Miguel Madeira fala sobre reunião do Conselho Geral da FMJD

Educação, emprego e militarismo preocupam jovens do mundo

Começa amanhã, sexta-feira, e prolonga-se até domingo, em Lisboa, no Parque das Nações, uma reunião do Conselho Geral da Federação Mundial da Juventude Democrática, o órgão máximo da Federação entre assembleias, que se realizam de quatro em quatro anos. Ali será abordada a situação e linhas de trabalho a desenvolver por parte da FMJD e suas organizações, no combate ao imperialismo e na luta por uma paz duradoura e com direitos para os jovens do mundo. Neste evento participarão mais de 70 delegados de países de todos os continentes do mundo, representando as várias organizações membro da FMJD, organização de reconhecida projecção mundial (tendo recebido da ONU a distinção de «Mensageiro da Paz»), que actualmente é presidida por uma organização portuguesa: a Juventude Comunista Portuguesa.
«Depois de se ter realizado, em Hanói, Vietname, em Março de 2007, a última Assembleia da FMJD, onde a JCP foi reeleita por unanimidade, esta vai ser a primeira reunião do Conselho Geral, órgão composto por 35 organizações, sete por cada região do mundo. Ali, além da análise à situação política e social dos jovens nos diferentes países, vamos perspectivar, discutir e adoptar o plano de acção para 2008», explicou Miguel Madeira.
Em entrevista ao Avante!, o presidente da FMJD sublinhou a necessidade da participação activa da Federação nas iniciativas das suas organizações, visto não ser uma entidade supranacional, mas resultado daquilo que são as suas organizações em cada país. Neste sentido, Miguel Madeira, avançou com a ideia de a FMJD poder vir a realizar, no início de Abril, com uma campanha a nível internacional sobre as questões da educação.
«Obviamente esta campanha terá que ter em linha de conta as diferentes realidades que esta temática tem nos diferentes países e nas regiões do mundo e sobretudo procurar conhecer mais experiências de trabalho e de luta», afirmou, dando o exemplo da Índia «onde a iliteracia assume proporções nada comparáveis com a realidade portuguesa».
Para 2009 e 2010 estão previstas outras campanhas, nomeadamente sobre «emprego» e outra sobre «bases militares imperialistas». «Vamos ainda proceder ao balanço da organização durante todo o ano de 2008 e actualizar os nossos contactos, tudo numa perspectiva de reforçar e reactivar a sua participação na FMJD. Queremos que se envolvam mais, e, sobretudo, que desenvolvam o seu trabalho a nível nacional, dando a conhecer aquilo que é a Federação, um espaço, como não há outro, onde se partilhem experiências de luta», valorizou Miguel Madeira.
«Organizações que se assumem como anti-imperialistas», acrescentou, revelando que a FMJD está a trabalhar numa missão de solidariedade aos países da ex-Jugoslávia, com o objectivo de «conhecer a sua realidade e, de alguma forma, demonstrar a nossa solidariedade com a juventude desses países, com a luta desses povos».
Com esta reunião, que se inicia já amanhã, sexta-feira, pretende-se ainda reforçar a regularidade do funcionamento dos órgãos da Federação. «Isto foi conseguido nos últimos anos e a perspectiva é para manter, continuar e reforçar. Estamos muito satisfeitos até porque, pela primeira vez na última década, conseguimos realizar reuniões em cada uma das regiões, inclusive em África, no sentido de preparar o Conselho Geral», referiu o presidente da FMJD.
Em Lisboa, irá ainda ser abordado o próximo Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes, que, em 2007, comemorou 60 anos.

Novas perspectivas

Com a eleição da JCP, o percurso da FMJD foi, entretanto, consolidado, o que permitiu abrir novas perspectivas na última Assembleia. «Houve passos importantes que foram dados na Federação, sobretudo desde 1999, com a Juventude Comunista da Grécia. Quando a JCP foi eleita pela primeira vez, em 2003, e reeleita, em 2007, havia condições, não apenas para continuar o bom trabalho, mas para ir mais longe e reforçá-lo», disse Miguel Madeira, reforçando a ideia de que «tudo isto não está desligado do contexto internacional em que vivem os povos do mundo e a juventude, uma camada social particularmente afectada pela política imperialista e pela ofensiva capitalista que existe» e, obviamente, «quanto maior é a ofensiva, maior é a resposta».
«Os pequenos passos que têm vindo a ser dados dão-nos um optimismo necessário para enfrentar o futuro, numa perspectiva de reforço, com os contactos com as organizações, com o reforço e a regularidade do trabalho, com o envolvimento de mais organizações, ouvindo as suas opiniões, tendo o seu contributo naquilo que é a construção colectiva de opinião e o trabalho conjunto da Federação», destacou o presidente do FMJD.
Miguel Madeira revelou ainda que, com o início do mandato da JCP, foi retomada a organização do arquivo histórico da FMJD. «Estamos a falar, por certo, do mais importante legado histórico do maior movimento anti-imperialista da segunda metade do século XX. Muito já foi conseguido mas, obviamente, ainda há muita coisa para fazer, na perspectiva de não ter apenas um arquivo histórico inerte. Queremos resgatar aquilo que foi o papel da FMJD na libertação dos povos e transportar isso para a nossa acção do dia a dia, ligando as lutas do passado às lutas da juventude a nível mundial».


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