Objectiva roubalheira?
Uma das questões pertencentes à área da «grande» C&T é a que se refere às formas novas como são implementados os seus conhecimentos, os seus saberes, os seus resultados, o modo como são introduzidas as inovações, na vida das sociedades e do Planeta – Planeta para aqui, Planeta para ali, pois, como está na moda invocar, talvez para exorcizar o termo Globo (com razão, e quantas vezes com grandes doses de demagogia à mistura). Para além do mais, hoje em dia, as verdadeiras inovações são maioritariamente tributárias da C&T, daí a inevitabilidade de, ao analisar este tema, ter de se o fazer ser debaixo da grande asa da C&T ou, dito de outra maneira, apontando o processo de análise segundo a perspectiva da C&T.
Vem este ruminar a propósito dos novos cartões-bilhetes do Metro de Lisboa, os verdes e os outros não verdes – uma iniciativa talvez conotável – nas nossas cabeças – com a «famosa» onda simplex lançada a nível do Estado. Pelo menos foi o que ocorreu logo ao autor destas linhas. A conotação também podia ser outra – ocorreu-me também a fixação já um pouco esvaída no Plano Tecnológico, e, de qualquer forma, aqui, o Metro poderia estar a desempenhar a sua parte! Mas adiante…
Ora vejam lá – dirão – uma coisa tão simples, o impacto dos novos bilhetes do Metropolitano. Que ridículo. Podia, pelo contrário, ser tomado como exemplo, ser reintroduzida a tão ex-mediática inovação da implementação, já vão alguns anos – o tempo passa célere e a memória já saltou em diante, entretanto, de não sei quantos factos políticos e de outros eventos mediáticos, não é?–-, dizíamos, já lá vai o tempo da implementação do programa informático para colocação dos professores nas escolas [públicas] do País e da confusão que na altura se gerou. Ou podia ser tomado um outro exemplo, ainda respigado da área da Educação, o exemplo mais recente da tentativa implementação, sem mais, da novo método avaliação dos professores – por estes patrioticamente travado. Mas é mesmo dos novos bilhetes do Metro de Lisboa que quero falar aqui. Até porque o processo da sua introdução veio envolvido numa campanha de cidadania ambiental, de amizade pelo ambiente; até porque, segundo os seus promotores, estaríamos perante um florescer de verdura com este tipo de bilhetes, um dos quais, o mais corriqueiro, até é verde.
Bilhetes que serão muito amigos do ambiente, seriam. Mas dos utentes, sobretudo dos não suficientemente prevenidos, é que não são. De princípio, nos tempos de arranque dos novos bilhetes, tolerava melhor o utente o chegar à estação, com pressa, e ficar na fila das máquinas à espera que aquilo andasse, a sentir os comboios a chegar e a partir, e o afinal candidato a utente a não poder apanhá-los. Depois, ao fim de comprar, hoje e amanhã, vários bilhetes verdes por um elevado preço, acabou o utente por perceber o esquema de recarga, começando a pagar menos (entretanto o preço das viagens já foi aumentado). Agora, esquecendo-se do bilhete verde em casa, ou volta a casa para o ir buscar, e pode não encontrá-lo, gastou o «seu» tempo, e acaba por ter de comprar um novo. Entre outras situações que também acontecem, está a dos bilhetes que se deterioram quase logo, e já não são recarregáveis – torna a comprar outro bilhete, Zé. O empregado do Metro a sugerir: vá protestar, envie um mail… etc..
Mas, para além do utente acabar por pagar mais, por via desta compra extra de títulos recarregáveis – o que representa um aumento de receitas para o Metro, mas quero acreditar que este método de espoliação do utente não fosse um objectivo da empresa, embalando-nos nas verduras da sua campanha –, para além desta despesa extra e dos transtornos em termos de tempo extra gasto pelos utentes – quem nos deve atender e ajudar, sozinho, estando presente, com frequência não tem mãos a medir, se bem que os «seguranças», sempre prestáveis, também ajudem a resolver os múltiplos problemas emergentes, para além disto, portanto, estaria ainda a eficiência do processo, a celebrada automatização, a eficiência para a empresa, o supra-sumo tecnológico. Bem, nessa acredito. Diminui o número de trabalhadores regulares na prestação do serviço, pagam os utentes, de sobra, o papel dos bilhetes, etc.. Ganha-se eficiência à custa da exogeneização para o utente das ineficiências. Vá, neguem.
