Um brutal crime do fascismo
A 23 de Junho de 1958, foi assassinado pelo fascismo, em Montemor-o-Novo, o comunista José Adelino dos Santos. Meio século depois, o PCP homenageou este militante.
O assassinato foi premeditado e o alvo escolhido
Cerca de duas centenas de pessoas participaram, segunda-feira, no comício de homenagem a José Adelino dos Santos, na praça onde se situa actualmente a Câmara Municipal de Montemor-o-Novo, local onde foi assassinado há 50 anos. José Casanova, da Comissão Política, começou por sublinhar a «oportunidade desta iniciativa», num tempo em que está em curso uma «poderosa campanha de branqueamento do fascismo».
Rejeitando aqueles que procuram fazer crer que não houve fascismo em Portugal e que «a PIDE prendeu pouco e matou pouco», o director do Avante! afirmou: «em Portugal houve fascismo – fascismo com todas as suas características essenciais, explorador, brutal, opressivo, repressivo, que prendia, torturava e assassinava quem se lhe opunha.» Os acontecimentos de Junho de 1958 em Montemor-o-Novo comprovam, em sua opinião, a existência, no Portugal desse tempo, de fascismo e de resistência antifascista.
Depois de abordar a questão das «eleições» de 1958 e das grandes acções de massas desses meses, e da violenta repressão fascista, José Casanova lembrou a greve iniciada em 23 de Junho em Montemor. Nesse dia, contou, «cerca de 300 trabalhadores em greve – greve por melhores salários, mas essencialmente contra a burla eleitoral – concentraram-se aqui, frente ao edifício da Câmara».
Entre os presentes estava José Adelino dos Santos, relatou o dirigente do PCP. «Numa altura em que falava com outros trabalhadores, de costas para a Câmara, foi atingido por um tiro disparado, julga-se, do interior do edifício. Não foi um tiro de acaso: foi um tiro dirigido: dirigido ao militante comunista José Adelino dos Santos.»
A PIDE tentou que o funeral não fosse para o cemitério local. Mas o povo de Montemor «não deixou», valorizou José Casanova. No cortejo fúnebre, incorporaram-se cerca de 5 mil pessoas, numa «impressionante jornada de luta pelos objectivos que sempre nortearam a vida e a acção do camarada José Adelino dos Santos», continuou o director do Avante!. Objectivos que hoje, passados 50 anos, constituem uma referência e fonte de força para a «nossa luta contra a política de direita levada a cabo pelo Governo do PS/Sócrates e por uma política de esquerda aos serviço dos interesses dos trabalhadores, do povo e do País».
Transportar para o presente o espírito lutador
Antes, Carlos Pinto de Sá, membro da Comissão Concelhia e presidente da Câmara Municipal, já havia sublinhado a importância da luta antifascista e de lutadores como José Adelino dos Santos e da necessidade de se transportar para os dias de hoje esse «espírito lutador, essa determinação de nunca deixar de lutar». Presentes no comício estavam familiares do homenageado – filha e neto, também eles militantes do PCP – e muitos outros participantes da greve de Junho de 1958.
Na romagem ao cemitério onde está sepultado José Adelino dos Santos, António Gervásio recordou os acontecimentos, que não viveu, mas que acompanhou de perto, na clandestinidade. «Quem mandou matar e quem disparou o tiro fatal? O guarda Cassiano, da GNR local, foi acusado por muitas pessoas de ser o assassino de José Adelino dos Santos. Mas ninguém disse: eu vi o tiro!»
Para António Gervásio, que na altura controlava o Alto Alentejo, o então presidente da Câmara, José Vacas, e o comandante da GNR, que estavam no edifício, «sabiam certamente quem mandou matar e quem deu o tiro fatal». Um tiro que, garante, não foi ao acaso.
Coragem e dedicação
José Adelino dos Santos foi, desde a juventude, um corajoso resistente antifascista. Militante do PCP desde os primeiros anos da década de 40, teve um destacado papel no desenvolvimento da organização em Montemor-o-Novo, juntamente com outros camaradas, nos anos 40 e 50.
