Da sustentabilidade dos lucros
Vem crescendo uma onda entre as grandes e muito grandes empresas, quase todas elas multi ou transnacionais, uma onda, dizia, de vontades para que sejam apresentarem como responsabilíssimas «cidadãs» - uma onda apoiada pelos círculos políticos dirigentes, por que também eles sente essa necessidade para continuarem a apoiar sem dificuldade de maior essas mesmas empresas, ou antes as actuações dos seus responsáveis. Comandadoras reconhecidas dos «mercados» - em monopólio ou oligopólio -, essas grandes empresas tinham de fazer algo para contrariarem os crescentes dedos acusadores dos seus malfazejos procedimentos.
Um parêntesis: as outras empresas, as PMEs, que, segundo a definição da UE, incluem também o sector do que chamaria as «quase grande empresas» - que são a maioria das chamadas grandes empresas em Portugal -, não têm o mesmo tipo de necessidade em cultivar tais bondosas e rectas imagens uma vez que, para além de, em teoria, não possuírem poder sobre os «mercados», são, na propaganda mediática dirigida ao imaginário popular, tratadas como organizações vivendo permanentemente em dificuldades, com justificação para manter baixos salários, caso contrário nem isso a maior parte dos portugueses conseguiriam manter. «Nunca queiram saber o sofrimento que é não se saber se se tem dinheiro suficiente ao fim do mês para pagar os salários aos trabalhadores» - é esta mais ou menos a corrente lenga-lenga chantagística. Portanto, este sector, o sector de quase todas as empresas, não tem a ver com o âmbito do presente texto.
Mas dizia eu que está aí a tal onda de provar que se é um bom cidadão empresarial. E vai daí, em geral, a primeira coisa é criar uma Fundação para apoiar os desvalidos, algumas obras culturais, educacionais, desportivas -, os Estados até os incentivam, aos mecenas, premiando os seus bons corações, com abatimentos nos impostos.
Depois, para condizer também com as especificidades da época actual, vem a questão da salvação do Planeta - não a do Globo, que este tem a ver com outras coisas, não é? (lá me estarei eu a repetir, mas parece ser inevitável!) E para salvar o Planeta - desculpem a ironia mas ela deriva das hipocrisias reinantes -, lá vão essas mesmas empresas - através dos seus próceres, dos que tudo podem - embarcando, por si só ou em conjunto com outros parceiros, concorrentes nos respectivos mercados ou não, actuando no seio das suas associações, ou criando - multiplicando - as iniciativas para o efeito, desenvolvendo aquilo que vão chamando da sua política de actuação «verde», ou melhor diria: «green, green, green», pois claro, à global.
E em várias situações estão mesmo a «descobrir» que caminhar no sentido da «verdura» lhes vai trazer também vantagens em termos de eficiência operacional, para além da sua boa imagem «cidadã». E se isso lhes vai fazer jeito na actual fase!
Nos últimos anos esses ganhos de eficiência - claro, sempre medidos, os ganhos de eficiência, de uma forma quase absoluta, em termos de «resultados», isto é, de lucros, verificados não apenas anualmente, mas estreitamente cuidados através do seu acompanhamento em períodos ainda mais curtos, nomeadamente trimestrais -, dizia esses ganhos de eficiência têm sido conseguidos por reduções drásticas nos custos da força de trabalho: quer por localização adequada a nível mundial da produção, quer por ganhos de escala, âmbito ou integração, quer, em grande parte, pelos progressos nos processos de produção possibilitados pelos avanços na área da C&T. Uma caminhada relativamente fácil, até porque facilitada por uma correlação de forças desfavorável aos trabalhadores, temporalizável sobretudo a partir da famosa queda do «Muro» (há outros, aqui, quase escusado seria escrever, refiro-me ao de Berlim).