Fôssemos ingénuos, acreditássemos na bondade das suas intenções, desabafaríamos: se ao menos o Metro tivesse pensado numa experiência piloto antes de provocar este desastre saído, sem mais, de tão brilhantes cabeças…
Vem este ruminar a propósito dos novos cartões-bilhetes do Metro de Lisboa, os verdes e os outros não verdes – uma iniciativa talvez conotável – nas nossas cabeças – com a «famosa» onda simplex lançada a nível do Estado. Pelo menos foi o que ocorreu logo ao autor destas linhas. A conotação também podia ser outra – ocorreu-me também a fixação já um pouco esvaída no Plano Tecnológico, e, de qualquer forma, aqui, o Metro poderia estar a desempenhar a sua parte! Mas adiante…
Ora vejam lá – dirão – uma coisa tão simples, o impacto dos novos bilhetes do Metropolitano. Que ridículo. Podia, pelo contrário, ser tomado como exemplo, ser reintroduzida a tão ex-mediática inovação da implementação, já vão alguns anos – o tempo passa célere e a memória já saltou em diante, entretanto, de não sei quantos factos políticos e de outros eventos mediáticos, não é?–-, dizíamos, já lá vai o tempo da implementação do programa informático para colocação dos professores nas escolas [públicas] do País e da confusão que na altura se gerou. Ou podia ser tomado um outro exemplo, ainda respigado da área da Educação, o exemplo mais recente da tentativa implementação, sem mais, da novo método avaliação dos professores – por estes patrioticamente travado. Mas é mesmo dos novos bilhetes do Metro de Lisboa que quero falar aqui. Até porque o processo da sua introdução veio envolvido numa campanha de cidadania ambiental, de amizade pelo ambiente; até porque, segundo os seus promotores, estaríamos perante um florescer de verdura com este tipo de bilhetes, um dos quais, o mais corriqueiro, até é verde.
Bilhetes que serão muito amigos do ambiente, seriam. Mas dos utentes, sobretudo dos não suficientemente prevenidos, é que não são. De princípio, nos tempos de arranque dos novos bilhetes, tolerava melhor o utente o chegar à estação, com pressa, e ficar na fila das máquinas à espera que aquilo andasse, a sentir os comboios a chegar e a partir, e o afinal candidato a utente a não poder apanhá-los. Depois, ao fim de comprar, hoje e amanhã, vários bilhetes verdes por um elevado preço, acabou o utente por perceber o esquema de recarga, começando a pagar menos (entretanto o preço das viagens já foi aumentado). Agora, esquecendo-se do bilhete verde em casa, ou volta a casa para o ir buscar, e pode não encontrá-lo, gastou o «seu» tempo, e acaba por ter de comprar um novo. Entre outras situações que também acontecem, está a dos bilhetes que se deterioram quase logo, e já não são recarregáveis – torna a comprar outro bilhete, Zé. O empregado do Metro a sugerir: vá protestar, envie um mail… etc..
Mas, para além do utente acabar por pagar mais, por via desta compra extra de títulos recarregáveis – o que representa um aumento de receitas para o Metro, mas quero acreditar que este método de espoliação do utente não fosse um objectivo da empresa, embalando-nos nas verduras da sua campanha –, para além desta despesa extra e dos transtornos em termos de tempo extra gasto pelos utentes – quem nos deve atender e ajudar, sozinho, estando presente, com frequência não tem mãos a medir, se bem que os «seguranças», sempre prestáveis, também ajudem a resolver os múltiplos problemas emergentes, para além disto, portanto, estaria ainda a eficiência do processo, a celebrada automatização, a eficiência para a empresa, o supra-sumo tecnológico. Bem, nessa acredito. Diminui o número de trabalhadores regulares na prestação do serviço, pagam os utentes, de sobra, o papel dos bilhetes, etc.. Ganha-se eficiência à custa da exogeneização para o utente das ineficiências. Vá, neguem.
Fôssemos ingénuos, acreditássemos na bondade das suas intenções, desabafaríamos: se ao menos o Metro tivesse pensado numa experiência piloto antes de provocar este desastre saído, sem mais, de tão brilhantes cabeças…