Coragem e determinação na Madeira

A CDU é o voto que conta!

Miguel Inácio
Porque é preciso por fim a uma prática política autoritária, que facilita o compadrio, o clientelismo e a corrupção, a CDU apresentou cinco compromissos com o povo da Madeira.

Faliu o modelo de sociedade imposto por Alberto João Jardim

Para a CDU, as Eleições Regionais da Madeira, que se irão realizar no próximo dia 6 de Maio, são «um combate fundamental». Neste sentido, apresentaram cinco medidas aos madeirenses, por mais «liberdade, democracia e transparência no exercício do poder».
«Progresso e desenvolvimento na região», «pelos direitos sociais e pela justiça social, contra a pobreza e a exclusão», «em defesa dos trabalhadores e dos seus direitos», «pela melhoria das condições de vida da população» e «por mais democracia e liberdade, contra o autoritarismo e corrupção», são os compromissos dos comunistas para a Região Autónoma da Madeira (RAM).
«Vivemos hoje, na RAM, uma crise que tende a aumentar. Uma crise grave, é certo, mas face à qual não se pode capitular, resignar. Há que enfrentá-la com coragem e determinação», afirma a CDU, assumindo «um compromisso que está avalizado e garantindo pelo que somos e fazemos. Um compromisso para valer, de gente que respeita e honra a palavra dada. Os homens e mulheres que querem a transformação social e política sabem que podem contar connosco. A CDU é o voto que conta!»

«Falência do jardinismo»

No seu manifesto eleitoral, a CDU alertou ainda para a «falência do jardinismo». «Faliu o modelo de saciedade imposto por Alberto João Jardim e pelo PSD assente na dominação social e portador de um projecto de poder autoritário. Faliu um sistema caracterizado pela governamentalização da sociedade, dos pobres e das instituições. Fracassou o modelo de desenvolvimento implementado pelo jardinismo», assegura o documento.
Os últimos 30 anos conduziram ainda à destruição dos sectores produtivos regionais, provocando uma crise económica e social. «Avolumam-se os problemas sentidos pelas populações», denuncia a CDU, informando que, «nas zonas altas, nos bairros sociais cansados das falsas promessas, nas zonas rurais mais abandonadas pelos governantes e nos centros urbanos, agravam-se os problemas sociais. Está descredibilizado o processo autonómico identificado com o jardinismo, com as suas situações de desrespeito e atentado aos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos na RAM.»

«Corrupção branca»

Mais, continua o manifesto, o sistema político da Madeira atingiu um nível de degradação externa, com as instituições e o Governo da Região bastante descredibilizados.
«Os problemas da corrupção atingem uma dimensão inquietante na Madeira. O tráfico de influências na repartição dos dinheiros públicos constitui um escândalo. As teias do clientelismo imperam desde o jogo do urbanismo até ao acesso aos problemas comunitários», denunciam os eleitos do PCP, sublinhando que são os esquemas da «corrupção branca», «que ditam as leis no negócio da extracção de areias no mar, na adjudicação das grandes obras públicas, nos avales a empresas e na política do subsídio a granel».

Verdadeira alternativa

Por isso, em contraposição ao jardinismo, para a Madeira coloca-se a exigência de uma nova política, uma política de esquerda, verdadeiramente de alternativa. «Uma alternativa que ao contrário dos que ambicionavam chegar ao poder mais não almejam (ou visam) do que manter o essencial das actuais políticas, retocadas ou pontualmente alteradas, onde as práticas da direita, as suas questões estruturantes e opções de fundo se sejam mantidas com uma ou outra cirurgia plástica de pormenor», confirma a CDU, prometendo lutar «por uma vida melhor para os madeirenses, pela elevação das suas condições de vida e pela construção de uma Madeira de progresso e liberdade».

Compromissos com a população

Progresso e desenvolvimento na região
Um compromisso com o desenvolvimento económico sustentado, respeitador do ambiente e criador de emprego, assente na defesa do sector produtivo regional e na afirmação dos recursos naturais da região.

Pelos direitos sociais e pela justiça social, contra a pobreza e a exclusão
Em defesa dos direitos fundamentais de acesso à saúde, à habitação, ao ensino e á cultura. Um compromisso com a política de combate às desigualdades assente numa outra política fiscal que penalize os chocantes lucros da banca e dos grandes grupos económicos e que desagrave os impostos sobre os trabalhadores, as populações e as pequenas e médias empresas.

Em defesa dos trabalhadores e dos seus direitos
Um compromisso de valorização e dignificação do trabalho, de defesa do trabalho com direitos, de combate à precariedade e à exploração, de valorização e formação dos recursos humanos.

