África minha...
A sede do lucro imediato e do poder do capitalismo talhou, primeiro, os impérios neocoloniais. Depois, virou-se para a América Latina, afogou em sangue os seus povos e instalou ditaduras militares. Invadiu o Vietname e a Coreia, chacinou no Líbano, retalhou o Iraque, destruiu o Afeganistão, tomou o poder no Paquistão, provocou a reconstrução do poder tribal e activou as guerras regionais que geram outras guerras cada vez mais globais. O mundo capitalista saqueia os povos mas tenta construir para si uma fortaleza, um «bunker» que seja inexpugnável. É este o verdadeiro sentido de economia global. O seu aliado estratégico, o que caminha sempre a par do capital financeiro, é o Vaticano e são as suas hierarquias.
Tudo indica que chegou agora a vez de África. Por poderosa que seja a máquina de propaganda do Ocidente, não se pode esconder o facto de que o capitalismo chapinha em águas estagnadas e não tem alternativas para as necessidades primárias da mão-de-obra barata, para as matérias-primas abundantes e para a criação de mais e mais mercados de consumidores. Ora África tem 30 milhões de quilómetros quadrados onde abundam os minérios, as madeiras raras, as pescas, a caça, o oiro, os diamantes e o petróleo. Esta imensa riqueza natural, se for injustamente repartida, pode facilitar o lucro. Em África vivem 900 milhões de seres humanos, 60% dos quais em condições de miséria, com índices de analfabetismo superiores a 40% . Mas, nas grandes cidades, também habita uma potencial camada consumidora. Razões suficientes, pensam os capitalistas, para construir no Continente Negro uma próspera sociedade de mercado.
Mas é preciso, primeiro, corrigir a Natureza: a África tem gente a mais. Por isso, as guerras, as chacinas, a mortalidade infantil descontrolada, a sida galopante, o tribalismo, a emigração clandestina. Há quotas de mercado a respeitar. É então que o Vaticano corre pressuroso, a fornecer aos causadores das guerras, matéria de defesa e branqueamento dos roubos, dos dinheiros malparados, das fortunas súbitas e das violações dos direitos humanos. Não só com o seu silêncio. Também com o poder dos grupos económicos que possui. Porque a hierarquia aspira ao poder católico absoluto, sobretudo nas áreas das políticas sociais.
Fale-se, neste caso e expressamente, do Vaticano, da hierarquia da Igreja, e não do povo católico africano que também é esmagado pela gula dos interesses do grande capital.
Nova ofensiva e divisão do saque
Recentemente, o Departamento de Defesa norte-americano criou um novo Comando Estratégico para África, o AFRICACOM, cuja existência é justificada por Bush como novo meio de intervenção com funções «humanitárias, de segurança marítima e profissionalização de estruturas». O novo Comando será chefiado por um almirante, Robert Moeller, que já informou não ser necessário dotar o AFRICACOM com tropas permanentes. Cada caso será um caso. Os meios militares serão fornecidos segundo a dimensão de cada problema. E os seus efectivos não terão de ser constituídos, obrigatoriamente, por soldados profissionais. O Pentágono estabelecerá acordos com empresas de segurança e de obras públicas do sector privado. O objectivo é atribuir poder às seguranças privadas que garantem a pacificação das vastas áreas cruzadas por gigantescos pipelines conduzam para o Ocidente o petróleo do Médio Oriente e o africano. Um esquema de arrumação de peças a que chamam «privatização da guerra». As contas do Estado baixam os seus défices, os soldados americanos terão menos mortos e os grandes grupos económicos alcançarão, finalmente, as tão ambicionadas matérias-primas quase gratuitas. As políticas de Bush são o motor destas mudanças e contam com aliados poderosos : não só o Vaticano, como ficou dito, mas também a União Europeia, a banca mundial, o universo das «petrolíferas» as castas militares e as mafias que depressa se organizam e recolhem os lucros, como ricas clientelas do poder.
Nos estudos que o capitalismo desenvolve sobre África imperam a minúcia e o rigor. Há cerca de dois anos, uma Organização da ONU (o PNUD-Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) revelava que só nos morticínios do Ruanda tinham sido assassinados mais de 800 mil africanos. E no relatório revelador acrescenta-se o seguinte dado: «o Banco Mundial calcula que as guerras civis duram, em média, sete anos e provocam o colapso dos sistemas alimentares, a desintegração dos serviços de saúde e educação, a perda de rendimentos e a fuga de capitais... mas as doenças infecciosas, a fome e a degradação do meio ambiente, são assassinos mais perigosos que um conflito armado, ainda que cada um destes assassinos seja causa e efeito do conflito armado».
