Revolta na cultura
Seiscentos e cinquenta artistas franceses dirigiram uma petição ao presidente da República em protesto contra a sua exclusão do regime de subsídio de desemprego
O prestigiado festival de Avignon foi cancelado devido à greve
A missiva, assinada por prestigiados realizadores, encenadores, actores, produtores e coreógrafos, foi divulgada na passada segunda-feira, 14, depois de artistas e técnicos terem entrado em greve, na semana anterior, provocando o cancelamento de emblemáticos certames de Verão, com relevo para o Festival de Teatro de Avignon.
O prestigiado festival, um dos mais importantes da Europa, realizava-se desde 1947 sem interrupções, tendo convivido sem grande anomalias com os acontecimentos desencadeados em Maio de 1968.
Este evento, que estava marcado para o período de 8 a 28 do presente mês, começou por ser adiado devido aos sucessivos pré-avisos de greve, até que, no dia 10, o director do Festival, foi forçado a anunciar a sua anulação.
O inusitado movimento de protesto foi a resposta da classe a um acordo assinado pelo patronato com algumas centrais sindicais, em 27 de Junho, pondo em causa o direito há muito adquirido por artistas e técnicos (cerca de cem mil profissionais do espectáculo) ao subsídio de desemprego no final dos contratos, que são normalmente de curta duração.
As autoridades de Avignon estimam que o cancelamento envolve um prejuízo global para economia de cerca de 40 milhões de euros (oito milhões de contos).
Também em Aix-en-Provence, devido à greve, não se realizou o 55º Festival internacional de arte lírica, marcado para 10 do corrente. Nessa noite, a representação da «Traviata» de Verdi, no teatro do Arcebispado, foi perturbada por ruidosas manifestações. Sons de matracas, cornetas, petardos e de caixas metálicas acompanharam as quatro horas do espectáculo. Face à iminência da repetição dos protestos, a organização decidiu suspender a programação prevista.
Em La Rochelle, no Oeste da França, o Festival de música «Francofolies» foi igualmente anulado, no dia 9, na sequência da ocupação, dia e noite, da Praça Saint-Jean-d’Acre, por artistas e técnicos, impedindo a montagem do palco principal.
Impasse negocial
Os apelos lançados ao presidente da República, designadamente pelo ex-ministro socialista da Cultura, Jack Lang, de nada serviram já que o patronato insiste no acordo obtido com alguns sindicatos no sector, mostrando-se inflexível às exigências da CGT e da FO, que representam a maioria no sector.
A reforma do regime especial de subsídio de desemprego foi promovida pelo actual ministro da Cultura, Jean-Jacques Aillagon, que entretanto se mostrou incapaz de mediar um acordo entre as partes.
Na petição enviada a Jacques Chirac, 650 artistas consideram que o «acordo» «é brutal e injusto», sublinhando que irá «excluir do regime de protecção no desemprego um quarto dos artistas e técnicos em actividade, ou seja perto de 25 mil pessoas».
O prestigiado festival, um dos mais importantes da Europa, realizava-se desde 1947 sem interrupções, tendo convivido sem grande anomalias com os acontecimentos desencadeados em Maio de 1968.
Este evento, que estava marcado para o período de 8 a 28 do presente mês, começou por ser adiado devido aos sucessivos pré-avisos de greve, até que, no dia 10, o director do Festival, foi forçado a anunciar a sua anulação.
O inusitado movimento de protesto foi a resposta da classe a um acordo assinado pelo patronato com algumas centrais sindicais, em 27 de Junho, pondo em causa o direito há muito adquirido por artistas e técnicos (cerca de cem mil profissionais do espectáculo) ao subsídio de desemprego no final dos contratos, que são normalmente de curta duração.
As autoridades de Avignon estimam que o cancelamento envolve um prejuízo global para economia de cerca de 40 milhões de euros (oito milhões de contos).
Também em Aix-en-Provence, devido à greve, não se realizou o 55º Festival internacional de arte lírica, marcado para 10 do corrente. Nessa noite, a representação da «Traviata» de Verdi, no teatro do Arcebispado, foi perturbada por ruidosas manifestações. Sons de matracas, cornetas, petardos e de caixas metálicas acompanharam as quatro horas do espectáculo. Face à iminência da repetição dos protestos, a organização decidiu suspender a programação prevista.
Em La Rochelle, no Oeste da França, o Festival de música «Francofolies» foi igualmente anulado, no dia 9, na sequência da ocupação, dia e noite, da Praça Saint-Jean-d’Acre, por artistas e técnicos, impedindo a montagem do palco principal.
Impasse negocial
Os apelos lançados ao presidente da República, designadamente pelo ex-ministro socialista da Cultura, Jack Lang, de nada serviram já que o patronato insiste no acordo obtido com alguns sindicatos no sector, mostrando-se inflexível às exigências da CGT e da FO, que representam a maioria no sector.
A reforma do regime especial de subsídio de desemprego foi promovida pelo actual ministro da Cultura, Jean-Jacques Aillagon, que entretanto se mostrou incapaz de mediar um acordo entre as partes.
Na petição enviada a Jacques Chirac, 650 artistas consideram que o «acordo» «é brutal e injusto», sublinhando que irá «excluir do regime de protecção no desemprego um quarto dos artistas e técnicos em actividade, ou seja perto de 25 mil pessoas».