«Governo não quer negociações sérias»

Compromisso quebrado

A Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública lançou um alerta «para a previsível tentativa do Governo» de transformar «numa farsa» o processo de negociação sobre vínculos, carreiras e remunerações.

Deve ser respeitado o direito de participação dos trabalhadores

Foi pela comunicação social que a Frente Comum, constituída por três dezenas de organizações sindicais representativas da larga maioria dos trabalhadores do Estado, tomou conhecimento de que o Governo aprovou, a 19 de Abril, duas propostas de lei, estabelecendo os regimes de vinculação, de carreiras e de remunerações, e instituindo o sistema integrado de gestão e avaliação do desempenho.
Um mês antes, a 21 de Março, na negociação sobre os «princípios orientadores» que levariam à elaboração da legislação, o Governo tinha assumido com a Frente Comum o compromisso de promover uma nova reunião, ainda sobre aqueles «princípios». Esta deveria ocorrer na semana a seguir à Páscoa (9 a 13 de Abril) e, entretanto, o Executivo iria enviar aos sindicatos o projecto da proposta de lei sobre vinculação, carreiras e remunerações. Não houve reunião e o projecto não foi enviado, passando o Governo directamente à aprovação das propostas de lei.
Mesmo a reunião negocial com os sindicatos, marcada para 27 de Abril, foi adiada na véspera pelo secretário de Estado da Administração Pública.
«Além de não respeitar os prazos que se auto-impôs, o Governo demonstra que não quer proceder a negociações sérias, conducentes à reforma da Administração Pública de que o País precisa», protestou a Frente Comum, numa nota divulgada na semana passada, a chamar a atenção para a quebra do compromisso governamental.
Para que os trabalhadores pudessem participar no processo de negociação, a Frente Comum defendeu que, no mínimo, seria necessário um período de 6 meses após a apresentação daquele projecto, rejeitando o calendário pretendido pelo Governo (discussão em três meses e 15 reuniões). No mesmo pressuposto, é desde já rejeitada qualquer «tentativa de imposição de um prazo de negociação até meados de Junho», tanto mais que agora está em causa mais outra proposta de lei, sobre avaliação de desempenho.
A Frente Comum sublinha que tal tentativa «seria tanto mais ilegítima e autocrática», quanto o Governo nem sequer cumpriu os prazos que pretendeu impor aos sindicatos, até agora, enquanto no futuro os «prazos de negociação risíveis», que o Executivo aponta «dependem do cumprimento de outros, que o Governo não respeita».
«Autocrático e incompetente», o Governo não poderá «depois atirar para cima da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública as suas responsabilidades», nem «postergar o direito constitucional ao exercício de negociação colectiva por parte dos sindicatos e dos trabalhadores», avisa a FCSAP.
Igualmente condenando a política do facto consumado e a quebra de compromissos do Governo, o Sindicato da Função Pública do Sul e Açores considerou que estes factos vieram «dar mais força à razão dos trabalhadores», os quais «irão responder à ofensiva destruidora do Governo com uma grande participação na greve geral».


Mais artigos de: Trabalhadores

Revogar o Estatuto é dignificar o ensino

A Fenprof dará um forte contributo ao sucesso da greve geral de dia 30, contra a degradação do sistema de ensino e de exercício da profissão docente, afirmou o novo secretário-geral, Mário Nogueira, em entrevista ao Avante!

Contra a privatização do Arsenal

Os trabalhadores do Arsenal do Alfeite concentraram-se, dia 24, frente ao Ministério da Defesa, onde exigiram serem recebidos pelo ministro da tutela que, mais uma vez, recusou atendê-los. Convocados pelo Sindicato dos Trabalhadores Civis das Forças Armadas, Estabelecimentos Fabris e Empresas de Defesa (STEFFAs/CGTP-IN)...

No Ministério da Agricultura<br>a luta vai prosseguir

No plenário de 27 de Abril, junto à residência oficial do primeiro-ministro, os trabalhadores decidiram «dar continuidade às acções de luta até agora desenvolvidas, quer no plano local, quer no plano nacional, com a realização de novos plenários, nos locais de trabalho do Ministério da Agricultura. Desenvolvimento Rural...

«Indignação» nas ruas<br>até à greve geral

Do largo frente à Assembleia da República (depois de deixar uma carta aos deputados), partiu dia 24 de Abril a «caravana da indignação», promovida pelos sindicatos da CGTP-IN na administração local e que vai percorrer o País até 29 de Maio.Para o STAL e o STML, trata-se de «uma campanha de denúncia, de mobilização dos...

Precariedade em grande

As empresas-base do tecido industrial de Sines são as principais fomentadoras do emprego precário, situação que está na base de discriminações salariais e acções repressivas.

Patrões devem no Porto<br>mais de cem milhões

No Grande Porto, há mais de 5500 trabalhadores de empresas em falência, aos quais o patronato deve cem milhões de euros, estima a União dos Sindicatos do Porto, que no dia 27 de Abril reuniu, no Largo Tito Fontes, dirigentes e delegados sindicais e outros trabalhadores de sectores atingidos por aquele flagelo.Do Governo,...