Onda verde nos states
Na semana que decorreu entre 4 e 10 do mês corrente, a norte-americana NBC transmitiu cerca de 150 horas de programas sobre temas ecológicos, centrando-se a «moralidade» dessa ofensiva na dação de conselhos visando o menor consumo energético e a eliminação de desperdícios por parte dos cidadãos comuns. Mas não se tratou de uma isolada acção pioneira: já em Abril passado Robert Redford tinha lançado uma série de programas semanais motivados por preocupações e mesmo ansiedades quanto ao estado ambiental da Terra. Um desses programas, intitulado «Grandes Ideias Para um Planeta Pequeno», dava o tom de toda a série, divulgando iniciativas jovens no sentido da preservação ambiental e indo mesmo ao ponto de fazer a promoção dos respectivos criadores mediante a inclusão de biografias suas traçadas por vezes em tom quase heróico. Diversas estações e muitos programas vêm abordando a mesma questão, em claro sinal de que o sector televisivo dos Estado Unidos está mobilizado para tratar o assunto. É admissível e natural que o muito falado «Uma Verdade Inconveniente» de Al Gore tenha contribuído para o arranque desta atenção mediática generalizada, mas o mesmo efeito deve ser atribuído a «11ª Hora - A Última Curva», documentário escrito, realizado e comentado por Leonardo DiCaprio, o menino bonitão que «Titanic» celebrizou. Para além do mais, milhões de norte-americanos interiorizaram que o seu país, sendo produtor de 25% da emissões de gases com efeito de estufa com uma população que é de cerca de 5% da população mundial, é um dos grandes responsáveis pela situação a que se chegou. Alguns, mais qualificados culturalmente e mais reflexivos, levam mesmo as contas um pouco mais longe, e aos que alegam que a China se prepara para ser nas próximas décadas o maior poluidor mundial respondem ser natural que assim seja, pois a população chinesa, isto é, os futuros prováveis poluidores, já ascendem ao bonito número de 1400/1500 milhares de milhões, isto é, cerca de 5 vezes mais que os presumíveis poluidores norte-americanos, hoje. Enfim: os norte-americanos e os seus media acordaram para a ameaça ecológica; em consequência até o conhecido catastrofismo dos seus filmes já desliza por vezes para o «terror ecológico». Acordaram e propõem respostas de defesa.
O carrasco
Porém, compreensivelmente, as respostas encontradas e propostas nos Estados Unidos perante a ameaça ambiental têm tudo a ver com a sociedade supermercantil que são e a mitologia «business» que enforma o seu quotidiano. Assim, a tónica da resposta é dada por conselhos aos cidadãos para que consumam e poluam um pouco menos, mesmo para a eventual necessidade de alterarem os seus padrões de vida em matéria de consumos, mas também e sobretudo na introdução no mercado de aparelhagem e maquinaria menos poluidora, apelidável de «verde». A par desta linha, regista-se o mais espesso silêncio quanto ao efeito poluidor das grandes máquinas da guerra (esquadras constantemente em diverso mares do mundo, aviação permanentemente no ar em missões de efectiva guerra ou de «prevenção nuclear», indústrias a laborar directa ou indirectamente para sustentarem as guerras dos USA). Mas há uma omissão ainda mais profunda relativamente à situação perigosa a que o planeta efectivamente chegou: os norte-americanos em geral não sabem nem sonham que o modo de produção capitalista e a economia neoliberal, com a sua prática de permanente expansão e devastação furiosa e cega de matérias-primas por todo o planeta, aliada aos sacrossantos direitos da iniciativa privada em situação de concorrência feroz, são incompatíveis com a defesa do planeta e das condições de habitabilidade humana. Essa ignorância norte-americana entende-se: dissipá-la obrigaria a dizer à generalidade da população que o capitalismo em que vivem como que em condição natural é, pela sua própria lógica interna já amplamente provada pela prática, o inevitável carrasco do planeta. Que a Terra e a vida humana reclamam, para serem salvas, uma gestão planificada, coordenada, indiferente a interesse privados, que a natureza do capitalismo não consente. Ou, dizendo-o por outras palavras que os norte-americanos não suportariam ouvir: que só uma gestão socialista permitirá.
O carrasco
Porém, compreensivelmente, as respostas encontradas e propostas nos Estados Unidos perante a ameaça ambiental têm tudo a ver com a sociedade supermercantil que são e a mitologia «business» que enforma o seu quotidiano. Assim, a tónica da resposta é dada por conselhos aos cidadãos para que consumam e poluam um pouco menos, mesmo para a eventual necessidade de alterarem os seus padrões de vida em matéria de consumos, mas também e sobretudo na introdução no mercado de aparelhagem e maquinaria menos poluidora, apelidável de «verde». A par desta linha, regista-se o mais espesso silêncio quanto ao efeito poluidor das grandes máquinas da guerra (esquadras constantemente em diverso mares do mundo, aviação permanentemente no ar em missões de efectiva guerra ou de «prevenção nuclear», indústrias a laborar directa ou indirectamente para sustentarem as guerras dos USA). Mas há uma omissão ainda mais profunda relativamente à situação perigosa a que o planeta efectivamente chegou: os norte-americanos em geral não sabem nem sonham que o modo de produção capitalista e a economia neoliberal, com a sua prática de permanente expansão e devastação furiosa e cega de matérias-primas por todo o planeta, aliada aos sacrossantos direitos da iniciativa privada em situação de concorrência feroz, são incompatíveis com a defesa do planeta e das condições de habitabilidade humana. Essa ignorância norte-americana entende-se: dissipá-la obrigaria a dizer à generalidade da população que o capitalismo em que vivem como que em condição natural é, pela sua própria lógica interna já amplamente provada pela prática, o inevitável carrasco do planeta. Que a Terra e a vida humana reclamam, para serem salvas, uma gestão planificada, coordenada, indiferente a interesse privados, que a natureza do capitalismo não consente. Ou, dizendo-o por outras palavras que os norte-americanos não suportariam ouvir: que só uma gestão socialista permitirá.