Zangam-se as comadres ou o «NAL»

Francisco Silva
O apontar «técnico» para Alcochete, em pleno deserto português, assim referido com brilho pelo Eng.º Mário Lino no célebre almoço organizado pela Ordem dos Economistas, isto é, Lic. Murteira Nabo - dúvida de quem escreve: almoço ou jantar? pois, para o efeito, tanto dá -, deserto ou seja Alentejo, uma região que, além disso, como o Lic. Almeida Santos pareceu dar entender, é ninho de terroristas, e vai não vai, estes colocam eficazmente bombas na «ponte», rebentando-a, e poderiam assim isolar o País do deserto, ou seja do Alentejo - ele, o ex-Presidente da AR, não será bacoco, mas quer que nós mansamente aceitemos ser bacocos -, portanto, dizíamos, seguindo o apontar técnico do LNEC para Alcochete como localização ideal do «NAL», como já chamam ao novo aeroporto de Lisboa - o aeroporto internacional de Los Angeles é o «LAX», olha a moda a pegar nos «amaricanos» de cá! -, seguindo o tal resultado lá esteve a sempre prestimosa «doutora» Fátima com mais um programa «Prós e Contras» sobre a decisão aeroportuária. Mais um programa a que não consegui assistir para além da primeira parte… ala que se faz tarde e a gente tem que ir dormir para poder ir de força de trabalho em forma para a actividade laboral algumas horas mais tarde.
Sei que estavam presentes técnicos e autarcas na assistência residente no auditório daquela sessão do Prós e Contras, mas não pude chegar a ouvi-los. E foi pena, sobretudo relativamente aos autarcas do deserto, aos autarcas dos municípios mais ligados à implementação do NAL. A questão é que quem só pode ouvir as primeiras partes é «obrigado» a ouvir apenas as personalidades convidadas para o palco. Julgava que eram seis, neste caso eram só quatro, o que pode facilitar a focar melhor a passagem da mensagem para o público, mas retira-lhe um pouco o efeito «democrático» e glamoroso. Não sei qual será o efeito líquido na captação do público. Mas, pelo menos, facilita a exclusão de terceiros não afectos ao«“bloco central de interesses». Nem sequer leva a ter de incluir CDSs - agora tão em queda - ou bloquistas a fazer de ersatz da área do PCP.
Desta vez a falta de alguém da linha CDU no palco, nomeadamente do PCP, foi gritante ao ponto de quebrar paredes de cristal, claro, em termos de serviço público para quem tem de abandonar a seguir à primeira parte do show - sobretudo sabendo-se que o NAL deverá vir a ser implementado numa zona de predominância CDU no respectivo Poder Local, uma força que durante anos apoiou e desenvolveu lutas com o objectivo de que o NAL fosse para a zona para onde agora se diz que vai.
Poder-se-á dizer que, aparte o «técnico» Presidente do LNEC, as outras três personalidades presentes conseguiam exprimir, nem que fosse sob a forma contraditória própria de zangadas comadres, sensibilidades próximas do PCP - Henrique Neto (HN), sobretudo, mas também Zita Seabra (ZS) e Mário Lino (ML). Estes dois últimos, não apenas por relembrarem as estórias das rasuras de Trotski e a influência da União Soviética no PCP, mas também por saírem em apoio de um Laboratório de Estado (LE) como o LNEC (ML) ou da participação das «populações» no processo, neste caso os lobbies do grande capital (ZS). Pelo seu lado, HN lembrou a obra de fragilização dos LEs levada a cabo pelo Governo (Mariano Gago, em particular) e a luta entre fracções da burguesia desde 1383 (!), outra vez ganha pelo grande capital ao resto da burguesia, ao ser escolhido Alcochete para o NAL. Enfim.
Importa aqui notar, nesta fase do processo, o papel do LNEC que por um milhão de Euros fez o que os outros escandalosamente não conseguiram fazer, bilionariamente pagos em estudos por centenas de milhões de Euros, como foi referido naquela emissão dos Prós e Contras. Poder-se-á astutamente argumentar que o estudo do LNEC beneficiou daqueles todos. Mas, de qualquer maneira, senhores professores, que trabalham em profissão liberal sob a capa de centros de estudos universitários, não venham com balelas de quem ganha à sombra de processos de copy-paste amplificados com a ajuda das tecnologias powerpointescas próprias da Sociedade da Informação, ou será do Conhecimento?
Que o exemplo do LNEC frutifique, que o Estado Central e particularmente o Local, não se deixe continuar a ir atrás de «credíveis mediatíssimos». Mantenham pois os vossos recursos de know-how necessário, não sejam agentes da sua destruição para depois terem que ficar à mercê de «consultores», pagos a peso de ouro através de recursos escassos para satisfazer as prementes necessidades das populações…


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