Paz sim, guerra não
Os ministros da Defesa da União Europeia (UE), reunidos informalmente em Évora no passado fim-de-semana, no âmbito da Presidência Portuguesa, não divulgaram, até à data, as suas conclusões – há coisas que se calhar é melhor serem só ditas e não ficarem escritas… - mas as opções realizadas pelo conjunto dos governos da UE, nos últimos anos, em termos de defesa e militarização asseguram que a paz e a solidariedade entre os povos não esteve, certamente, na ordem de trabalhos.
As intervenções (inicial e de encerramento) do ministro da Defesa, Nuno Severiano Teixeira, embora proferidas com todas as cautelas, são denunciadoras do muito com que temos que nos preocupar: «atribuir uma nova prioridade estratégica à segurança e à defesa»; «intervir rapidamente em situações de crise. Sempre numa base de complementaridade com a Aliança Atlântica»; «o futuro da Europa exige que a UE assuma as suas responsabilidades e, para tal, não pode deixar de considerar a dimensão militar»; «discutimos as operações e missões em curso e as que estão em planeamento»; «devemos (…) definir com maior precisão e rigor a evolução das ameaças; e melhorar, a todos os níveis, as nossas capacidades militares e a autonomia da política europeia de defesa»; «a possibilidade de a Comunidade Europeia se tornar um actor internacional (…) é uma necessidade concreta para a segurança europeia e para a estabilidade internacional».
No mínimo preocupante, esta sede europeia de defesa e militarização, de fortaleza bélica com ideias feitas de intervenção em qualquer território, em qualquer altura, a mando de qualquer outra força que não a vontade expressa dos seus povos.
A alternativa da paz
Na mesma data e país, mas numa outra reunião foram mencionadas muitas questões coincidentes com esta reunião informal. Foi em Lisboa, num Encontro Europeu em Defesa da Paz – e logo aqui está uma diferença fundamental: reflectir sob o signo da paz – co-organizado pelo Conselho Português para a Paz e a Cooperação (CPPC) e o Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Verde Nórdica (GUE/NGL).
Neste encontro, em que estiveram cinco deputados do GUE/NGL, entre os quais o deputado do PCP ao PE Pedro Guerreiro, também se falou do Iraque e do Afeganistão, da Palestina e do Líbano, do Kosovo e toda a envolvente dos Balcãs, de África e da América Latina. Mas numa perspectiva de profunda preocupação e apreensão com a crescente militarização da UE e sua subordinação à NATO e à política hegemónica norte-americana. Porque é do controlo de espaços geográficos estrategicamente vitais que falamos, porque é de interesses económicos muito profundos que se trata, porque o valor da vida humana e o futuro das novas gerações conta tão pouco no xadrez do poderio militar mundial.
A consistência e riqueza das muitas intervenções que se ouviram naqueles dois dias sobrepuseram-se à ali denominada «cimeira dos ministros da guerra», a decorrer simultaneamente, não só pelos actores como também pela análise e objectivos futuros. Vindas de 14 países, as 20 organizações e movimentos da paz presentes neste Encontro trouxeram o testemunho real e absolutamente necessário à compreensão do que se passa no mundo.
Um pequeno exemplo, dado por Silas Cerqueira, do CPPC, é exemplificativo da dura realidade que escapa dos noticiários e não é perceptível para a maioria: actualmente existem cerca de 35 guerras em curso no planeta.
Outras organizações também estiveram presentes no Encontro: CGTP-IN, MDM e FDIM, URAP, Presidentes de Câmara pela Paz, Federação Mundial dos Trabalhadores Científicos, entre outras, que fizeram questão de intervir e contribuir para o debate, demonstrando que a paz é, sem dúvida, um tema fundamental que nos toca a todos das mais variadas formas.
Pela escalada de ódio, temor e morte a que assistimos em tantas zonas do globo é imperativo reflectir sobre as causas de tanta injustiça e perspectivar caminhos para um futuro mais pacífico e solidário. Não foi o que aconteceu em Évora mas foi esse, seguramente, o contributo do Encontro Europeu em Defesa da Paz de Lisboa.
As intervenções (inicial e de encerramento) do ministro da Defesa, Nuno Severiano Teixeira, embora proferidas com todas as cautelas, são denunciadoras do muito com que temos que nos preocupar: «atribuir uma nova prioridade estratégica à segurança e à defesa»; «intervir rapidamente em situações de crise. Sempre numa base de complementaridade com a Aliança Atlântica»; «o futuro da Europa exige que a UE assuma as suas responsabilidades e, para tal, não pode deixar de considerar a dimensão militar»; «discutimos as operações e missões em curso e as que estão em planeamento»; «devemos (…) definir com maior precisão e rigor a evolução das ameaças; e melhorar, a todos os níveis, as nossas capacidades militares e a autonomia da política europeia de defesa»; «a possibilidade de a Comunidade Europeia se tornar um actor internacional (…) é uma necessidade concreta para a segurança europeia e para a estabilidade internacional».
No mínimo preocupante, esta sede europeia de defesa e militarização, de fortaleza bélica com ideias feitas de intervenção em qualquer território, em qualquer altura, a mando de qualquer outra força que não a vontade expressa dos seus povos.
A alternativa da paz
Na mesma data e país, mas numa outra reunião foram mencionadas muitas questões coincidentes com esta reunião informal. Foi em Lisboa, num Encontro Europeu em Defesa da Paz – e logo aqui está uma diferença fundamental: reflectir sob o signo da paz – co-organizado pelo Conselho Português para a Paz e a Cooperação (CPPC) e o Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Verde Nórdica (GUE/NGL).
Neste encontro, em que estiveram cinco deputados do GUE/NGL, entre os quais o deputado do PCP ao PE Pedro Guerreiro, também se falou do Iraque e do Afeganistão, da Palestina e do Líbano, do Kosovo e toda a envolvente dos Balcãs, de África e da América Latina. Mas numa perspectiva de profunda preocupação e apreensão com a crescente militarização da UE e sua subordinação à NATO e à política hegemónica norte-americana. Porque é do controlo de espaços geográficos estrategicamente vitais que falamos, porque é de interesses económicos muito profundos que se trata, porque o valor da vida humana e o futuro das novas gerações conta tão pouco no xadrez do poderio militar mundial.
A consistência e riqueza das muitas intervenções que se ouviram naqueles dois dias sobrepuseram-se à ali denominada «cimeira dos ministros da guerra», a decorrer simultaneamente, não só pelos actores como também pela análise e objectivos futuros. Vindas de 14 países, as 20 organizações e movimentos da paz presentes neste Encontro trouxeram o testemunho real e absolutamente necessário à compreensão do que se passa no mundo.
Um pequeno exemplo, dado por Silas Cerqueira, do CPPC, é exemplificativo da dura realidade que escapa dos noticiários e não é perceptível para a maioria: actualmente existem cerca de 35 guerras em curso no planeta.
Outras organizações também estiveram presentes no Encontro: CGTP-IN, MDM e FDIM, URAP, Presidentes de Câmara pela Paz, Federação Mundial dos Trabalhadores Científicos, entre outras, que fizeram questão de intervir e contribuir para o debate, demonstrando que a paz é, sem dúvida, um tema fundamental que nos toca a todos das mais variadas formas.
Pela escalada de ódio, temor e morte a que assistimos em tantas zonas do globo é imperativo reflectir sobre as causas de tanta injustiça e perspectivar caminhos para um futuro mais pacífico e solidário. Não foi o que aconteceu em Évora mas foi esse, seguramente, o contributo do Encontro Europeu em Defesa da Paz de Lisboa.