Iraque

Explosões de resistência

No Iraque, a situação é cada dia mais difícil para as tropas norte-americanas e para os apologistas da ocupação. O período festivo fica marcado por uma série de atentados à bomba contra alvos militares, estruturas e personalidades colaboracionistas.
Segunda-feira, em Bagdad, a detonação em cadeia de três carros armadilhados provocou o caos num movimentado bairro da capital. Estão confirmadas 25 vítimas mortais, mas o elevado número de feridos faz com que a cifra possa duplicar.
O método repetiu-se no distrito de Bayya matando três soldados dos EUA, embora o comando no terreno se recuse a autenticar a informação. No dia anterior, nova vaga de rebentamentos, desta feita no Norte do País, deixou um saldo de 15 mortos e mais de três dezenas de feridos.
Em Ramadi, o alvo das bombas foi um posto da polícia situado no Campus universitário da cidade, mas testemunhos locais afirmam que no mesmo dia a região também foi sacudida por violentos combates entre o exército invasor e os grupos da resistência.
Mais a Sul, em Bassorá, o desafio à ordem também é constante e a tensão entre os beligerantes não mostra tréguas. No fim-de-semana, mil soldados britânicos invadiram uma esquadra da polícia iraquiana acusando as autoridades de «assassinarem os prisioneiros».
A este incidente junta-se a detenção de dois diplomatas iranianos em périplo pelo Iraque a convite do presidente do país, Jalal Talabani. A decisão das forças norte-americanas causou mal-estar entre as autoridades de Bagdad, mas os emissários de Washington justificaram a acção com alegados planos terroristas dos políticos persas contra a policia de Bassorá.

48 horas negras

No balanço provisório do corrente mês de Dezembro, as forças ocupantes dos EUA já sofreram 80 baixas, 48 das quais durante os dois dias do passado fim-de-semana em combates e emboscadas montadas pela resistência, com particular destaque para os enfrentamentos ocorridos na província de Bagdad e na insurrecta região ocidental de al-Anbar. A este ritmo, até ao final do ano, o número oficial de soldados norte-americanos mortos no Iraque deve ultrapassar os três mil.
Igualmente na mira da resistência está o exército do governo títere iraquiano. Em al- Muqtadiya, o quartel local foi atacado pelos grupos de insubmissos com granadas de morteiro, isto depois da explosão de uma bomba no edifício. Pelo menos sete militares morreram e cerca de 30 resultaram feridos.

População em êxodo

Entretanto, o incremento do conflito no Iraque está a provocar o êxodo em massa da população iraquiana.
Dados oficiais divulgados pela Comissão de Assuntos Migratórios do parlamento iraquiano revelam que, por dia, cerca de três mil pessoas abandonam o território tendo como destino preferencial os vizinhos Síria, Jordânia e Egipto. A ONU, por sua vez, estima que nestes países já se encontrem um milhão e meio de cidadãos iraquianos.
Os números publicados pelo governo de Bagdad dizem ainda que cerca de 80 mil famílias foram expulsas dos respectivos locais de residência e que a maioria dos iraquianos não ousa sair à rua depois das 17h00 com receio da violência reinante.


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