Maiores empresas são piores exemplos

Precariedade em grande

As empresas-base do tecido industrial de Sines são as principais fomentadoras do emprego precário, situação que está na base de discriminações salariais e acções repressivas.

A degradação das condições de vida começa na precariedade do emprego

Numa tribuna pública, realizada sexta-feira pela União Local dos Sindicatos de Sines, Santiago do Cacém, Grândola e Alcácer do Sal, foi lançado um alerta contra a subida da precariedade de emprego, em resultado dos processos de reestruturação nas empresas de maior dimensão. Nestas empresas, refere-se na moção aprovada na iniciativa e divulgada por aquela estrutura da CGTP-IN, são precários cerca de metade dos trabalhadores a tempo inteiro, nomeadamente os jovens; há tráfico de mão-de-obra, com a proliferação de empresas de trabalho temporário; há trabalhadores que contam quase duas dezenas de anos, com sucessivos contratos a termo, em postos de trabalho efectivos.
A iniciativa, que decorreu no Jardim das Descobertas, em Sines, contou com a presença de várias dezenas de trabalhadores do complexo industrial, sindicalistas (entre os quais o secretário-geral e outros dirigentes da CGTP-IN), membros de comissões de trabalhadores, autarcas e representantes de comissões de utentes de serviços públicos do Alentejo Litoral.
Na moção, sintetizando as diferentes intervenções, é apontada a crescente precariedade no emprego como causa da degradação da condição social das populações.
O Estado é acusado de ter degradado o funcionamento da Inspecção Geral do Trabalho. Por falta de meios da IGT e por falta de políticas que imponham às empresas o cumprimento da legislação e da contratação colectiva, ocorrem graves abusos, relatados na tribuna pública. A União Local dos Sindicatos afirma mesmo que existe um clima de arrogância nas empresas, com perseguição sistemática a delegados e dirigentes sindicais e a membros das comissões de trabalhadores.
Foram referidos alguns casos concretos e gritantes.
A Repsol pretende eliminar o acordo colectivo de trabalho e, há quase ano e meio, não processa aumentos salariais aos trabalhadores que resistem a essa intenção. A multinacional espanhola não acata as decisões da Inspecção do Trabalho, instaura processos disciplinares com inusitada frequência, visando particularmente representantes dos trabalhadores. Quando os trabalhadores recorrem à greve, a empresa chama as forças policiais.
Com a cobertura do Governo, a Repsol fez «publicidade enganosa», acusam as organizações representativas dos trabalhadores, num comunicado à população: propagandeou que, com os novos investimentos, seriam criados entre 120 e 15 postos de trabalho, e teve o ministro da Economia a avalizar o anúncio, disponibilizando apoios financeiros públicos. Afinal, a Resolução 43/2007 do Conselho de Ministros, que aprova os incentivos à Repsol, já só refere 32 postos de trabalho. Mas, para os representantes dos trabalhadores, «o mais certo é que não venha a ser criado um posto de trabalho sequer». Antes, com apoios do Prime, a criação anunciada de emprego «veio a dar numa falsa “bolsa de trabalho”», a qual «não é mais do que uma prateleira de trabalhadores sem vínculo contratual, que ficam à disposição da Repsol quando e só quando esta quiser».
Foram ainda referidas outras situações, na EDP, na Galp Energia e no Hospital do Litoral Alentejano.


Mais artigos de: Trabalhadores

Revogar o Estatuto é dignificar o ensino

A Fenprof dará um forte contributo ao sucesso da greve geral de dia 30, contra a degradação do sistema de ensino e de exercício da profissão docente, afirmou o novo secretário-geral, Mário Nogueira, em entrevista ao Avante!

Contra a privatização do Arsenal

Os trabalhadores do Arsenal do Alfeite concentraram-se, dia 24, frente ao Ministério da Defesa, onde exigiram serem recebidos pelo ministro da tutela que, mais uma vez, recusou atendê-los. Convocados pelo Sindicato dos Trabalhadores Civis das Forças Armadas, Estabelecimentos Fabris e Empresas de Defesa (STEFFAs/CGTP-IN)...

No Ministério da Agricultura<br>a luta vai prosseguir

No plenário de 27 de Abril, junto à residência oficial do primeiro-ministro, os trabalhadores decidiram «dar continuidade às acções de luta até agora desenvolvidas, quer no plano local, quer no plano nacional, com a realização de novos plenários, nos locais de trabalho do Ministério da Agricultura. Desenvolvimento Rural...

«Indignação» nas ruas<br>até à greve geral

Do largo frente à Assembleia da República (depois de deixar uma carta aos deputados), partiu dia 24 de Abril a «caravana da indignação», promovida pelos sindicatos da CGTP-IN na administração local e que vai percorrer o País até 29 de Maio.Para o STAL e o STML, trata-se de «uma campanha de denúncia, de mobilização dos...

Compromisso quebrado

A Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública lançou um alerta «para a previsível tentativa do Governo» de transformar «numa farsa» o processo de negociação sobre vínculos, carreiras e remunerações.

Patrões devem no Porto<br>mais de cem milhões

No Grande Porto, há mais de 5500 trabalhadores de empresas em falência, aos quais o patronato deve cem milhões de euros, estima a União dos Sindicatos do Porto, que no dia 27 de Abril reuniu, no Largo Tito Fontes, dirigentes e delegados sindicais e outros trabalhadores de sectores atingidos por aquele flagelo.Do Governo,...