Semana da Liberdade
Um grupo dedicado de activistas esteve, de 14 a 21 de Julho, em Birmingham, Alabama, na linha da frente da defesa dos direitos reprodutivos das mulheres. Foi a Semana da Liberdade Reprodutiva do Alabama para resistir à ofensiva da ulta-reaccionária Operação Salvar a América (OSA) para encerrar as duas clínicas de saúde da mulher existentes na cidade. A iniciativa incluiu a defesa das clínicas, desfiles, contactos com a comunidade e debates sobre o aborto. A 21 de Julho, os organizadores locais, com os dirigentes de Alabama da Organização Nacional de Mulheres e apoiantes do movimento Nacional NOW e da Maioria Feminista declararam vitória. As clínicas continuam abertas.
As clínicas «Planned Parenthood» e «New Woman All Women» prestam ambas uma lista completa de serviços de saúde, incluindo o aborto, às mulheres e em especial às mulheres com fracos rendimentos. As mulheres, não apenas as de Alabama mas também as dos estados vizinhos, dependem de clínicas com um leque completo de serviços reprodutivos que as assistam sem preconceitos. Todos sabem que sem condições de segurança, sem uma forma para abortar legalmente, as mulheres morrem.
Em 1988 e outra vez em 1994, então sob o nome «Operation Rescue», a OSA tentou fechar estas e outras clínicas em Birmingham. O Alabama é a região politicamente mais reaccionária e a mais declaradamente racista do Sul anti-operário dos EUA. Em 1998, o ultra-reaccionário e terrorista anti-mulheres Eric Rudolph bombardeou a Clínica «New Women». A bomba matou os seguranças do estabelecimento e feriu gravemente a enfermeira Emily Lyons, que já foi submetida desde então a 22 operações para recuperar a saúde e a sua mobilidade. Rudolph, que tem uma história como anti-semita e activista da supremacia branca, atacou também à bomba o Centennial Park durante as Olimpíadas de Atlanta, em 1996, ferindo 100 pessoas, algumas das quais ficaram com sequelas para a vida. Escreve agora, a partir da prisão, folhetos anti-feministas e anti-homossexuais.
A clínica reabriu uma semana após o atentado à bomba de 1998 com um cartaz na frontaria dizendo «Esta clínica continua aberta». Mantém-se aberta desde então. Emily Lyons continua a trabalhar lá como enfermeira. No desfile de abertura da Semana da Liberdade Reprodutiva do Alabama, a 14 de Julho, Lyons disse: «Rudolph tentou sepultar-me, mas eu continuo aqui.»
O tenaz espírito de resistência demonstrado por Lyons e outros activistas defensores da liberdade de escolha foi plenamente evidente durante a semana de defesa das clínicas. Eles aguentaram-se firmes todos os dias sob o sol abrasador de Julho e debaixo de chuvas torrenciais. Pessoas vindas da Florida, Geórgia, Mississipi e Tennessee; de Albuquerque, Atlanta e Cidade do México; do Massachusetts, New Jersey e Rhode Island. Nas manifestações, muitos falaram apaixonadamente do seu empenhamento na defesa do direito da mulher a decidir da sua vida reprodutiva, incluindo uma correcta educação sexual, formas seguras de contracepção, assistência médica adequada e apoio à infância, bem como o direito ao aborto.
As forças pró-fascistas destilaram ódio durante toda a semana. Isso incluiu ataques em islâmico, impropérios contra lésbicas, gays, bissexuais e transsexuais, e injúrias contra as mulheres. Os oradores também não pouparam os defensores do aborto das organizações de género, acusando-os de não serem «realmente» nem homens nem mulheres. As forças de direita também tentaram mascarar a sua campanha de ódio contra a escolha reprodutiva equiparando-a à heróica luta dos negros pelos direitos civis no Sul. O objectivo destes energúmenos era claro: não só fechar as clínicas, mas também quebrar a unidade entre os oprimidos.
Mas o Rev. Jack Zylman, da Igreja Universalista Unitária, activista de longa data dos direitos civis, falou das suas conversas com o Rev. Martin Luther King Jr., em que King deixou clara a sua convicção de que o aborto era uma escolha aceitável da mulher. Michelle Colon, directora regional da NOW e uma mulher de ascendência africana, disse por seu turno que a luta pela justiça reprodutiva era a continuação da luta pelos direitos civis. E exortou os apoiantes dizendo: «Devemos continuar a lutar pelo direito de escolha no Sul. Se perdermos no Sul, perderemos em todo o lado. Se eles [a extrema-direita] não conseguirem ganhar aqui, não ganharão em lado nenhum.»
Os defensores da justiça reprodutiva trabalham em unidade com a comunidade afro-americana, e também apoiam as mulheres imigrantes da América Latina num centro de detenção próximo que precisam de assistência médica, construindo assim a unidade necessária para que a semana de 14 a 21 de Julho fosse declarada uma vitória.