Pela melhoria das condições de vida da população
Em defesa do direito a condições de vida dignas, a uma habitação saudável, a infra-estruturas básicas, a transportes acessíveis e seguros, ao lazer e à cultura.

Mais democracia e liberdade, contra o autoritarismo e corrupção
Um compromisso com vista a valorizar a participação das populações e de cada cidadão na decisão política e a combater as redes e os mecanismos que promovam o infame «Factor C» (cumplicidade, compadrios e cunhas) e a extirpar a corrupção na sociedade madeirense.

Pelo direito a uma vida melhor

Para responder à crise económica e social e defender os interesses e direitos do povo madeirense, foram ainda apresentadas nove medidas que os deputados da CDU se comprometem a apresentar e defender:

- Acréscimo de sete por cento ao Salário Mínimo Nacional a vigorar na Região;
- Complemento de 65 euros para as pensões e reformas inferiores ao Salário Mínimo Nacional;
- Elaboração do Plano Regional de Combate ao Desemprego;
- Aprovação de um programa de erradicação da pobreza e dos problemas habitacionais na Região;
- Melhoria e alargamento dos cuidados de saúde e defesa do sector público;
- Promoção do aumento dos apoios à Acção Social Escolar;
- Definição do Plano Estratégico da Defesa dos Sectores Económicos;
- Implementação de uma estratégia regional de combate à corrupção;
- Renegociação com o Governo da República e a Comissão Europeia sobre a real situação da RAM e o seu desenvolvimento.


Edgar Silva
A força em quem se pode confiar


Na apresentação da lista de candidatos, Edgar Silva lembrou que «a hora do voto é a hora certa para dar mais força à CDU». «Nada ficará na mesma com a CDU mais forte, com mais votos e mais deputados. Será a garantia de que a voz da população estará reforçada no Parlamento», prometeu o cabeça de lista da CDU às Eleições Regionais da Madeira.
Garantiu ainda um combate à corrupção e aos abusos de poder. «Será a certeza de que a defesa da liberdade e dos direitos democráticos estarão vivos em prol de uma nova autonomia», afirmou, acentuando ainda que os candidatos da CDU, pelo trabalho já realizado, «são homens e mulheres com provas dadas não só no plano político-partidário, mas também pelo desempenho no plano social, na área sindical, no quadro da intervenção cívica e cultural desta região, na defesa dos direitos, liberdades e garantias, pelos contributos dados para o aprofundamento da democracia e da autonomia».
Depois de ter apresentado os cinco compromissos, Edgar Silva terminou a sua intervenção dizendo: «Os homens e mulheres que querem alterar o rumo da actual situação na Região Autónoma da Madeira sabem que há um voto de confiança, sabem que há um voto que conta para enfrentar a maioria e abrir novos caminhos de esperança. E esse voto é na CDU.»


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Homenagem a Odete Santos

«Até amanhã, camaradas!». Dirigindo-se aos seus camaradas deputados comunistas, foi com estas palavras que Odete Santos terminou no dia 12 a sua última intervenção proferida da tribuna do hemiciclo.

«Vale sempre a pena <br>lutar pelas liberdades e direitos»

É conhecida pela irreverência, pela firmeza de posições e pela energia e paixão com que se enrega em defesa das causas e valores em que acredita. Na sessão plenária de 12 de Abril de 2007, depois de 26 anos a cumprir os mandatos que o PCP lhe confiou, Odete Santos proferiu a sua última intervenção na qualidade de deputada, perante um hemiciclo que, de pé, sob intensos aplausos, num ambiente emotivo, lhe prestou uma sentida homenagem. Fechado este ciclo, outros se abrem na vida desta mulher, 65 anos, comunista, fraterna e solidária, generosa e leal, que confessa em entrevista ao Avante! ter o sonho de cumprir outros desafios e projectos. Porque, como disse no Parlamento, na hora da despedida, a intervenção humana para transformar o mundo não se limita à política institucional: «Há um vastíssimo rio de intervenção que corre lá fora».

«Unir, organizar e mobilizar»

Na apresentação da lista da CDU à Assembleia Regional da Madeira, Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, acentuou que «em todas as horas e em todos os locais, onde foi preciso erguer a luta por direitos, denunciar injustiças, elevar a voz na Assembleia Legislativa, em defesa dos interesses da região e dos trabalhadores, os eleitos da CDU lá estiveram a unir, a organizar e a mobilizar». Pelo progresso e desenvolvimento da região, foram ainda anunciados os cinco grandes compromissos do «Manifesto Madeira 2007».