Povos condenam Uribe
A audiência do Tribunal Permanente dos Povos que decorreu entre 21 e 23 de Julho em Bogotá, na Colômbia, «condenou» o presidente Álvaro Uribe e mais de 40 multinacionais por violações dos direitos fundamentais.
Desde Janeiro deste ano já foram assassinados 30 sindicalistas na Colômbia
A iniciativa presidida pelo Nobel da Paz Adolfo Perez Esquivel concluiu que o governo de Uribe e as companhias de capitais estrangeiros que sustentam o regime a que este preside, são responsáveis por inúmeras violações dos direitos fundamentais do povo colombiano, entre as quais a violação dos direitos laborais, culturais, sociais, económicos da esmagadora maioria dos cidadãos e das comunidades indígenas do país.
Empresas como a Nestlé, a Coca Cola, a Chiquita Brands, a Drummond & Monsanto, a British Petroleum, a Repsol, a Unión Fenosa, a Endesa, a Águas de Barcelona ou a Telefónica, e entidades supranacionais como o FMI, o Banco Mundial e a Organização Mundial do Comércio, foram «sentenciadas» pelos participantes.
A violação dos direitos políticos e democráticos foi outra das acusações sublinhadas pelo «tribunal» com particular importância no contexto do recrudescimento da repressão e dos assassinatos contra dirigentes políticos e sindicais.
Justiça para Rivera
O caso do sindicalista e membro da Plataforma Pólo Democrático Alternativo Guillermo Rivera é apenas um exemplo da situação que enfrentam os progressistas e a oposição na Colômbia. Rivera desapareceu no dia 22 de Abril no bairro de El Tunal, em Bogotá, e o seu corpo foi localizado no passado dia 15 de Julho.
Aparentemente, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Câmara de Bogotá foi sepultado como indigente, mas os seus alegados assassinos conheciam bem a sua identidade, defende o Movimento Nacional de Vítimas de Crimes de Estado, que aponta o dedo às forças policiais. Segundo o MOVICE, registos de vídeo indicam que Rivera terá sido capturado pela Polícia Metropolitana, por isso cabe às autoridades explicar o que depois aconteceu e pugnar para que se faça justiça neste caso.
Rivera não é, no entanto, o único sindicalista assassinado este ano na Colômbia. Desde Janeiro, pelo menos 30 outros representantes dos trabalhadores foram mortos. Nos últimos 20 anos, esta cifra ultrapassa os quatro mil.
Parapolítica
A condenação de Álvaro Uribe por parte do Tribunal do Povos surge no contexto da contestação crescente ao presidente, à sua política, à legitimidade do seu mandato e aos vínculos deste e dos seus apoiantes com os paramilitares, o tráfico de droga e a corrupção no país.
Recentemente, o Supremo Tribunal da Colômbia declarou ilegal a reeleição de Uribe em 2006. Em causa estão alegados pagamentos a deputados para que estes votassem favoravelmente a alteração da Constituição do país, emenda que permitiu a Uribe apresentar nova candidatura à presidência. Nos últimos meses, cresceu entre as forças conservadoras a ideia de uma nova investida sobre o texto fundamental do país visando o mesmo fim da precedente: possibilitar a Uribe um terceiro mandato.
Mas o escândalo da parapolítica vai mais longe. Sexta-feira da semana passada, o senador Carlos García Orjuela foi detido e acusado de manter ligações com grupos paramilitares e de extrema-direita. O presidente do Partido Social de Unidade Nacional, formação política criada em 2005 para conduzir a reeleição de Uribe, é um dos quase 70 parlamentares indiciados pela justiça por supostamente promoverem reuniões para coordenar grupos armados ilegais e respectivas acções.
Apesar de terem anunciado o início da sua desmobilização, em 2003, os mercenários das Autodefesas Unidas da Colômbia – organização que congregou em 1997 os vários grupos de paramilitares do país e tem inegáveis ligações aos cartéis da droga colombianos – continuam activos, agora sob a sinistra bandeira das Águias Negras.
De acordo com a MOVICE, os paramilitares na Colômbia são responsáveis pelo desaparecimento de cerca de 15 mil colômbianos e pela expulsão de centenas de milhares de famílias das respectivas terras, entregues ao narcotráfico e aos grandes grupos do agronegócio.
Norte-americanos solidários
A propósito da realização em Bogotá da sessão do Tribunal Permanente dos Povos, um grupo de activistas políticos, sociais e sindicais dos EUA deslocou-se à Colômbia para prestar solidariedade ao povo colombiano e repudiar o apoio prestado pelos EUA a Álvaro Uribe e aos paramilitares.
O contacto com a realidade das populações do país e a recolha de informações adicionais sobre a situação política e social é uma das tarefas dos militantes norte-americanos, os quais denunciam que mais de dois biliões de dólares foram roubados dos bolsos dos contribuintes norte-americanos para investir no Plano Colômbia e sustentar o terrorismo de Estado ali praticado.
