Análises defraudadoras
A notícia dizia - referindo-se a valores do primeiro trimestre do ano 2006 - que a taxa de penetração da banda larga no nosso País cresceu 9% em relação ao primeiro trimestre de 2005. Um valor - escreve a articulista, em artigo publicado em 13 de Fevereiro do corrente ano de 2007, no Jornal de Negócios, um órgão que pretende ser de referência para a área da Economia -, um valor que «continua», há sete consecutivos trimestres, a ser menor que o crescimento de 9,4% da União Europeia (a articulista, consciente ou inconscientemente a estimular um demagógico efeito de semelhança com a taxa de crescimento do PIB!). Pelo menos isto é o que vem no título do artigo referido, já que no texto do corpo do artigo se pode ler que se está a considerar, para esta comparação, apenas o universo da Europa dos 15 - e não a Europa dos 27, e nem sequer a dos 25. E ou a jornalista foi incompetente ou o título do artigo foi elaborado por um seu boss. E este ou foi incompetente, ou malandro, ou desonesto. Prefiro querer acreditar que foi incompetência.
Porque, caso se tenha tratado de malandrice, quem se pretendia atingir? O governo e o seu Plano Tecnológico; ou a incumbente PT mais a sua posição dominante no mercado. No caso desta última hipótese, e para os leitores menos a par destas coisas de «especialistas», tratar-se-ia de uma alusão implícita à conhecida argumentação dos malefícios das duas plataformas de rede - a do cobre do telefone e a cabo [coaxial] da televisão - estarem na mesma mão, na PT? Uma alusão mesmo a calhar em período de finalização do processo da OPA da Sonaecom à PT? Também não posso acreditar nesta interpretação. Só espíritos muito tortuosos enveredariam por tão raciocinantes caminhos.
De qualquer modo, não se entende a importância mediática do facto agarrado pela jornalista, isto é, uma diferença de 9% para 9,4% é quase nada, apenas 0,4 pontos percentuais. (Ou seja, para quem gosta de malabarismos aritméticos para atrapalhar leitores tidos como incautos, apenas menos uns meros 4,5% em termos de crescimento de taxa de penetração, ou 4,5 partes em 100, pois é!) Adiante.
O estudo onde a articulista foi beber - aliás, emitido por uma organização que não tem um registo muito recomendável em termos dos resultados que vai apresentando, mas isto a articulista já teria mais dificuldade em saber -, refere ainda, segundo os elementos respigados para o artigo, que a taxa de penetração de banda larga de Portugal era de 13,4% (com 1 419 882 acessos - uma exactidão engraçadíssima, são uns pontos, os dos estudos, e os jornalistas que acriticamente os repetem), estando, na Europa dos 15, em 13% lugar, adiante da Irlanda - uma honra estar à frente do exemplo que tanto nos tem sido apontado, mas uma honra que estragaria bastante o objectivo de demonstrar o nosso «atraso» - e ainda da Grécia - este «oriental» país da UE, mas que tem que estar sempre atrás do nosso Portugal! Mas o que a articulista não refere, provavelmente porque não sabe - claro, não quero acreditar que o não tenha feito por conveniência de opinião -, é que, ainda há bem pouco tempo, Portugal ainda estava à frente do «nosso» outro modelo que é a Espanha que uma certa corrente vai propagandeando como destino final da absorção do nosso País, que deste modo desapareceria… E que estávamos também paredes meias com a Itália, e não tão longe assim, em termos de penetração de banda larga, vejam lá dos EUA. Vá, vão também buscar «detalhes» destes aos relatórios da OCDE.
Ora, o estudo citado diz ainda que, no mesmo período, a Irlanda e a Grécia cresceram 30 e 63%, respectivamente - não se entende aqui se o estudo se refere a crescimento das taxas de penetração ou se a crescimento dos números de acessos. De todas as maneiras, trata-se de crescimentos, estes, muito acima quer da média da Europa dos 15 quer de valor para Portugal, que de facto, este, crescia na média. O resto são falácias de quem quererá provar algo que está, como fenómeno, rigorosamente nas antípodas. Com efeito, trata-se de evoluções acontecidas umas cedo, a nossa, por isso já mais próxima da sua saturação, outras mais tarde, como a Irlanda e a Grécia, cuja penetração de banda larga cresce de valores ainda baixos, por isso apresentando taxas tão elevadas.