(*) Nascida e criada no Alabama, Minnie Bruce Pratt participou na iniciativa de defesa das clínicas. Lecciona actualmente estudos da mulher e de lésbia-gay-bi-transsexuais na Universidade de Siracusa, no estado de Nova Iorque.
As clínicas «Planned Parenthood» e «New Woman All Women» prestam ambas uma lista completa de serviços de saúde, incluindo o aborto, às mulheres e em especial às mulheres com fracos rendimentos. As mulheres, não apenas as de Alabama mas também as dos estados vizinhos, dependem de clínicas com um leque completo de serviços reprodutivos que as assistam sem preconceitos. Todos sabem que sem condições de segurança, sem uma forma para abortar legalmente, as mulheres morrem.
Em 1988 e outra vez em 1994, então sob o nome «Operation Rescue», a OSA tentou fechar estas e outras clínicas em Birmingham. O Alabama é a região politicamente mais reaccionária e a mais declaradamente racista do Sul anti-operário dos EUA. Em 1998, o ultra-reaccionário e terrorista anti-mulheres Eric Rudolph bombardeou a Clínica «New Women». A bomba matou os seguranças do estabelecimento e feriu gravemente a enfermeira Emily Lyons, que já foi submetida desde então a 22 operações para recuperar a saúde e a sua mobilidade. Rudolph, que tem uma história como anti-semita e activista da supremacia branca, atacou também à bomba o Centennial Park durante as Olimpíadas de Atlanta, em 1996, ferindo 100 pessoas, algumas das quais ficaram com sequelas para a vida. Escreve agora, a partir da prisão, folhetos anti-feministas e anti-homossexuais.
A clínica reabriu uma semana após o atentado à bomba de 1998 com um cartaz na frontaria dizendo «Esta clínica continua aberta». Mantém-se aberta desde então. Emily Lyons continua a trabalhar lá como enfermeira. No desfile de abertura da Semana da Liberdade Reprodutiva do Alabama, a 14 de Julho, Lyons disse: «Rudolph tentou sepultar-me, mas eu continuo aqui.»
O tenaz espírito de resistência demonstrado por Lyons e outros activistas defensores da liberdade de escolha foi plenamente evidente durante a semana de defesa das clínicas. Eles aguentaram-se firmes todos os dias sob o sol abrasador de Julho e debaixo de chuvas torrenciais. Pessoas vindas da Florida, Geórgia, Mississipi e Tennessee; de Albuquerque, Atlanta e Cidade do México; do Massachusetts, New Jersey e Rhode Island. Nas manifestações, muitos falaram apaixonadamente do seu empenhamento na defesa do direito da mulher a decidir da sua vida reprodutiva, incluindo uma correcta educação sexual, formas seguras de contracepção, assistência médica adequada e apoio à infância, bem como o direito ao aborto.
As forças pró-fascistas destilaram ódio durante toda a semana. Isso incluiu ataques em islâmico, impropérios contra lésbicas, gays, bissexuais e transsexuais, e injúrias contra as mulheres. Os oradores também não pouparam os defensores do aborto das organizações de género, acusando-os de não serem «realmente» nem homens nem mulheres. As forças de direita também tentaram mascarar a sua campanha de ódio contra a escolha reprodutiva equiparando-a à heróica luta dos negros pelos direitos civis no Sul. O objectivo destes energúmenos era claro: não só fechar as clínicas, mas também quebrar a unidade entre os oprimidos.
Mas o Rev. Jack Zylman, da Igreja Universalista Unitária, activista de longa data dos direitos civis, falou das suas conversas com o Rev. Martin Luther King Jr., em que King deixou clara a sua convicção de que o aborto era uma escolha aceitável da mulher. Michelle Colon, directora regional da NOW e uma mulher de ascendência africana, disse por seu turno que a luta pela justiça reprodutiva era a continuação da luta pelos direitos civis. E exortou os apoiantes dizendo: «Devemos continuar a lutar pelo direito de escolha no Sul. Se perdermos no Sul, perderemos em todo o lado. Se eles [a extrema-direita] não conseguirem ganhar aqui, não ganharão em lado nenhum.»
Os defensores da justiça reprodutiva trabalham em unidade com a comunidade afro-americana, e também apoiam as mulheres imigrantes da América Latina num centro de detenção próximo que precisam de assistência médica, construindo assim a unidade necessária para que a semana de 14 a 21 de Julho fosse declarada uma vitória.
(*) Nascida e criada no Alabama, Minnie Bruce Pratt participou na iniciativa de defesa das clínicas. Lecciona actualmente estudos da mulher e de lésbia-gay-bi-transsexuais na Universidade de Siracusa, no estado de Nova Iorque.