A luta contra o analfabetismo motor
A cultura física, entendida como o conjunto de conhecimentos científicos, códigos, práticas, valores orientadores, tradições etc. não é um luxo. Como não o é a prática da educação física em todas as escolas do país, e a integração da actividade desportiva nos hábitos da generalidade dos trabalhadores.
A Nação e os Sistemas Desportivos, Educativo e de Saúde são directamente interpelados por esta questão essencial para a vida de toda a população. Por mais voltas que se dê ao problema da educação física e do desporto, não é possível contornar os resultados das investigações científicas realizadas nos últimos 40 anos. Sabemos hoje, de forma indiscutível, como a actividade motora, correctamente orientada, influencia de forma essencial a maturação das diferentes funções da criança e do jovem, e a função integradora e socializadora da prática desportiva condicionada por uma ética bem concebida, desde que posta em prática, pode fornecer uma contribuição preciosa para o processo educativo. São inquestionáveis os benefícios da actividade física educativa e culturalmente válida, para a saúde, para a segurança no trabalho, para o prolongamento do vigor, em suma, para a melhoria da qualidade de vida do indivíduo.
No entanto, conhecemos bem as condições reais em que os educadores e os outros técnicos desenvolvem o seu trabalho nas escolas e nos clubes, vivendo, permanentemente, o drama da impossibilidade de cumprir adequadamente as suas funções à mingua de meios. Sabemos bem como a grande maioria dos clubes de bairro e de aldeia, «células» fundamentais da vida comunitária e do desenvolvimento desportivo, luta para desempenhar as funções que devem ser as suas.
Para os atletas saídos dos meios populares, mas manifestando qualidades excepcionais, está reservada a amarga constatação de que só com enormes sacrifícios conseguem conciliar os estudos, ou a formação profissional, com a prática do treino e da competição, vendo-se obrigados a entrar numa «engrenagem» que, com frequência normalmente insuspeita, tantos prejuízos causa, por criar miragens que, só se tornam realidade para um pequeno grupo. E quantos jovens cheios de talento e capacidade não ficam pelo caminho, impossibilitados de responderem às necessidades de uma preparação desportiva rigorosa?
Trata-se de uma autêntica mutilação dizendo mais directamente respeito ao próprio desporto, ainda que traduzindo, de forma clara, a situação da juventude na nossa sociedade.
O sentido da mudança no desporto em relação à sociedade, assume, assim, um significado completamente diferente daquele que é tão badalado pela informação, pela publicidade e pelos filósofos da pós-modernidade que apregoam constantemente a afirmação de um desporto «excelência» que, de facto, só se refere a uma minoria. E que constitui, em si mesma, uma (mais uma...) manifestação de terceiro-mundismo que caracteriza o próprio País.
Fazer progredir o desporto
Sem uma alteração substancial na vida dos trabalhadores no seu conjunto, sem uma séria mudança nas condições de vida e de trabalho, sem uma clara orientação para a realização da actividade física formativa, torna-se particularmente difícil fazer progredir o desporto, e liquidar a «miséria motora» da população. Mas, em simultâneo, nada de substancial se poderá alcançar no campo das actividades desportivas, se não se tomarem as medidas que estruturem as suas práticas de acordo com as reais necessidades do crescimento, de manutenção de capacidades, de prevenção de inúmeras doenças, de integração social e mudanças de estilos e formas de vida.
Para isso é preciso que o próprio sistema desportivo possua meios para se reorganizar, se desenvolver, e, em última análise, verdadeiramente se democratizar. A grande maioria da população continua a viver uma situação «analfabetismo motor», que herdou do passado recente. O sentido de interesse público que reveste a acção a desenvolver constitui uma tarefa de valor essencial, pondo directamente em causa o descomprometimento do Estado neste campo, que se acentuou progressivamente, nos últimos 15 anos.
Colocar as actividades desportivas ao alcance de todos significa, antes de tudo, novos meios financeiros e humanos, que nada têm a ver com a atitude actual, em, que predomina a concepção de «quem quer desporto paga-o» e em que «ao menos Estado» corresponde uma tutela mais cerrada de todo o Sistema Desportivo por via administrativa. Significa também que as questões do urbanismo, do desenvolvimento da vida associativa, da verdadeira reforma educativa, da concepção das novas formas de prática, e a formação de um número adequado de educadores e técnicos, a própria concepção e realização de novos equipamentos, não são alheias ao processo de democratização.