No nosso País a emulação entre os responsáveis das plataformas de «cobre» e de «cabo» de uma empresa que podia espalhar com rapidez a todo o País a banda larga, mesmo sendo do mesmo grupo económico, espevitou precocemente um seu forte crescimento...
Porque, caso se tenha tratado de malandrice, quem se pretendia atingir? O governo e o seu Plano Tecnológico; ou a incumbente PT mais a sua posição dominante no mercado. No caso desta última hipótese, e para os leitores menos a par destas coisas de «especialistas», tratar-se-ia de uma alusão implícita à conhecida argumentação dos malefícios das duas plataformas de rede - a do cobre do telefone e a cabo [coaxial] da televisão - estarem na mesma mão, na PT? Uma alusão mesmo a calhar em período de finalização do processo da OPA da Sonaecom à PT? Também não posso acreditar nesta interpretação. Só espíritos muito tortuosos enveredariam por tão raciocinantes caminhos.
De qualquer modo, não se entende a importância mediática do facto agarrado pela jornalista, isto é, uma diferença de 9% para 9,4% é quase nada, apenas 0,4 pontos percentuais. (Ou seja, para quem gosta de malabarismos aritméticos para atrapalhar leitores tidos como incautos, apenas menos uns meros 4,5% em termos de crescimento de taxa de penetração, ou 4,5 partes em 100, pois é!) Adiante.
O estudo onde a articulista foi beber - aliás, emitido por uma organização que não tem um registo muito recomendável em termos dos resultados que vai apresentando, mas isto a articulista já teria mais dificuldade em saber -, refere ainda, segundo os elementos respigados para o artigo, que a taxa de penetração de banda larga de Portugal era de 13,4% (com 1 419 882 acessos - uma exactidão engraçadíssima, são uns pontos, os dos estudos, e os jornalistas que acriticamente os repetem), estando, na Europa dos 15, em 13% lugar, adiante da Irlanda - uma honra estar à frente do exemplo que tanto nos tem sido apontado, mas uma honra que estragaria bastante o objectivo de demonstrar o nosso «atraso» - e ainda da Grécia - este «oriental» país da UE, mas que tem que estar sempre atrás do nosso Portugal! Mas o que a articulista não refere, provavelmente porque não sabe - claro, não quero acreditar que o não tenha feito por conveniência de opinião -, é que, ainda há bem pouco tempo, Portugal ainda estava à frente do «nosso» outro modelo que é a Espanha que uma certa corrente vai propagandeando como destino final da absorção do nosso País, que deste modo desapareceria… E que estávamos também paredes meias com a Itália, e não tão longe assim, em termos de penetração de banda larga, vejam lá dos EUA. Vá, vão também buscar «detalhes» destes aos relatórios da OCDE.
Ora, o estudo citado diz ainda que, no mesmo período, a Irlanda e a Grécia cresceram 30 e 63%, respectivamente - não se entende aqui se o estudo se refere a crescimento das taxas de penetração ou se a crescimento dos números de acessos. De todas as maneiras, trata-se de crescimentos, estes, muito acima quer da média da Europa dos 15 quer de valor para Portugal, que de facto, este, crescia na média. O resto são falácias de quem quererá provar algo que está, como fenómeno, rigorosamente nas antípodas. Com efeito, trata-se de evoluções acontecidas umas cedo, a nossa, por isso já mais próxima da sua saturação, outras mais tarde, como a Irlanda e a Grécia, cuja penetração de banda larga cresce de valores ainda baixos, por isso apresentando taxas tão elevadas.
No nosso País a emulação entre os responsáveis das plataformas de «cobre» e de «cabo» de uma empresa que podia espalhar com rapidez a todo o País a banda larga, mesmo sendo do mesmo grupo económico, espevitou precocemente um seu forte crescimento...