Com cheiro a mofo
Quem acompanhou os ecos na comunicação social do recente Congresso do Partido Socialista Europeu (PSE), que congrega a «social-democracia» na Europa, poderia concluir que se prepara (mais) uma operação de branqueamento e de mistificação por parte destas forças políticas que, como o PS, têm profundas responsabilidades, quantas vezes na liderança, da política de direita ao nível nacional e europeu.
Conscientes de que é cada vez mais claro para muitos trabalhadores e vastas camadas da população que as políticas e medidas tomadas ao nível da UE (sublinhe-se, pelas mesmíssimas forças e interesses que realizam a política de direita em cada país) estão em total contradição com os seus interesses e necessidades, os «sociais-democratas», vulgo «socialistas», ambicionam liderar politicamente (e, mais uma vez) a ofensiva neoliberal e o novo salto na integração capitalista na Europa, inscrito na derrotada «constituição europeia».
Assim, como na história do ladrão que grita «agarra que é ladrão», lá denunciaram os malefícios e consequências da «globalização», escamoteando, obviamente, as suas responsabilidades na ofensiva do imperialismo, que aquela, pretendendo camuflar, afinal representa.
Embora aqui não apresentadas de forma exaustiva e desenvolvida, as linhas de manipulação ideológica passam pela ideia de que é necessária uma «nova era» («nova» foi palavra repetida até à exaustão), o que em si não tem nada de inovador. A ideia de uma «nova Europa Social» (com maiúscula e tudo) foi apresentada como a «mina de ouro» do marketing do PSE (qual «banha da cobra»), como se a UE e as suas políticas não estivessem na vanguarda do ataque a conquistas sociais e direitos pelos quais lutaram (e lutam) gerações e gerações de trabalhadores. Ou a ideia de que são necessárias «novas regras» e uma «nova ordem» no funcionamento das instituições da UE para, no fundo, apresentar medidas que, nada tendo de novo, apenas asseguram o domínio do processo de decisão por parte das suas grandes potências, segundo os interesses dos seus grupos económico-financeiros. Ou ainda, a ideia de que é necessária «mais Europa» para dar resposta às consequências negativas da «globalização», como se a UE e as suas grandes potências não estivessem na linha da frente da globalização capitalista, na liberalização do comercio internacional, na militarização das relações internacionais ou nas agressões imperialistas.
No essencial, poderá afirmar-se que, tal como noutras situações do passado (veja-se o actualíssimo exemplo do PS em Portugal), se procuram instrumentalizar as aspirações de mudança dos trabalhadores e de vastas camadas da população atingidas pela actual ofensiva capitalista, reconhecendo parte das consequências e, hipocritamente, empatizando com as suas vítimas (nomeadamente apontando quem perde, mas não quem ganha), escamoteando as causas e reais objectivos desta ofensiva (designadamente, a acumulação, concentração e domínio do capital através da exploração dos trabalhadores e da agressão à independência dos Estados e à soberania dos povos), para melhor poder insistir nas políticas que, afinal, estão na raiz da realidade que pretensa e falsamente dizem querer modificar.
Um combate ideológico
Os grandes interesses económico-financeiros e as forças políticas que os representam (direita e social-democracia) têm tanta consciência de que a integração capitalista europeia está ligada ao processo de restauração monopolista em Portugal que evitam a tudo o custo questionar a primeira, pois sabem que isso significaria colocar em causa um dos alicerces da segunda.
Daí a necessidade de apresentarem sistematicamente a UE como a solução e exemplo a propósito de tudo e de nada, de apresentarem a todo o custo a adesão com um êxito indiscutível e as suas políticas como inquestionáveis, tão só, porque estas estão em plena sintonia com os interesses da burguesia nacional (quantas vezes tem o governo português, e as maiorias parlamentares que lhes dão suporte, «gritado mata», para logo, em seu apoio, a UE «gritar esfola»).
Daí a propagada ideia de que o País não tem futuro e é inviável se não alienar a sua soberania e independência, tese tantas vezes alimentada na nossa história por aqueles que procuram, através do apoio e da dependência externa, impor e alicerçar a sua dominação de classe, sobretudo quando consideram que esta foi ou pode estar ameaçada.
Daí a falsa ideia de que é no exterior, sobretudo no fortalecimento de mecanismos supranacionais cujo objectivo é fortalecer e consolidar o sistema capitalista, aumentando a dependência e diluição na União Europeia, cada vez mais federalista, neoliberal e militarista, que estão as soluções para os graves problemas com que os trabalhadores e o País se confrontam.