Mas agora, que já se foi muito longe nesta via, começa a não ser tão fácil continuar a corte de custos de força de trabalho. Então, sem abandonar por completo esta linha, a eficiência energética vem mesmo a matar para «sustentar» os resultados das empresas e os valores nas bolsas! E ataca-se o aquecimento global, pois não! É-se verde. Poupa-se no petróleo, combate-se a insustentabilidade ameaçadora do seu «pico». Ganha-se boa fama. Poupa-se nos custos energéticos, mesmo em sectores julgados verdes, como as comunicações. Por que não se lembraram antes? Era mais fácil ser eficiente reduzindo forças de trabalho? Sim, mas a imagem não ficou boa. Agora, com esta do green ganha-se em todos os carrinhos…
Um parêntesis: as outras empresas, as PMEs, que, segundo a definição da UE, incluem também o sector do que chamaria as «quase grande empresas» - que são a maioria das chamadas grandes empresas em Portugal -, não têm o mesmo tipo de necessidade em cultivar tais bondosas e rectas imagens uma vez que, para além de, em teoria, não possuírem poder sobre os «mercados», são, na propaganda mediática dirigida ao imaginário popular, tratadas como organizações vivendo permanentemente em dificuldades, com justificação para manter baixos salários, caso contrário nem isso a maior parte dos portugueses conseguiriam manter. «Nunca queiram saber o sofrimento que é não se saber se se tem dinheiro suficiente ao fim do mês para pagar os salários aos trabalhadores» - é esta mais ou menos a corrente lenga-lenga chantagística. Portanto, este sector, o sector de quase todas as empresas, não tem a ver com o âmbito do presente texto.
Mas dizia eu que está aí a tal onda de provar que se é um bom cidadão empresarial. E vai daí, em geral, a primeira coisa é criar uma Fundação para apoiar os desvalidos, algumas obras culturais, educacionais, desportivas -, os Estados até os incentivam, aos mecenas, premiando os seus bons corações, com abatimentos nos impostos.
Depois, para condizer também com as especificidades da época actual, vem a questão da salvação do Planeta - não a do Globo, que este tem a ver com outras coisas, não é? (lá me estarei eu a repetir, mas parece ser inevitável!) E para salvar o Planeta - desculpem a ironia mas ela deriva das hipocrisias reinantes -, lá vão essas mesmas empresas - através dos seus próceres, dos que tudo podem - embarcando, por si só ou em conjunto com outros parceiros, concorrentes nos respectivos mercados ou não, actuando no seio das suas associações, ou criando - multiplicando - as iniciativas para o efeito, desenvolvendo aquilo que vão chamando da sua política de actuação «verde», ou melhor diria: «green, green, green», pois claro, à global.
E em várias situações estão mesmo a «descobrir» que caminhar no sentido da «verdura» lhes vai trazer também vantagens em termos de eficiência operacional, para além da sua boa imagem «cidadã». E se isso lhes vai fazer jeito na actual fase!
Nos últimos anos esses ganhos de eficiência - claro, sempre medidos, os ganhos de eficiência, de uma forma quase absoluta, em termos de «resultados», isto é, de lucros, verificados não apenas anualmente, mas estreitamente cuidados através do seu acompanhamento em períodos ainda mais curtos, nomeadamente trimestrais -, dizia esses ganhos de eficiência têm sido conseguidos por reduções drásticas nos custos da força de trabalho: quer por localização adequada a nível mundial da produção, quer por ganhos de escala, âmbito ou integração, quer, em grande parte, pelos progressos nos processos de produção possibilitados pelos avanços na área da C&T. Uma caminhada relativamente fácil, até porque facilitada por uma correlação de forças desfavorável aos trabalhadores, temporalizável sobretudo a partir da famosa queda do «Muro» (há outros, aqui, quase escusado seria escrever, refiro-me ao de Berlim).
Mas agora, que já se foi muito longe nesta via, começa a não ser tão fácil continuar a corte de custos de força de trabalho. Então, sem abandonar por completo esta linha, a eficiência energética vem mesmo a matar para «sustentar» os resultados das empresas e os valores nas bolsas! E ataca-se o aquecimento global, pois não! É-se verde. Poupa-se no petróleo, combate-se a insustentabilidade ameaçadora do seu «pico». Ganha-se boa fama. Poupa-se nos custos energéticos, mesmo em sectores julgados verdes, como as comunicações. Por que não se lembraram antes? Era mais fácil ser eficiente reduzindo forças de trabalho? Sim, mas a imagem não ficou boa. Agora, com esta do green ganha-se em todos os carrinhos…