Movimento dos Festivais Mundiais da Juventude e dos Estudantes

60 anos a lutar contra o imperialismo

Em entrevista, Carina Castro, dirigente da JCP, destaca as comemorações do 60.º aniversário do Movimento dos Festivais Mundiais da Juventude e dos Estudantes e o seu carácter anti-imperialista.
Mais de mil delegados de 70 organizações, provenientes de 50 países, participaram nas comemorações do 60.º aniversário do Movimento dos Festivais Mundiais da Juventude e dos Estudantes, realizado entre os 23 e 26 de Agosto, na Venezuela.
Carina Castro, dirigente da JCP, valoriza os debates que tiveram lugar durante a iniciativa e a reafirmação do carácter anti-imperialista dos festivais: «Há um conjunto de características que estavam presentes na primeira edição e que continua a fazer sentido hoje. Enquanto houver imperialismo, esse carácter há-de manter-se.»
A dirigente destaca «a necessidade de haver um espaço onde os jovens se encontrem de forma massiva, troquem experiências de luta e partilhem momentos culturais. Isto continua válido e é transversal a todos os festivais realizados. E enquanto houver imperialismo, vai fazer sempre sentido.»
A iniciativa ficou marcada pela discussão em torno do emprego, educação e militarização. «Os seminários foram muito participados e houve muitas intervenções. «Notava-se o esforço de muitas pessoas para passar pelos vários debates», comenta Carina. A JCP esteve na mesa do debate sobre o emprego, dando nota do momento actual de luta laboral em Portugal, nomeadamente o envolvimento de jovens trabalhadores na greve geral e noutras lutas.
Para lá de iniciativas de cariz cultural – como concertos de música moderna, bailado e espectáculos de povos indígenas venezuelanos –, teve lugar uma conferência com «veteranos» dos festivais, que recordaram as suas participações e os momentos históricos em que ocorreram. Um deles inclusivamente esteve presente na fundação da FMJD e na origem da discussão do primeiro festival.
«Este encontro permitiu recuperar estes 60 anos de história, mas olhando de frente para o futuro. Ficou muito clara a perspectiva de futuro do festival, ao contrário do que foi prognosticado a determinada altura, que, com o fim da União Soviética, os festivais morreriam. Os festivais estão para durar», garante Carina Castro.
Os representantes da JCP lembraram as delegações portuguesas ao longo da história dos festivais, nomeadamente durante a ditadura, quando a participação era proibida pelo regime. Ainda assim, muitos jovens participaram, denunciando os crimes do fascismo e regressando com grandes notas de solidariedade com a luta aqui travada. «No festival realizado em Helsínquia, a delegação portuguesa pediu à organização que convidasse as então colónias como países independentes. Foi um reconhecimento político ainda antes da própria independência dos países», destaca a dirigente.

Preparar a próxima edição

À margem das comemorações, realizou-se uma reunião consultiva sobre o próximo festival, onde foi reafirmada algumas das características do movimento, como a autofinanciação e a autoconstrução, bem como a manutenção da sua realização de quatro em quatro anos.
«Além disso, não foi esquecido o facto de que é a maior iniciativa de massas do movimento juvenil progressista nem a importância dos conselhos nacionais preparatórios. A delegação de cada país que participa nos festivais é uma parte importante, mas todo o processo preparatório de discussão e envolvimento de organizações é em si mesmo determinante para o festival e conta com muito mais gente, que não pode deslocar-se ao festival. No último Conselho Nacional Preparatório português, participaram mais de 50 organizações portuguesas», recorda Carina Castro.
Na reunião, a FMJD foi mais uma vez mandatada para procurar um país anfitrião para o próximo festival. As propostas podem ser apresentadas até ao final do ano.
Durante a estadia na Venezuela, a JCP manteve cerca de 30 encontros bilaterais, nomeadamente com organizações da América Latina. O objectivo foi conhecer melhor a realidade daqueles países e dar a conhecer a situação social e política portuguesa.


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