Daí a importância da realização do Encontro Nacional do PCP sobre «Portugal e a UE nos 20 anos de adesão à CEE», de 16 de Dezembro, cuja a análise e síntese políticas poderão contribuir para a intervenção do colectivo partidário neste importante debate ideológico e nas batalhas políticas que poderão conhecer significativos desenvolvimentos em 2007.
Conscientes de que é cada vez mais claro para muitos trabalhadores e vastas camadas da população que as políticas e medidas tomadas ao nível da UE (sublinhe-se, pelas mesmíssimas forças e interesses que realizam a política de direita em cada país) estão em total contradição com os seus interesses e necessidades, os «sociais-democratas», vulgo «socialistas», ambicionam liderar politicamente (e, mais uma vez) a ofensiva neoliberal e o novo salto na integração capitalista na Europa, inscrito na derrotada «constituição europeia».
Assim, como na história do ladrão que grita «agarra que é ladrão», lá denunciaram os malefícios e consequências da «globalização», escamoteando, obviamente, as suas responsabilidades na ofensiva do imperialismo, que aquela, pretendendo camuflar, afinal representa.
Embora aqui não apresentadas de forma exaustiva e desenvolvida, as linhas de manipulação ideológica passam pela ideia de que é necessária uma «nova era» («nova» foi palavra repetida até à exaustão), o que em si não tem nada de inovador. A ideia de uma «nova Europa Social» (com maiúscula e tudo) foi apresentada como a «mina de ouro» do marketing do PSE (qual «banha da cobra»), como se a UE e as suas políticas não estivessem na vanguarda do ataque a conquistas sociais e direitos pelos quais lutaram (e lutam) gerações e gerações de trabalhadores. Ou a ideia de que são necessárias «novas regras» e uma «nova ordem» no funcionamento das instituições da UE para, no fundo, apresentar medidas que, nada tendo de novo, apenas asseguram o domínio do processo de decisão por parte das suas grandes potências, segundo os interesses dos seus grupos económico-financeiros. Ou ainda, a ideia de que é necessária «mais Europa» para dar resposta às consequências negativas da «globalização», como se a UE e as suas grandes potências não estivessem na linha da frente da globalização capitalista, na liberalização do comercio internacional, na militarização das relações internacionais ou nas agressões imperialistas.
No essencial, poderá afirmar-se que, tal como noutras situações do passado (veja-se o actualíssimo exemplo do PS em Portugal), se procuram instrumentalizar as aspirações de mudança dos trabalhadores e de vastas camadas da população atingidas pela actual ofensiva capitalista, reconhecendo parte das consequências e, hipocritamente, empatizando com as suas vítimas (nomeadamente apontando quem perde, mas não quem ganha), escamoteando as causas e reais objectivos desta ofensiva (designadamente, a acumulação, concentração e domínio do capital através da exploração dos trabalhadores e da agressão à independência dos Estados e à soberania dos povos), para melhor poder insistir nas políticas que, afinal, estão na raiz da realidade que pretensa e falsamente dizem querer modificar.
Um combate ideológico
Os grandes interesses económico-financeiros e as forças políticas que os representam (direita e social-democracia) têm tanta consciência de que a integração capitalista europeia está ligada ao processo de restauração monopolista em Portugal que evitam a tudo o custo questionar a primeira, pois sabem que isso significaria colocar em causa um dos alicerces da segunda.
Daí a necessidade de apresentarem sistematicamente a UE como a solução e exemplo a propósito de tudo e de nada, de apresentarem a todo o custo a adesão com um êxito indiscutível e as suas políticas como inquestionáveis, tão só, porque estas estão em plena sintonia com os interesses da burguesia nacional (quantas vezes tem o governo português, e as maiorias parlamentares que lhes dão suporte, «gritado mata», para logo, em seu apoio, a UE «gritar esfola»).
Daí a propagada ideia de que o País não tem futuro e é inviável se não alienar a sua soberania e independência, tese tantas vezes alimentada na nossa história por aqueles que procuram, através do apoio e da dependência externa, impor e alicerçar a sua dominação de classe, sobretudo quando consideram que esta foi ou pode estar ameaçada.
Daí a falsa ideia de que é no exterior, sobretudo no fortalecimento de mecanismos supranacionais cujo objectivo é fortalecer e consolidar o sistema capitalista, aumentando a dependência e diluição na União Europeia, cada vez mais federalista, neoliberal e militarista, que estão as soluções para os graves problemas com que os trabalhadores e o País se confrontam.
Daí a importância da realização do Encontro Nacional do PCP sobre «Portugal e a UE nos 20 anos de adesão à CEE», de 16 de Dezembro, cuja a análise e síntese políticas poderão contribuir para a intervenção do colectivo partidário neste importante debate ideológico e nas batalhas políticas que poderão conhecer significativos desenvolvimentos em 2007.