Contradições inter-imperialistas
OS EUA e a Rússia elevaram, a semana passada, o tom das tensões diplomáticas. Os testes militares iranianos culminaram uma série de episódios reveladores das contradições inter-imperialistas.
A Rússia acompanhou as visitas de Rice à República Checa e Geórgia
O governo do Irão sustentou que os mísseis lançados quinta-feira têm um carácter meramente defensivo e frisou que o seu único objectivo é repelir aqueles que tentem atacar o país, numa clara referência aos EUA e a Israel, vizinho médio oriental que detém 200 ogivas nucleares e um plano operacional para atacar a nação persa.
As potências capitalistas ocidentais reagiram aos acontecimentos argumentando que os projécteis provam que o Irão procura afinar capacidade técnica para construir a bomba atómica.
Os EUA aproveitaram para insistir na escalada agressiva, isto apesar das reiteradas garantias dadas por Teerão sobre o carácter pacífico do seu programa nuclear, garantias que o negociador iraniano, Said Jalili, disse pretender reforçar no próximo sábado, em Genebra, no encontro agendado com o responsável da política externa da União Europeia, Javier Solana.
Acresce que os exercícios iranianos ocorreram dias depois de manobras da frota naval dos EUA na zona do Golfo Pérsico, as quais, de acordo com as justificações de um oficial norte-americano citado por agências internacionais, visam responder à ameaça iraniana de impor maior controlo sobre o Estreito de Ormuz caso Washington e Telavive ataquem o país.
Pelo estreito de Ormuz flúem toneladas de petróleo e gás natural, recursos fundamentais para abastecer a crescente procura de combustíveis fósseis no mercado mundial.
Xadrez russo
No pólo oposto, Moscovo desvalorizou as manobras militares iranianas e procurou deslocar as peças do debate diplomático para o tabuleiro dos seus interesses geo-estratégicos.
Para o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, os ensaios provam que o arsenal militar do Irão é limitado, e, por isso, não representa uma ameaça para a Europa e muito menos para os EUA.
Sergei Lavrov aduziu que o escudo antimíssil que os EUA pretendem instalar na Europa de Leste com o pretexto de se defenderem da ameaça iraniana não faz qualquer sentido.
Com estas declarações sobre a «questão iraniana», Lavrov deslocou o centro das atenções para um acontecimento bem mais importante para o Kremlin e as prioridades da sua política externa: a visita da secretária de Estado norte-americana à República Checa e a assinatura, em Praga, sob um coro de protestos populares, de um acordo bilateral para a instalação de parte do referido aparelho de mísseis naquele país.
Tensão no Cáucaso
Da República Checa, Condoleezza Rice seguiu para a Geórgia onde se encontrou com o presidente Mikhail Saakachvili, aliado norte-americano na região.
Na capital, Tibilissi, Rice tratou de esclarecer que «o futuro da Geórgia passa pela adesão à NATO» e apelou ao «fim da violência na zona dos conflitos na Abkházia e Ossétia do Sul», diferendo para o qual, disse ainda, a Rússia deve participar na solução do problema, e não incentivá-lo.
As regiões da Abkházia e da Ossétia do Sul têm sido palco de um conflito envolvendo a Rússia e a Geórgia. Ainda na semana passada os georgianos acusaram a Rússia de violar o seu espaço aéreo.
Moscovo esclareceu que «surgiu a necessidade de tomar medidas urgentes e reais para impedir o derramamento de sangue e conservar um quadro jurídico pacífico», e revelou ter recebido informações «das forças de manutenção da paz sobre a possibilidade de uma invasão de destacamentos georgianos supostamente para libertar quatro militares detidos pela polícia da Ossétia do Sul».
A troca azeda de palavras sobre a tensão no Cáucaso tem como pano de fundo o cerco à Rússia promovido pelos EUA, quer pelo uso da NATO como principal força de ingerência do imperialismo, quer pela agregação à esfera de influência política e militar norte-americana de algumas ex-repúblicas soviéticas no Leste da Europa e Ásia Central.
Interesses opostos
No encadeamento de reacções em bola de neve e interesses contraditórios, importa lembrar que o governo iraniano tem em marcha um programa de privatizações em sectores chave da sua economia, programa elogiado pelo FMI dada «a rapidez e eficiência» reveladas, e que permite, por exemplo, a transferência dos lucros dos actuais investidores para fora do Irão, na moeda que estes desejem, e a compra de centenas de empresas estatais a preços de saldo em lucrativas áreas de negócio.
Neste contexto, aparentemente, os EUA não teriam interesse em ameaçar militarmente e com sanções económicas o Irão, acções que inviabilizam o programa de privatizações tão ao gosto de Washington e dos interesses que serve.
