Comunistas de Setúbal realizam 7.ª Assembleia Regional

Continuar a crescer junto dos trabalhadores

Realiza-se, no próximo domingo, em Alhos Vedros, a 7.ª Assembleia da Organização Regional de Setúbal do PCP. Em conversa com o Avante!, José Paleta e José Caetano, dirigentes regionais do Partido, falaram da fase preparatória e do reforço da organização partidária.

Apesar da destruição de empresas muitas células não pararam de funcionar

No próximo domingo, dia 1, cerca de 650 delegados e muitos mais convidados encherão por completo o pavilhão de Alhos Vedros, concelho da Moita, para participarem na 7.ª Assembleia da Organização Regional de Setúbal do PCP. A garantia é de José Paleta e José Caetano, da DORS e do Comité Central.
Para José Paleta, há um grande entusiasmo entre os militantes do Partido, sejam ou não eleitos delegados, para participar nesta grande iniciativa. «Teremos lá, seguramente, 1500 pessoas, não falando da sessão de encerramento em que participa o secretário-geral do Partido, e que será aberta à população», revelou.
José Caetano considera que a participação nas reuniões preparatórias e o elevado número de propostas de alteração ao projecto de resolução política, perto de 300, é reveladora da forma como os militantes estão a participar. Assim, sustenta, aproxima-se a posição política, «que depois é transformada em acção, dos sentimentos, desejos e vontades do colectivo partidário». E isto está a acontecer «muito mais do que em assembleias anteriores», rematou.
Para José Paleta, nas assembleias do Partido, como nos próprios congressos, qualquer militante pode participar com a sua opinião. «Esta é uma marca distintiva da nossa democracia interna.»

Mais forte nas empresas

Com a política de direita seguida nas últimas décadas, afirmou José Caetano, foram destruídos milhares de postos de trabalho na região, nomeadamente no sector produtivo. A península já teve cerca de 40 por cento da sua população activa ligada à indústria e apresenta hoje uma taxa de 27 por cento. Esta realidade não passou, nem podia, ao lado da organização do Partido, realçou este membro do Comité Central.
Mais recentemente, no âmbito da campanha «Sim, é possível! Um PCP mais forte!», foram tomadas medidas para reforçar a organização e intervenção do Partido nas empresas e locais de trabalho. Estas medidas, afirmou José Caetano, foram especialmente do ponto de vista de quadros, «da responsabilização de camaradas nos vários organismos executivos, regionais ou concelhios, no sentido de dinamizar as células do Partido existentes». E são muitas as que nunca pararam de funcionar, lembrou.
Em diversos concelhos, muitas células de empresa foram redinamizadas, como nos Transportes Sul do Tejo, Parmalat ou Portucel. Na Faculdade de Ciências e Tecnologia, em Almada, onde nunca o Partido tinha tido organização, há actualmente uma célula que reúne e funciona. Em diversos serviços da Administração Pública, nos vários concelhos da Península, foram criadas organizações partidárias.
Apesar do encerramento de empresas, outras surgiram. Entre estas, os comunistas da Península de Setúbal destacam a Autoeuropa, responsável por 10 por cento das exportações nacionais. Face à importância da empresa e ao facto de a influência do Partido ser, à partida, muito frágil, a Organização Regional de Setúbal assumiu o controlo directo pelo acompanhamento à empresa. Os resultados são já visíveis, destaca José Caetano.

Combater a repressão

Este reforço do Partido nas empresas e locais de trabalho, sustentou José Caetano, sucede num momento em que se intensifica a repressão no interior das empresas. Repressão que, afirma, ocorre não apenas sobre a organização do Partido mas igualmente sobre a organização sindical.
Na Lusosider, denunciou, foi levantado um processo disciplinar a trabalhadores por terem dado uma entrevista ao Avante!. Nos TST, após as duas greves que ocorreram, iniciaram-se as ameaças sobre os trabalhadores, fundamentalmente sobre aqueles que têm uma relação laboral mais precária.
Muitas vezes, prosseguiu José Caetano, «temos que trabalhar quase na clandestinidade para que a organização do Partido possa singrar e afirmar-se». Mas o caminho é este, confia.
No domingo, anunciou, será proposto à assembleia que assuma como prioridade para os próximos anos a participação mais activa do Partido na sindicalização dos trabalhadores.

Não descansar à sombra das autarquias

Na península de Setúbal, a CDU é maioria em oito dos nove concelhos. Nas últimas eleições, a coligação recuperou a maioria nos concelhos do Barreiro, Sesimbra e Alcochete. Para José Paleta, tais resultados derivam da confiança que a população da península deposita nos comunistas para gerirem os destinos das autarquias. Uma confiança que, acrescenta, resulta do papel imprescindível dos comunistas na resolução dos problemas das populações e no desenvolvimento da região.
Mas, alerta José Paleta, é necessário avisar a população para que não pense que as autarquias «por si só resolvem os problemas todos». Em sua opinião, o Partido tem que desenvolver um grande esforço para desenvolver as várias expressões do movimento popular: movimento associativo, moradores e comerciantes organizados, etc.
Para este dirigente do PCP, todas estas estruturas têm que se envolver na resolução dos problemas das populações e não pensarem que estes aparecem resolvidos pelas autarquias. «Isto pode inclusivamente levar-nos a erros de avaliação e intervenção na sociedade», sustentou. A preocupação fundamental dos comunistas, frisou, é trazer as pessoas à participação e não «falarmos por elas».
No mesmo sentido, José Caetano realçou o papel importante que as autarquias podem desempenhar para mobilizar as populações para lutarem em defesa dos seus interesses. E, como exemplo, referiu a mobilização da população do Seixal em defesa do novo hospital, durante a qual foram recolhidas 60 mil assinaturas.
Mas, acrescentou este dirigente do PCP, a influência dos comunistas nas autarquias por si só não chega. Se, por um lado, devido a esta influência, a região apresenta os mais elevados índices de desenvolvimento do País, por outro, no que respeita às competências do poder central, a região é constantemente prejudicada. «Só assim se explica que tenhamos cerca de 100 utentes sem médico de família ou que nos últimos quatro anos o investimento público tenha diminuído em cerca de 160 milhões de euros.»
Para a Assembleia, adiantou José Caetano, «colocamos como uma das prioridades da nossa acção para os próximos anos a necessidade do desenvolvimento da luta de massas e das populações, com a classe operária e os trabalhadores à cabeça, exigindo o aumento significativo do investimento público na região».


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