Ferroviários exigem mudança
Centenas de trabalhadores do sector ferroviário manifestaram-se anteontem em Lisboa, por aumentos reais dos salários, contra discriminações e para que o caminho-de-ferro sirva efectivamente os interesses do País.
Estas políticas não servem o sector nem o País
A jornada foi promovida por 12 organizações representativas: as comissões de trabalhadores da CP, da EMEF e da Refer, o SNTSF/CGTP-IN e outros oito sindicatos (SNAQ, ASCEF, SINFB, SFRCI, SITRENS, STF, Fentoco e FNF), num «forte movimento de unidade na acção», como referiram num comunicado conjunto.
Os ferroviários começaram por se concentrar na estação do Rossio, de onde seguiram, em manifestação, até ao Ministério das Obras Públicas, onde entregaram uma resolução no gabinete da secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino.
As organizações promotoras deste protesto apontam, como «razões mais que suficientes para lutarmos»:
- o aumento das dificuldades para os ferroviários; é que, com os processos de desmembramento e reestruturação das empresas, têm sido extintos milhares de postos de trabalho, o que faz aumentar os ritmos e cargas de trabalho daqueles que permaneceram;
- a perda de poder de compra; embora haja crescimento da produtividade, as administrações (nomeadas pelo Governo) procuram, sistematicamente, reduzir os salários reais dos ferroviários, actualizados ano após ano em valores inferiores à inflação, o que está a acontecer, novamente, em 2008;
- discriminações de jovens; continua a haver trabalhadores que são discriminados em relação aos demais, apenas porque entraram mais recentemente nalgumas empresas do sector; por outro lado, aumenta, sobretudo entre estes, a precariedade no emprego;
- as empresas continuam a produzir injustiças nos sistemas de avaliação dos trabalhadores e, na CP, fogem a negociar novo Regulamento de Carreiras;
- a revisão anunciada do Código do Trabalho; o Governo prepara-se para agravar, ainda mais, a legislação laboral, reduzindo o trabalhador a um mero instrumento dos interesses dos patrões e empresas.
«Estas são razões mais que suficientes para lutarmos», afirmam as estruturas representativas, lembrando que «já se desenvolveram grandes lutas no sector ferroviário por muito menos» e sublinhando que «ficar de braços cruzados é deixar que esta situação se agrave ainda mais».
Em declarações aos jornalistas, durante a manifestação de anteontem, dirigentes sindicais admitiram a hipótese de recorrer à greve. Denunciaram o facto de, nos últimos 15 anos, a redução de pessoal ter sido de cerca de 50 por cento, favorecendo a entrega de serviço a terceiros.
Nova proposta da Refer
O SNTSF registou, em comunicado que emitiu dia 1, que «o anúncio da manifestação nacional criou novas dinâmicas na negociação colectiva nas empresas», com propostas a serem alteradas «à medida que se aproximava a data desta importante acção de luta».
Foi o que sucedeu com a Refer, cuja administração apresentou uma nova proposta salarial, na segunda-feira, a qual já abrange todas as cláusulas de expressão pecuniária, conforme o sindicato exigia. São apresentadas intenções, relativamente à organização dos horários e dos períodos de descanso, que são contrariadas pela prática «em muitos locais», onde o sindicato vê que «estão a aumentar os horários de trabalho, para reduzir os postos de trabalho».
Ficando «distante daquilo que é a reivindicação dos trabalhadores da Refer», pois não garante aumento real dos salários, o sindicato congratula-se por esta ser já uma proposta diferente da inicial. Contudo, previne, «a nossa decisão será construída com os trabalhadores».
CP boicota
Na semana passada, realizada a terceira reunião de negociação da revisão do Acordo de Empresa da CP, o SNTSF acusou o conselho de gerência de boicotar a actualização dos salários, já que não houve «qualquer evolução para além da proposta inicial, feita apenas na segunda reunião».
O sindicato insiste que um acordo salarial deverá abranger todas as cláusulas de expressão pecuniária e cobrir o valor da inflação, para aumentar o poder de compra dos trabalhadores. A seguir à revisão salarial, deverá encetar-se um processo de revisão do Regulamento de Carreiras.