África é parte integrante da nossa luta pelas liberdades concretas e da nossa permanente denúncia dos crimes contra a Humanidade.
Tudo indica que chegou agora a vez de África. Por poderosa que seja a máquina de propaganda do Ocidente, não se pode esconder o facto de que o capitalismo chapinha em águas estagnadas e não tem alternativas para as necessidades primárias da mão-de-obra barata, para as matérias-primas abundantes e para a criação de mais e mais mercados de consumidores. Ora África tem 30 milhões de quilómetros quadrados onde abundam os minérios, as madeiras raras, as pescas, a caça, o oiro, os diamantes e o petróleo. Esta imensa riqueza natural, se for injustamente repartida, pode facilitar o lucro. Em África vivem 900 milhões de seres humanos, 60% dos quais em condições de miséria, com índices de analfabetismo superiores a 40% . Mas, nas grandes cidades, também habita uma potencial camada consumidora. Razões suficientes, pensam os capitalistas, para construir no Continente Negro uma próspera sociedade de mercado.
Mas é preciso, primeiro, corrigir a Natureza: a África tem gente a mais. Por isso, as guerras, as chacinas, a mortalidade infantil descontrolada, a sida galopante, o tribalismo, a emigração clandestina. Há quotas de mercado a respeitar. É então que o Vaticano corre pressuroso, a fornecer aos causadores das guerras, matéria de defesa e branqueamento dos roubos, dos dinheiros malparados, das fortunas súbitas e das violações dos direitos humanos. Não só com o seu silêncio. Também com o poder dos grupos económicos que possui. Porque a hierarquia aspira ao poder católico absoluto, sobretudo nas áreas das políticas sociais.
Fale-se, neste caso e expressamente, do Vaticano, da hierarquia da Igreja, e não do povo católico africano que também é esmagado pela gula dos interesses do grande capital.
Nova ofensiva e divisão do saque
Recentemente, o Departamento de Defesa norte-americano criou um novo Comando Estratégico para África, o AFRICACOM, cuja existência é justificada por Bush como novo meio de intervenção com funções «humanitárias, de segurança marítima e profissionalização de estruturas». O novo Comando será chefiado por um almirante, Robert Moeller, que já informou não ser necessário dotar o AFRICACOM com tropas permanentes. Cada caso será um caso. Os meios militares serão fornecidos segundo a dimensão de cada problema. E os seus efectivos não terão de ser constituídos, obrigatoriamente, por soldados profissionais. O Pentágono estabelecerá acordos com empresas de segurança e de obras públicas do sector privado. O objectivo é atribuir poder às seguranças privadas que garantem a pacificação das vastas áreas cruzadas por gigantescos pipelines conduzam para o Ocidente o petróleo do Médio Oriente e o africano. Um esquema de arrumação de peças a que chamam «privatização da guerra». As contas do Estado baixam os seus défices, os soldados americanos terão menos mortos e os grandes grupos económicos alcançarão, finalmente, as tão ambicionadas matérias-primas quase gratuitas. As políticas de Bush são o motor destas mudanças e contam com aliados poderosos : não só o Vaticano, como ficou dito, mas também a União Europeia, a banca mundial, o universo das «petrolíferas» as castas militares e as mafias que depressa se organizam e recolhem os lucros, como ricas clientelas do poder.
Nos estudos que o capitalismo desenvolve sobre África imperam a minúcia e o rigor. Há cerca de dois anos, uma Organização da ONU (o PNUD-Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) revelava que só nos morticínios do Ruanda tinham sido assassinados mais de 800 mil africanos. E no relatório revelador acrescenta-se o seguinte dado: «o Banco Mundial calcula que as guerras civis duram, em média, sete anos e provocam o colapso dos sistemas alimentares, a desintegração dos serviços de saúde e educação, a perda de rendimentos e a fuga de capitais... mas as doenças infecciosas, a fome e a degradação do meio ambiente, são assassinos mais perigosos que um conflito armado, ainda que cada um destes assassinos seja causa e efeito do conflito armado».
África é parte integrante da nossa luta pelas liberdades concretas e da nossa permanente denúncia dos crimes contra a Humanidade.