estratégicos e a colocação dos seus dividendos ao serviço do povo; a distribuição de prestações sociais de emergência ou a implementação de programas de combate ao analfabetismo e assistência médica (com o indispensável contributo de Cuba socialista), foram medidas que garantiram a Morales um capital de confiança entre os bolivianos e abriram possibilidades de avançar, saiba o governo responder ao caminho indicado pelo povo.
Segundo os dados recolhidos pelo Observatório Eleitoral Bolívia Transparente, citados pela Agência Boliviana de Informação, 66 por cento dos votantes aprovaram a continuidade de Evo Morales na presidência da República e de Álvaro García Linera na vice-presidência, contra 34 por cento de boletins desfavoráveis.
A entidade que mobilizou mais de três mil voluntários para o sufrágio, informou ainda que, ao nível regional, dos oito governadores departamentais sujeitos à consulta popular, três vão ter que abandonar os respectivos cargos, nomeadamente em Cochabamba, La Paz e Oruro, enquanto que os dirigentes de Pando, Potosí, Tarija, Santa Cruz e Beni se mantêm em funções.
Só a responsável da província de Chuquiasca não foi sujeita ao escrutínio, uma vez que ainda recentemente foi eleita para o cargo.
Maturidade democrática
O acto decorreu pacificamente na esmagadora maioria das assembleias de voto – funcionamento no local designado para o efeito e contando com o necessário material eleitoral; abertura e encerramento às horas previstas; condições de segurança e privacidade para o exercício do voto livre e consciente; presença numa larga maioria das mesas de delegados das forças políticas envolvidas –, isto apesar de se terem registado incidentes esporádicos.
Em Santa Cruz, grupos de mercenários tentaram intimidar os apoiantes de Morales e provocaram distúrbios em algumas assembleias. Na capital, La Paz, o governador, José Luís Paredes, foi alvo de um atentado de contornos estranhos e em tudo propícios aos intentos desestabilizadores da oposição.
A estes, somam-se outros exemplos, sobretudo durante a campanha eleitoral, de agressões, chantagens, bloqueios e operações de intoxicação da opinião pública, mas, no final, os bolivianos deram à direita e aos sectores mais reaccionários e conservadores do país uma prova de civismo e maturidade democrática e, uma vez mais, venceu a vontade de continuar os caminhos de soberania e progresso prometidos há cerca de dois anos e meio, quando Evo Morales assumiu a chefia do Estado.
Luta de classes
Ao alcançar cerca de dois terços dos votos no referendo revogatório por si proposto, o governo recobrou confiança para enfrentar as ameaças federalistas dos governadores da região da «Meia Lua», parcela do território que representa quase 70 por cento do PIB boliviano. Só Santa Cruz concentra parte considerável dos recursos energéticos do país e uma fatia maioritária da produção agrícola.
A posse e uso da terra e a exploração das reservas de hidrocarbonetos estão na base do conflito entre poder central e local, faces institucionais da luta de classes mais ampla e contundente que se desenrola numa sociedade extremamente desigual e injusta.
Os governadores contestam a retirada por parte do executivo das faculdades que detinham em matéria fiscal, nomeadamente no que aos proveitos do imposto sobre o petróleo e o gás natural diz respeito. O oligarquia da «Meia Lua» pretende ainda aprofundar competências quanto à propriedade da terra.
Ao lado do governo do Movimento ao Socialismo e das mudanças económicas e sociais prometidas no seu projecto político, estão as amplas massas trabalhadoras, as mulheres, os camponeses, os professores e intelectuais, os militares patriotas, os jovens, os dirigentes e activistas sindicais.
Embora entre a esquerda e os sectores progressistas subsistam contradições e divergências – recorde-se a distância entre Morales e a maior central sindical, a COB, sobre a idade da reforma, a reconfiguração do sistema de segurança social, ou a nacionalização de sectores-chave da economia sem recurso a indemnizações –, os factos mostram que a distribuição de terra pelos desapossados; a nacionalização dos recursos estratégicos e a colocação dos seus dividendos ao serviço do povo; a distribuição de prestações sociais de emergência ou a implementação de programas de combate ao analfabetismo e assistência médica (com o indispensável contributo de Cuba socialista), foram medidas que garantiram a Morales um capital de confiança entre os bolivianos e abriram possibilidades de avançar, saiba o governo responder ao caminho indicado pelo povo.