Simultaneamente, no dia 22, organizações políticas e sociais promoveram concentrações de protesto em Nova Iorque, e em outras cidades do território dos EUA, do exigindo justiça para as vítimas da parapolítica e o fim dos esquadrões da morte na Colômbia.
Empresas como a Nestlé, a Coca Cola, a Chiquita Brands, a Drummond & Monsanto, a British Petroleum, a Repsol, a Unión Fenosa, a Endesa, a Águas de Barcelona ou a Telefónica, e entidades supranacionais como o FMI, o Banco Mundial e a Organização Mundial do Comércio, foram «sentenciadas» pelos participantes.
A violação dos direitos políticos e democráticos foi outra das acusações sublinhadas pelo «tribunal» com particular importância no contexto do recrudescimento da repressão e dos assassinatos contra dirigentes políticos e sindicais.
Justiça para Rivera
O caso do sindicalista e membro da Plataforma Pólo Democrático Alternativo Guillermo Rivera é apenas um exemplo da situação que enfrentam os progressistas e a oposição na Colômbia. Rivera desapareceu no dia 22 de Abril no bairro de El Tunal, em Bogotá, e o seu corpo foi localizado no passado dia 15 de Julho.
Aparentemente, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Câmara de Bogotá foi sepultado como indigente, mas os seus alegados assassinos conheciam bem a sua identidade, defende o Movimento Nacional de Vítimas de Crimes de Estado, que aponta o dedo às forças policiais. Segundo o MOVICE, registos de vídeo indicam que Rivera terá sido capturado pela Polícia Metropolitana, por isso cabe às autoridades explicar o que depois aconteceu e pugnar para que se faça justiça neste caso.
Rivera não é, no entanto, o único sindicalista assassinado este ano na Colômbia. Desde Janeiro, pelo menos 30 outros representantes dos trabalhadores foram mortos. Nos últimos 20 anos, esta cifra ultrapassa os quatro mil.
Parapolítica
A condenação de Álvaro Uribe por parte do Tribunal do Povos surge no contexto da contestação crescente ao presidente, à sua política, à legitimidade do seu mandato e aos vínculos deste e dos seus apoiantes com os paramilitares, o tráfico de droga e a corrupção no país.
Recentemente, o Supremo Tribunal da Colômbia declarou ilegal a reeleição de Uribe em 2006. Em causa estão alegados pagamentos a deputados para que estes votassem favoravelmente a alteração da Constituição do país, emenda que permitiu a Uribe apresentar nova candidatura à presidência. Nos últimos meses, cresceu entre as forças conservadoras a ideia de uma nova investida sobre o texto fundamental do país visando o mesmo fim da precedente: possibilitar a Uribe um terceiro mandato.
Mas o escândalo da parapolítica vai mais longe. Sexta-feira da semana passada, o senador Carlos García Orjuela foi detido e acusado de manter ligações com grupos paramilitares e de extrema-direita. O presidente do Partido Social de Unidade Nacional, formação política criada em 2005 para conduzir a reeleição de Uribe, é um dos quase 70 parlamentares indiciados pela justiça por supostamente promoverem reuniões para coordenar grupos armados ilegais e respectivas acções.
Apesar de terem anunciado o início da sua desmobilização, em 2003, os mercenários das Autodefesas Unidas da Colômbia – organização que congregou em 1997 os vários grupos de paramilitares do país e tem inegáveis ligações aos cartéis da droga colombianos – continuam activos, agora sob a sinistra bandeira das Águias Negras.
De acordo com a MOVICE, os paramilitares na Colômbia são responsáveis pelo desaparecimento de cerca de 15 mil colômbianos e pela expulsão de centenas de milhares de famílias das respectivas terras, entregues ao narcotráfico e aos grandes grupos do agronegócio.
Norte-americanos solidários
A propósito da realização em Bogotá da sessão do Tribunal Permanente dos Povos, um grupo de activistas políticos, sociais e sindicais dos EUA deslocou-se à Colômbia para prestar solidariedade ao povo colombiano e repudiar o apoio prestado pelos EUA a Álvaro Uribe e aos paramilitares.
O contacto com a realidade das populações do país e a recolha de informações adicionais sobre a situação política e social é uma das tarefas dos militantes norte-americanos, os quais denunciam que mais de dois biliões de dólares foram roubados dos bolsos dos contribuintes norte-americanos para investir no Plano Colômbia e sustentar o terrorismo de Estado ali praticado.
Simultaneamente, no dia 22, organizações políticas e sociais promoveram concentrações de protesto em Nova Iorque, e em outras cidades do território dos EUA, do exigindo justiça para as vítimas da parapolítica e o fim dos esquadrões da morte na Colômbia.