União Africana gere conflito
Governo e oposição continuam de costas voltadas no Quénia. Apesar da incerteza, a situação no país está mais calma depois da União Africana se dispor a mediar o conflito.
As autoridades levantaram o recolher obrigatório
Após a onda de violência que tomou conta do Quénia nas últimas duas semanas, governo e oposição parecem mais receptivos ao diálogo, isto apesar de manterem posições opostas quanto à resolução do diferendo pós-eleitoral.
Segunda-feira, o líder do Movimento Democrático Laranja, Raila Odinga, desconvocou o protesto previsto para a capital, Nairobi, e aceitou que a União Africana (UA) faça a mediação do diferendo pós-eleitoral com o presidente Mwai Kibaki.
Amanhã, John Kufuor, chefe de Estado do Gana e presidente em exercício UA, vai encontrar-se com os dois candidatos presidenciais com o objectivo de solucionar a crise política no país.
Os desenvolvimentos mais recentes permitiram a pacificação do território, mas tal não significa que Kibaki e Odinga não se mantenham em campos divergentes, até porque enquanto o virtual vencedor do sufrágio propõe a formação de um governo de unidade nacional, o suposto derrotado no escrutínio recusa alianças prematuras e continua a exigir a recontagem dos votos acusando Kibaki e os círculos próximos do poder de fraude.
De acordo com Odinga, os dados finais da Comissão Eleitoral, que dão a Kibaki uma vantagem de 230 mil boletins, são falsos, sendo necessário apurar a regularidade de cerca de um milhão de votos.
Balanço trágico
Entretanto, as autoridades quenianas levantaram o recolher obrigatório decretado em Kisumu, no Oeste do país, a cidade mais afectada pela violência.
Em Nairobi também se registaram incidentes, particularmente graves na quinta e sexta-feira da semana passada, quando a polícia dispersou apoiantes de Odinga recorrendo a balas de borracha, gás lacrimogéneo e canhões de água.
No balanço dos confrontos, iniciados no dia 27 de Dezembro na sequência da divulgação dos resultados oficiais da consulta popular, pelo menos 600 pessoas morreram e cerca de 100 mil necessitam de ajuda humanitária urgente. O número de deslocados pode atingir os 250 mil, sobretudo na fronteira com o Uganda.
Economia débil
Para além do apuramento dos danos humanos resultantes da violência dos últimos dias no Quénia, empresários começam a fazer contas aos prejuízos para os respectivos investimentos na economia local.
De acordo com dados revelados pelo sítio www.vermelho.org.br, que cita analistas ouvidos pela agência EFE, o país pode ter perdido qualquer coisa como meio bilião de dólares, sobretudo nos sectores do turismo e da exportação de chá.
Os hotéis do litoral do país, muitos dos quais unidades de luxo com elevadas taxas de rentabilidade, viram canceladas 70 por cento das reservas. Centenas de milhar de postos de trabalho estão ameaçados.
Quanto à produção de chá, da qual dependem directamente cerca de 3 milhões de quenianos, a zona mais afectada pelos conflitos, o Vale do Rift, é precisamente a mais próspera do sector.
EUA acompanham de perto
Atentos aos desenvolvimentos estão os EUA, interessados em manter a influência geopolítica na região, cada vez mais importante no que à produção de recursos energéticos diz respeito.
Informações divulgadas por agências internacionais dão nota da deslocação ao Quénia de uma enviada da Casa Branca, Jendayi Frazer, cuja missão foi convencer Raila Odinga e Mwai Kibaki a deixarem de lado o diferendo em nome da estabilidade num país tido como exemplar no auxílio ao «combate ao terrorismo».
Acresce que o vizinho Sudão, a Noroeste, é um dos principais fornecedores de crude do continente africano. Actualmente, 40 por cento da produção sudanesa é controlada por empresas da China, país que já importa de África 25 por cento do «ouro negro» que a sua economia consome.