A Nação e os Sistemas Desportivos, Educativo e de Saúde são directamente interpelados por esta questão essencial para a vida de toda a população. Por mais voltas que se dê ao problema da educação física e do desporto, não é possível contornar os resultados das investigações científicas realizadas nos últimos 40 anos. Sabemos hoje, de forma indiscutível, como a actividade motora, correctamente orientada, influencia de forma essencial a maturação das diferentes funções da criança e do jovem, e a função integradora e socializadora da prática desportiva condicionada por uma ética bem concebida, desde que posta em prática, pode fornecer uma contribuição preciosa para o processo educativo. São inquestionáveis os benefícios da actividade física educativa e culturalmente válida, para a saúde, para a segurança no trabalho, para o prolongamento do vigor, em suma, para a melhoria da qualidade de vida do indivíduo.
No entanto, conhecemos bem as condições reais em que os educadores e os outros técnicos desenvolvem o seu trabalho nas escolas e nos clubes, vivendo, permanentemente, o drama da impossibilidade de cumprir adequadamente as suas funções à mingua de meios. Sabemos bem como a grande maioria dos clubes de bairro e de aldeia, «células» fundamentais da vida comunitária e do desenvolvimento desportivo, luta para desempenhar as funções que devem ser as suas.
Para os atletas saídos dos meios populares, mas manifestando qualidades excepcionais, está reservada a amarga constatação de que só com enormes sacrifícios conseguem conciliar os estudos, ou a formação profissional, com a prática do treino e da competição, vendo-se obrigados a entrar numa «engrenagem» que, com frequência normalmente insuspeita, tantos prejuízos causa, por criar miragens que, só se tornam realidade para um pequeno grupo. E quantos jovens cheios de talento e capacidade não ficam pelo caminho, impossibilitados de responderem às necessidades de uma preparação desportiva rigorosa?
Trata-se de uma autêntica mutilação dizendo mais directamente respeito ao próprio desporto, ainda que traduzindo, de forma clara, a situação da juventude na nossa sociedade.
O sentido da mudança no desporto em relação à sociedade, assume, assim, um significado completamente diferente daquele que é tão badalado pela informação, pela publicidade e pelos filósofos da pós-modernidade que apregoam constantemente a afirmação de um desporto «excelência» que, de facto, só se refere a uma minoria. E que constitui, em si mesma, uma (mais uma...) manifestação de terceiro-mundismo que caracteriza o próprio País.
Fazer progredir o desporto
Sem uma alteração substancial na vida dos trabalhadores no seu conjunto, sem uma séria mudança nas condições de vida e de trabalho, sem uma clara orientação para a realização da actividade física formativa, torna-se particularmente difícil fazer progredir o desporto, e liquidar a «miséria motora» da população. Mas, em simultâneo, nada de substancial se poderá alcançar no campo das actividades desportivas, se não se tomarem as medidas que estruturem as suas práticas de acordo com as reais necessidades do crescimento, de manutenção de capacidades, de prevenção de inúmeras doenças, de integração social e mudanças de estilos e formas de vida.
Para isso é preciso que o próprio sistema desportivo possua meios para se reorganizar, se desenvolver, e, em última análise, verdadeiramente se democratizar. A grande maioria da população continua a viver uma situação «analfabetismo motor», que herdou do passado recente. O sentido de interesse público que reveste a acção a desenvolver constitui uma tarefa de valor essencial, pondo directamente em causa o descomprometimento do Estado neste campo, que se acentuou progressivamente, nos últimos 15 anos.
Colocar as actividades desportivas ao alcance de todos significa, antes de tudo, novos meios financeiros e humanos, que nada têm a ver com a atitude actual, em, que predomina a concepção de «quem quer desporto paga-o» e em que «ao menos Estado» corresponde uma tutela mais cerrada de todo o Sistema Desportivo por via administrativa. Significa também que as questões do urbanismo, do desenvolvimento da vida associativa, da verdadeira reforma educativa, da concepção das novas formas de prática, e a formação de um número adequado de educadores e técnicos, a própria concepção e realização de novos equipamentos, não são alheias ao processo de democratização.