Num artigo publicado no sítio Internet www.globalrecearch.ca, o professor Michel Chaussodovsky sustenta, no entanto, que a agressividade do imperialismo norte-americano se deve ao facto de os capitais da China e da Rússia, mas também da Itália, Japão, França, Índia, Noruega, Coreia do Sul, Suécia, Suíça e Alemanha lideraram a lista de potenciais investidores no programa de privatizações do Irão, batendo as multinacionais norte-americanas e motivando a reacção violenta de Washington.
As potências capitalistas ocidentais reagiram aos acontecimentos argumentando que os projécteis provam que o Irão procura afinar capacidade técnica para construir a bomba atómica.
Os EUA aproveitaram para insistir na escalada agressiva, isto apesar das reiteradas garantias dadas por Teerão sobre o carácter pacífico do seu programa nuclear, garantias que o negociador iraniano, Said Jalili, disse pretender reforçar no próximo sábado, em Genebra, no encontro agendado com o responsável da política externa da União Europeia, Javier Solana.
Acresce que os exercícios iranianos ocorreram dias depois de manobras da frota naval dos EUA na zona do Golfo Pérsico, as quais, de acordo com as justificações de um oficial norte-americano citado por agências internacionais, visam responder à ameaça iraniana de impor maior controlo sobre o Estreito de Ormuz caso Washington e Telavive ataquem o país.
Pelo estreito de Ormuz flúem toneladas de petróleo e gás natural, recursos fundamentais para abastecer a crescente procura de combustíveis fósseis no mercado mundial.
Xadrez russo
No pólo oposto, Moscovo desvalorizou as manobras militares iranianas e procurou deslocar as peças do debate diplomático para o tabuleiro dos seus interesses geo-estratégicos.
Para o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, os ensaios provam que o arsenal militar do Irão é limitado, e, por isso, não representa uma ameaça para a Europa e muito menos para os EUA.
Sergei Lavrov aduziu que o escudo antimíssil que os EUA pretendem instalar na Europa de Leste com o pretexto de se defenderem da ameaça iraniana não faz qualquer sentido.
Com estas declarações sobre a «questão iraniana», Lavrov deslocou o centro das atenções para um acontecimento bem mais importante para o Kremlin e as prioridades da sua política externa: a visita da secretária de Estado norte-americana à República Checa e a assinatura, em Praga, sob um coro de protestos populares, de um acordo bilateral para a instalação de parte do referido aparelho de mísseis naquele país.
Tensão no Cáucaso
Da República Checa, Condoleezza Rice seguiu para a Geórgia onde se encontrou com o presidente Mikhail Saakachvili, aliado norte-americano na região.
Na capital, Tibilissi, Rice tratou de esclarecer que «o futuro da Geórgia passa pela adesão à NATO» e apelou ao «fim da violência na zona dos conflitos na Abkházia e Ossétia do Sul», diferendo para o qual, disse ainda, a Rússia deve participar na solução do problema, e não incentivá-lo.
As regiões da Abkházia e da Ossétia do Sul têm sido palco de um conflito envolvendo a Rússia e a Geórgia. Ainda na semana passada os georgianos acusaram a Rússia de violar o seu espaço aéreo.
Moscovo esclareceu que «surgiu a necessidade de tomar medidas urgentes e reais para impedir o derramamento de sangue e conservar um quadro jurídico pacífico», e revelou ter recebido informações «das forças de manutenção da paz sobre a possibilidade de uma invasão de destacamentos georgianos supostamente para libertar quatro militares detidos pela polícia da Ossétia do Sul».
A troca azeda de palavras sobre a tensão no Cáucaso tem como pano de fundo o cerco à Rússia promovido pelos EUA, quer pelo uso da NATO como principal força de ingerência do imperialismo, quer pela agregação à esfera de influência política e militar norte-americana de algumas ex-repúblicas soviéticas no Leste da Europa e Ásia Central.
Interesses opostos
No encadeamento de reacções em bola de neve e interesses contraditórios, importa lembrar que o governo iraniano tem em marcha um programa de privatizações em sectores chave da sua economia, programa elogiado pelo FMI dada «a rapidez e eficiência» reveladas, e que permite, por exemplo, a transferência dos lucros dos actuais investidores para fora do Irão, na moeda que estes desejem, e a compra de centenas de empresas estatais a preços de saldo em lucrativas áreas de negócio.
Neste contexto, aparentemente, os EUA não teriam interesse em ameaçar militarmente e com sanções económicas o Irão, acções que inviabilizam o programa de privatizações tão ao gosto de Washington e dos interesses que serve.
Num artigo publicado no sítio Internet www.globalrecearch.ca, o professor Michel Chaussodovsky sustenta, no entanto, que a agressividade do imperialismo norte-americano se deve ao facto de os capitais da China e da Rússia, mas também da Itália, Japão, França, Índia, Noruega, Coreia do Sul, Suécia, Suíça e Alemanha lideraram a lista de potenciais investidores no programa de privatizações do Irão, batendo as multinacionais norte-americanas e motivando a reacção violenta de Washington.