Fichados para a vida
Segundo a agência noticiosa AFP, que cita fontes do Departamento Americano de Segurança Nacional (US Department of Homeland Security), entrou esta segunda-feira em funcionamento nos EUA um verdadeiro sistema planetário de Big Brother. Não em uma qualquer cadeia televisiva, com prémios e final feliz, mas na vida real e de consequências imprevisíveis: toda a pessoa que entre ou saia dos Estados Unidos é considerada uma potencial ameaça terrorista, pelo que os seus dados são recolhidos e guardados numa base de dados por um período de 40 anos. Como é timbre da democracia norte-americana, os interessados não só não são informados como nem sequer têm possibilidade de aceder algum dia à informação recolhida.
Em nome da segurança, que já permite à administração Bush mandar violar a correspondência, revistar habitações ou elaborar listas dos livros requisitados em bibliotecas – só para citar alguns exemplos – sem que os visados tenham conhecimento disso, o país da liberdade e dos direitos humanos arroga-se o direito de fichar para a vida todo e qualquer cidadão que atravesse as suas fronteiras, fazendo tábua rasa de direitos cívicos elementares, de todas as convenções, do direito internacional.
O novo Big Brother, de acordo com Jarrod Agen, porta-voz da Homeland Security citado pela AFP, está a cargo de um sistema computorizado designado Automated Targeting System, que para além dos elementos de identificação de cada indivíduo registará toda uma panóplia de dados recolhidos por diversas fontes, como o serviço de registo de passageiros, o Tesouro americano ou o Departamento do Comércio, bem como números de cartões crédito e até o que cada passageiro comeu durante os voos, o jornal que leu ou o perfume que comprou.
Os registos, segundo a mesma fonte, serão partilhados «de forma rotineira» com «autoridades federais, estatais, locais, tribais ou governos estrangeiros» sempre que seja considerado necessário e conveniente.
Múltiplas são igualmente as pessoas que numa base «rotineira» podem aceder à informação: magistrados ou tribunais administrativos; terceiros que participem numa investigação; agentes, organizações ou indivíduos que levem a cabo operações; um departamento do Congresso; e empregadores, especialistas, consultores, estudantes e outros. Numa palavra, a quem a vida de cada um possa interessar, excepto ao próprio interessado.
Orwell não teve imaginação para tanto. O drama é que a sociedade concentracionária para que alertou o mundo está a ser construída… nos EUA.
Em nome da segurança, que já permite à administração Bush mandar violar a correspondência, revistar habitações ou elaborar listas dos livros requisitados em bibliotecas – só para citar alguns exemplos – sem que os visados tenham conhecimento disso, o país da liberdade e dos direitos humanos arroga-se o direito de fichar para a vida todo e qualquer cidadão que atravesse as suas fronteiras, fazendo tábua rasa de direitos cívicos elementares, de todas as convenções, do direito internacional.
O novo Big Brother, de acordo com Jarrod Agen, porta-voz da Homeland Security citado pela AFP, está a cargo de um sistema computorizado designado Automated Targeting System, que para além dos elementos de identificação de cada indivíduo registará toda uma panóplia de dados recolhidos por diversas fontes, como o serviço de registo de passageiros, o Tesouro americano ou o Departamento do Comércio, bem como números de cartões crédito e até o que cada passageiro comeu durante os voos, o jornal que leu ou o perfume que comprou.
Os registos, segundo a mesma fonte, serão partilhados «de forma rotineira» com «autoridades federais, estatais, locais, tribais ou governos estrangeiros» sempre que seja considerado necessário e conveniente.
Múltiplas são igualmente as pessoas que numa base «rotineira» podem aceder à informação: magistrados ou tribunais administrativos; terceiros que participem numa investigação; agentes, organizações ou indivíduos que levem a cabo operações; um departamento do Congresso; e empregadores, especialistas, consultores, estudantes e outros. Numa palavra, a quem a vida de cada um possa interessar, excepto ao próprio interessado.
Orwell não teve imaginação para tanto. O drama é que a sociedade concentracionária para que alertou o mundo está a ser construída… nos EUA.