A norte-americana Chevron parece não querer perder o comboio e investiu recentemente milhares de milhões de dólares no Sudão, território que se estima que tenha reservas de hidrocarbonetos superiores às da Arábia Saudita e do Irão.
Segunda-feira, o líder do Movimento Democrático Laranja, Raila Odinga, desconvocou o protesto previsto para a capital, Nairobi, e aceitou que a União Africana (UA) faça a mediação do diferendo pós-eleitoral com o presidente Mwai Kibaki.
Amanhã, John Kufuor, chefe de Estado do Gana e presidente em exercício UA, vai encontrar-se com os dois candidatos presidenciais com o objectivo de solucionar a crise política no país.
Os desenvolvimentos mais recentes permitiram a pacificação do território, mas tal não significa que Kibaki e Odinga não se mantenham em campos divergentes, até porque enquanto o virtual vencedor do sufrágio propõe a formação de um governo de unidade nacional, o suposto derrotado no escrutínio recusa alianças prematuras e continua a exigir a recontagem dos votos acusando Kibaki e os círculos próximos do poder de fraude.
De acordo com Odinga, os dados finais da Comissão Eleitoral, que dão a Kibaki uma vantagem de 230 mil boletins, são falsos, sendo necessário apurar a regularidade de cerca de um milhão de votos.
Balanço trágico
Entretanto, as autoridades quenianas levantaram o recolher obrigatório decretado em Kisumu, no Oeste do país, a cidade mais afectada pela violência.
Em Nairobi também se registaram incidentes, particularmente graves na quinta e sexta-feira da semana passada, quando a polícia dispersou apoiantes de Odinga recorrendo a balas de borracha, gás lacrimogéneo e canhões de água.
No balanço dos confrontos, iniciados no dia 27 de Dezembro na sequência da divulgação dos resultados oficiais da consulta popular, pelo menos 600 pessoas morreram e cerca de 100 mil necessitam de ajuda humanitária urgente. O número de deslocados pode atingir os 250 mil, sobretudo na fronteira com o Uganda.
Economia débil
Para além do apuramento dos danos humanos resultantes da violência dos últimos dias no Quénia, empresários começam a fazer contas aos prejuízos para os respectivos investimentos na economia local.
De acordo com dados revelados pelo sítio www.vermelho.org.br, que cita analistas ouvidos pela agência EFE, o país pode ter perdido qualquer coisa como meio bilião de dólares, sobretudo nos sectores do turismo e da exportação de chá.
Os hotéis do litoral do país, muitos dos quais unidades de luxo com elevadas taxas de rentabilidade, viram canceladas 70 por cento das reservas. Centenas de milhar de postos de trabalho estão ameaçados.
Quanto à produção de chá, da qual dependem directamente cerca de 3 milhões de quenianos, a zona mais afectada pelos conflitos, o Vale do Rift, é precisamente a mais próspera do sector.
EUA acompanham de perto
Atentos aos desenvolvimentos estão os EUA, interessados em manter a influência geopolítica na região, cada vez mais importante no que à produção de recursos energéticos diz respeito.
Informações divulgadas por agências internacionais dão nota da deslocação ao Quénia de uma enviada da Casa Branca, Jendayi Frazer, cuja missão foi convencer Raila Odinga e Mwai Kibaki a deixarem de lado o diferendo em nome da estabilidade num país tido como exemplar no auxílio ao «combate ao terrorismo».
Acresce que o vizinho Sudão, a Noroeste, é um dos principais fornecedores de crude do continente africano. Actualmente, 40 por cento da produção sudanesa é controlada por empresas da China, país que já importa de África 25 por cento do «ouro negro» que a sua economia consome.
A norte-americana Chevron parece não querer perder o comboio e investiu recentemente milhares de milhões de dólares no Sudão, território que se estima que tenha reservas de hidrocarbonetos superiores às da Arábia Saudita e do Irão.