Pela sua entrega à luta dos trabalhadores alentejanos, foi preso duas vezes – em 1945 e 1949 – e brutalmente torturado, sofrendo um total de 3 anos de prisão. Foi assassinado, com um tiro, durante uma manifestação, a 23 de Junho de 1958. Tinha 46 anos.
Rejeitando aqueles que procuram fazer crer que não houve fascismo em Portugal e que «a PIDE prendeu pouco e matou pouco», o director do Avante! afirmou: «em Portugal houve fascismo – fascismo com todas as suas características essenciais, explorador, brutal, opressivo, repressivo, que prendia, torturava e assassinava quem se lhe opunha.» Os acontecimentos de Junho de 1958 em Montemor-o-Novo comprovam, em sua opinião, a existência, no Portugal desse tempo, de fascismo e de resistência antifascista.
Depois de abordar a questão das «eleições» de 1958 e das grandes acções de massas desses meses, e da violenta repressão fascista, José Casanova lembrou a greve iniciada em 23 de Junho em Montemor. Nesse dia, contou, «cerca de 300 trabalhadores em greve – greve por melhores salários, mas essencialmente contra a burla eleitoral – concentraram-se aqui, frente ao edifício da Câmara».
Entre os presentes estava José Adelino dos Santos, relatou o dirigente do PCP. «Numa altura em que falava com outros trabalhadores, de costas para a Câmara, foi atingido por um tiro disparado, julga-se, do interior do edifício. Não foi um tiro de acaso: foi um tiro dirigido: dirigido ao militante comunista José Adelino dos Santos.»
A PIDE tentou que o funeral não fosse para o cemitério local. Mas o povo de Montemor «não deixou», valorizou José Casanova. No cortejo fúnebre, incorporaram-se cerca de 5 mil pessoas, numa «impressionante jornada de luta pelos objectivos que sempre nortearam a vida e a acção do camarada José Adelino dos Santos», continuou o director do Avante!. Objectivos que hoje, passados 50 anos, constituem uma referência e fonte de força para a «nossa luta contra a política de direita levada a cabo pelo Governo do PS/Sócrates e por uma política de esquerda aos serviço dos interesses dos trabalhadores, do povo e do País».
Transportar para o presente o espírito lutador
Antes, Carlos Pinto de Sá, membro da Comissão Concelhia e presidente da Câmara Municipal, já havia sublinhado a importância da luta antifascista e de lutadores como José Adelino dos Santos e da necessidade de se transportar para os dias de hoje esse «espírito lutador, essa determinação de nunca deixar de lutar». Presentes no comício estavam familiares do homenageado – filha e neto, também eles militantes do PCP – e muitos outros participantes da greve de Junho de 1958.
Na romagem ao cemitério onde está sepultado José Adelino dos Santos, António Gervásio recordou os acontecimentos, que não viveu, mas que acompanhou de perto, na clandestinidade. «Quem mandou matar e quem disparou o tiro fatal? O guarda Cassiano, da GNR local, foi acusado por muitas pessoas de ser o assassino de José Adelino dos Santos. Mas ninguém disse: eu vi o tiro!»
Para António Gervásio, que na altura controlava o Alto Alentejo, o então presidente da Câmara, José Vacas, e o comandante da GNR, que estavam no edifício, «sabiam certamente quem mandou matar e quem deu o tiro fatal». Um tiro que, garante, não foi ao acaso.
Coragem e dedicação
José Adelino dos Santos foi, desde a juventude, um corajoso resistente antifascista. Militante do PCP desde os primeiros anos da década de 40, teve um destacado papel no desenvolvimento da organização em Montemor-o-Novo, juntamente com outros camaradas, nos anos 40 e 50.
Pela sua entrega à luta dos trabalhadores alentejanos, foi preso duas vezes – em 1945 e 1949 – e brutalmente torturado, sofrendo um total de 3 anos de prisão. Foi assassinado, com um tiro, durante uma manifestação, a 23 de Junho de 1958. Tinha 46 anos.