Música de Quarteto
A Autoridade Palestina terá de continuar a fazer exames de bom comportamento
Lisboa acolheu a reunião do Quarteto – o grupo criado em 2002 por EUA, União Europeia, Rússia e ONU, para acompanhar o «Roteiro para a Paz» – um dos muitos «processos de paz» que resultam sempre em mais colonatos israelitas, e nunca na criação de um Estado Palestino independente. O Quarteto assistiu impávido à construção do Muro do Apartheid sionista, já condenado pelo Tribunal Internacional da Haia, e que é uma evidente tentativa de Israel anexar ainda mais território palestino. Assistiu impávido aos massacres de Israel, mês após mês. Nas palavras do demissionário Alto Representante do Secretário-Geral da ONU na Palestina, Embaixador Alvaro de Soto, o Quarteto transformou-se «num órgão que quase impõe sanções ao governo livremente eleito de um povo sob ocupação e que fixa pré-condições inalcançáveis para qualquer diálogo», enquanto «removeu qualquer pressão sobre Israel».
E Blair? A escolha de um responsável-mor pelo banho de sangue imperialista no Iraque para enviado do Quarteto diz muito sobre a natureza deste processo e sobre quem efectivamente manda na chamada «comunidade internacional». Mais esclarecedor ainda, é o facto de nem a Tony Blair os EUA confiarem a condução de um processo negocial que «os EUA estão empenhados em liderar», como foi confirmado por Condoleeza Rice (Público, 20.7.07). Nas palavras de Bush, Blair apenas «coordenará os esforços internacionais para auxiliar os Palestinos a estabelecer instituições de uma sociedade livre, forte e duradoira – incluíndo estruturas eficazes de governação, um sistema financeiro estável e o primado do Direito» (discurso de 16.7.07). Será a primeira lição deste Grande Educador inglês sobre o «primado do Direito Internacional»?
A comunicação social falou duma «conferência internacional» sobre o problema palestino, no Outono. Também aqui, uma leitura atenta das declarações oficiais esclarece que a iniciativa é bem mais modesta. Afirma Bush (16.7.07): «Eu irei convocar uma reunião internacional de representantes das nações que apoiam uma solução de dois Estados, rejeitam a violência, reconhecem o direito à existência de Israel, e se comprometem a respeitar todos os acordos previamente estabelecidos entre as partes» Não contente com estas condições prévias, que a serem levadas a sério excluiriam Israel e os EUA da reunião – por apenas cumprirem uma das quatro pré-condições, apesar de terem sido cirurgicamente expurgadas as resoluções da ONU – Bush acrescenta: «A Secretária Rice presidirá à reunião. Ela e os seus parceiros irão rever o progresso feito no sentido de construir instituições palestinas. Irão procurar formas inovadoras e eficazes de promover reformas ulteriores. E darão apoio diplomático às partes nas suas discussões e negociações bilaterais». Tradução: a Autoridade Palestina terá de continuar a fazer exames de bom comportamento e de fidelidade aos EUA e Israel, e em troca levará apenas discursos israelitas. Para esclarecer eventuais dúvidas, uma porta-voz do Primeiro Ministro israelita Olmert já declarou: «temos afirmado com muita clareza que não estamos dispostos a discutir nesta fase as três questões chave das fronteiras, dos refugiados e de Jerusalém» (Guardian, 19.7.07).
O Quarteto reuniu, mas tocam sempre a mesma música, que é velha de muitas décadas.
E Blair? A escolha de um responsável-mor pelo banho de sangue imperialista no Iraque para enviado do Quarteto diz muito sobre a natureza deste processo e sobre quem efectivamente manda na chamada «comunidade internacional». Mais esclarecedor ainda, é o facto de nem a Tony Blair os EUA confiarem a condução de um processo negocial que «os EUA estão empenhados em liderar», como foi confirmado por Condoleeza Rice (Público, 20.7.07). Nas palavras de Bush, Blair apenas «coordenará os esforços internacionais para auxiliar os Palestinos a estabelecer instituições de uma sociedade livre, forte e duradoira – incluíndo estruturas eficazes de governação, um sistema financeiro estável e o primado do Direito» (discurso de 16.7.07). Será a primeira lição deste Grande Educador inglês sobre o «primado do Direito Internacional»?
A comunicação social falou duma «conferência internacional» sobre o problema palestino, no Outono. Também aqui, uma leitura atenta das declarações oficiais esclarece que a iniciativa é bem mais modesta. Afirma Bush (16.7.07): «Eu irei convocar uma reunião internacional de representantes das nações que apoiam uma solução de dois Estados, rejeitam a violência, reconhecem o direito à existência de Israel, e se comprometem a respeitar todos os acordos previamente estabelecidos entre as partes» Não contente com estas condições prévias, que a serem levadas a sério excluiriam Israel e os EUA da reunião – por apenas cumprirem uma das quatro pré-condições, apesar de terem sido cirurgicamente expurgadas as resoluções da ONU – Bush acrescenta: «A Secretária Rice presidirá à reunião. Ela e os seus parceiros irão rever o progresso feito no sentido de construir instituições palestinas. Irão procurar formas inovadoras e eficazes de promover reformas ulteriores. E darão apoio diplomático às partes nas suas discussões e negociações bilaterais». Tradução: a Autoridade Palestina terá de continuar a fazer exames de bom comportamento e de fidelidade aos EUA e Israel, e em troca levará apenas discursos israelitas. Para esclarecer eventuais dúvidas, uma porta-voz do Primeiro Ministro israelita Olmert já declarou: «temos afirmado com muita clareza que não estamos dispostos a discutir nesta fase as três questões chave das fronteiras, dos refugiados e de Jerusalém» (Guardian, 19.7.07).
O Quarteto reuniu, mas tocam sempre a mesma música, que é velha de muitas décadas.