Orçamento dos EUA aumenta gastos militares

Guerras pesam no bolso do povo

Bush apresentou uma proposta de orçamento para o próximo ano que corta nas prestações sociais para sustentar as intervenções militares.

«A Defesa absorve 21 por cento do orçamento norte-americano»

O documento que a Casa Branca levou, segunda-feira, à apreciação do congresso norte-americano e que deverá vigorar a partir do próximo dia 1 de Outubro, prevê um montante global na ordem dos 2,9 biliões de dólares, soma que representa um crescimento de pouco mais de quatro por cento face ao orçamento em execução. Em 2008, o departamento de Defesa dos EUA vai gastar 1300 milhões de dólares por dia mas, ao invés, o governo corta nas prestações sociais.
Bush já havia estimado que este ano seriam precisos mais 100 milhões de dólares para fazer face aos conflitos no Iraque e no Afeganistão, previsão à qual acrescentou, para o próximo ano, outros 145 milhões adicionais no esforço de guerra.
Não obstante os avisos da administração, o destaque no orçamento agora apresentado vai para o peso da Defesa na absorção dos recursos disponíveis. 624 mil milhões de dólares, 21 por cento do total do orçamento, é quanto Bush prevê gastar com as agressões militares em curso e a manutenção do pesado aparelho bélico.
O crescimento económico – anunciam 3 por cento para 2008 - e a redução do défice orçamental contribuem para a estratégia, mas o aumento dos impostos e os cortes nos benefícios sociais pesam na contabilidade da administração e, para não variar, no bolso do povo norte-americano, sujeito a contenção em prol do «combate ao terrorismo» e da nova estratégia para o Iraque.
Só este ano, Bush vai cortar 61 mil milhões de dólares nas despesas de saúde. A estes, acresce uma redução, escalonada a cinco anos, nas comparticipações dos medicamentos, orçadas em menos 12 mil milhões de dólares.

Pentágono quer mais

Apesar do nutrido orçamento para a Defesa, algumas das figuras mais representativas do Pentágono já vieram dizer que 481 mil milhões de dólares não são suficientes.
As estratégicas globais e os projectos de agressão previstos para os anos vindouros obrigam à canalização de mais do que 3,8 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) do país, dizem os generais. O mundo de hoje, continuam os militares insatisfeitos, exige dos EUA um debate sério sobre as verbas dedicadas à Defesa, linha de raciocínio onde a China, a Coreia do Norte e o Irão, por exemplo, são sublinhados como potenciais inimigos.
Só a Força Aérea quer mais 20 mil milhões por ano até 2011. A Marinha reclama igual resposta, até porque, explicam, o aumento da frota de 276 para 313 navios de guerra inscrito nos projectos estratégicos yankees não fazem a conta por menos que isso.

A difícil ginástica democrata

A vida parece difícil também para o Partido Democrata, mas ao contrário da população, mais por derivas oportunistas que por emagrecimento dos direitos sociais. Em maioria no congresso, os democratas procuram contornar a discussão das linhas centrais da política externa norte-americana, temendo afrontar interesses instalados arriscando perda de popularidade junto do eleitorado.
Certo é que a ilegitimidade das guerras está cada vez mais solidificada entre os norte-americanos, razão que os democratas poderiam considerar mais do que suficiente para rejeitar continuar no barco da agressão, sobretudo se considerarmos que o caos instalado no terreno e a crescente resistência aos ocupantes aconselha uma retirada o quanto antes, e não o envio de mais soldados e dinheiro.
São os próprios oficiais dos EUA que revelam o recrudescimento da violência. Domingo, numa comunicação de conteúdo quase inédito, o comando norte-americano admitiu que os últimos quatro helicópteros abatidos no Iraque foram alvo da resistência popular, declaração que sustentou a suspeita sobre a veracidade dos números de Washington relativamente aos mortos em combate, aos estropiados de guerra, às vítimas civis, em suma, sobre a autenticidade das estatísticas apresentadas em quase quatro anos de invasão.


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