Os representantes da empresa, «numa clara posição de boicote da negociação, limitam-se a empatar tempo, até dizendo que a proposta que apresentaram não é a última, vindo logo de seguida com o estafado palavreado da crise só para alguns», afirma o sindicato.
Os ferroviários começaram por se concentrar na estação do Rossio, de onde seguiram, em manifestação, até ao Ministério das Obras Públicas, onde entregaram uma resolução no gabinete da secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino.
As organizações promotoras deste protesto apontam, como «razões mais que suficientes para lutarmos»:
- o aumento das dificuldades para os ferroviários; é que, com os processos de desmembramento e reestruturação das empresas, têm sido extintos milhares de postos de trabalho, o que faz aumentar os ritmos e cargas de trabalho daqueles que permaneceram;
- a perda de poder de compra; embora haja crescimento da produtividade, as administrações (nomeadas pelo Governo) procuram, sistematicamente, reduzir os salários reais dos ferroviários, actualizados ano após ano em valores inferiores à inflação, o que está a acontecer, novamente, em 2008;
- discriminações de jovens; continua a haver trabalhadores que são discriminados em relação aos demais, apenas porque entraram mais recentemente nalgumas empresas do sector; por outro lado, aumenta, sobretudo entre estes, a precariedade no emprego;
- as empresas continuam a produzir injustiças nos sistemas de avaliação dos trabalhadores e, na CP, fogem a negociar novo Regulamento de Carreiras;
- a revisão anunciada do Código do Trabalho; o Governo prepara-se para agravar, ainda mais, a legislação laboral, reduzindo o trabalhador a um mero instrumento dos interesses dos patrões e empresas.
«Estas são razões mais que suficientes para lutarmos», afirmam as estruturas representativas, lembrando que «já se desenvolveram grandes lutas no sector ferroviário por muito menos» e sublinhando que «ficar de braços cruzados é deixar que esta situação se agrave ainda mais».
Em declarações aos jornalistas, durante a manifestação de anteontem, dirigentes sindicais admitiram a hipótese de recorrer à greve. Denunciaram o facto de, nos últimos 15 anos, a redução de pessoal ter sido de cerca de 50 por cento, favorecendo a entrega de serviço a terceiros.
Nova proposta da Refer
O SNTSF registou, em comunicado que emitiu dia 1, que «o anúncio da manifestação nacional criou novas dinâmicas na negociação colectiva nas empresas», com propostas a serem alteradas «à medida que se aproximava a data desta importante acção de luta».
Foi o que sucedeu com a Refer, cuja administração apresentou uma nova proposta salarial, na segunda-feira, a qual já abrange todas as cláusulas de expressão pecuniária, conforme o sindicato exigia. São apresentadas intenções, relativamente à organização dos horários e dos períodos de descanso, que são contrariadas pela prática «em muitos locais», onde o sindicato vê que «estão a aumentar os horários de trabalho, para reduzir os postos de trabalho».
Ficando «distante daquilo que é a reivindicação dos trabalhadores da Refer», pois não garante aumento real dos salários, o sindicato congratula-se por esta ser já uma proposta diferente da inicial. Contudo, previne, «a nossa decisão será construída com os trabalhadores».
CP boicota
Na semana passada, realizada a terceira reunião de negociação da revisão do Acordo de Empresa da CP, o SNTSF acusou o conselho de gerência de boicotar a actualização dos salários, já que não houve «qualquer evolução para além da proposta inicial, feita apenas na segunda reunião».
O sindicato insiste que um acordo salarial deverá abranger todas as cláusulas de expressão pecuniária e cobrir o valor da inflação, para aumentar o poder de compra dos trabalhadores. A seguir à revisão salarial, deverá encetar-se um processo de revisão do Regulamento de Carreiras.
Os representantes da empresa, «numa clara posição de boicote da negociação, limitam-se a empatar tempo, até dizendo que a proposta que apresentaram não é a última, vindo logo de seguida com o estafado palavreado da crise só para alguns», afirma o sindicato.