Guerra de ocupação resulta em fracasso
Em três anos e meio de guerra e invasão do Iraque morreram mais de três mil soldados norte-americanos, britânicos e de outras nacionalidades e quase 700 mil iraquianos.
60 por cento da população exige a retirada das tropas do Iraque
A actualização dos dados relativos aos mortos, feridos e estropiados de guerra no Iraque não deixa margem para dúvidas: o conflito iraquiano é para os EUA, a Grã-Bretanha e os restantes países das denominadas forças de coligação um atoleiro sem solução à vista. Apesar do que demonstram os factos, a administração Bush veio, segunda-feira, reafirmar com afinco a estratégia até agora seguida.
Outubro só agora se aproxima do fim e o balanço das vítimas mortais entre as unidades regulares yankees já conta 90 cadáveres, fazendo do corrente mês um dos mais sangrentos desde o início da campanha de agressão.
Apesar da recente mobilização de mais 12 mil efectivos militares norte-americanos para a região de Bagdad, só este fim-de-semana morreram uma dúzia de soldados em emboscadas a colunas do exército e confrontos directos com grupos da resistência iraquiana e milícias armadas.
A capital do país encontra-se mergulhada no caos, sendo palco fértil para ajustes de contas entre bandos rivais agregados ao poder instituído, assassinatos selectivos, massacres de civis e actos de violência sectária e confessional. Nos últimos dias, foi encontrada meia centena de cadáveres com sinais de tortura em diversas zonas da cidade. As execuções já não são apenas atribuídas aos grupos armados fiéis aos senhores da guerra emergentes, mas ao próprio governo de Bagdad, incapaz de estender a sua lei para além da «zona verde» onde se acoita ao abrigo da protecção norte-americana.
Bagdad despediu-se do dia de segunda-feira com novo saldo desfavorável aos invasores. Mais de uma dezena de mortos e quase 40 feridos, a maioria dos quais membros das forças de segurança iraquianas.
Noutras regiões o panorama foi o mesmo. Em Al Fadl, no Oeste do país, quatro polícias foram abatidos pela resistência, e em Sheij Omar uma patrulha foi atacada por um engenho explosivo que vitimou três pessoas e deixou outras doze feridas.
Às milhares de vítimas mortais da guerra junta-se a corrupção generalizada no Iraque. Alí Alaui, ex-ministro das Finanças, confirmou, esta semana, que foram roubados dos cofres governamentais 800 milhões de dólares destinados à compra de armamento. Os demais 400 milhões da mesma rubrica do orçamento, já se sabia, foram efectivamente usados para comprar armas, mas estas encontram-se incapazes de disparar um único tiro. Alaui atribuí o furto aos membros do primeiro governo do Iraque, também empossados com a chancela da Casa Branca.
EUA insistem na estratégia
Não obstante o fracasso comprovado da guerra de ocupação do Iraque, Washington anunciou a manutenção da estratégia até agora levada a cabo naquele território. Bush, Rice, Rumsfeld e Peter Pace, Chefe do Estado Maior norte-americano, estiveram reunidos para avaliar a escalada da violência e a falência das recentes operações repressivas contra a resistência.
A título de exemplo, a campanha «Em frente juntos», em curso desde Junho, foi classificada pelo general William Caldwell como um «fiasco desconcertante». Tony Snow, porta-voz da Casa Branca, veio no entanto dizer que o presidente não tenciona alterar as linhas de fundo implementadas no Iraque, dando nota à comunicação social das conclusões apuradas após a reunião na sala oval.
Vítimas permanentes
Para além do balanço negro derivado de três anos e meio de guerra, importa ainda considerar os milhares de soldados que, por múltiplas razões, vão transportar consequências do conflito para o resto das suas e das vidas dos que lhes estão mais próximos.
As estatísticas afirmam que por cada soldado morto no Iraque, pelo menos sete são feridos. Cifras oficias revelam que quase 21 mil soldados regressaram com ferimentos graves e cerca de 18 mil obtiveram baixa por «outras» doenças.
Estudos recentes dizem ainda que entre o milhão e meio de jovens que já cumpriu serviço no Iraque – entre estes meio milhão participou em mais de uma comissão –, 35 por cento solicitou auxílio psicológico, número que os especialistas são unânimes em assegurar estar muito abaixo da realidade, isto é, estima-se que a grande maioria dos que regressam sofram de distúrbios psicológicos.
Certo é que 90 por cento dos soldados casados que regressam acabam por se divorciar, facto que é atribuído ao stress pós-traumático e ao sentimento de culpa pelos crimes praticados e subsequente isolamento social a que se votam os ex-combatentes.
Nos EUA e na Grã-Bretanha, cerca de 60 por cento da população exige a retirada imediata das tropas do Iraque.
Outubro só agora se aproxima do fim e o balanço das vítimas mortais entre as unidades regulares yankees já conta 90 cadáveres, fazendo do corrente mês um dos mais sangrentos desde o início da campanha de agressão.
Apesar da recente mobilização de mais 12 mil efectivos militares norte-americanos para a região de Bagdad, só este fim-de-semana morreram uma dúzia de soldados em emboscadas a colunas do exército e confrontos directos com grupos da resistência iraquiana e milícias armadas.
A capital do país encontra-se mergulhada no caos, sendo palco fértil para ajustes de contas entre bandos rivais agregados ao poder instituído, assassinatos selectivos, massacres de civis e actos de violência sectária e confessional. Nos últimos dias, foi encontrada meia centena de cadáveres com sinais de tortura em diversas zonas da cidade. As execuções já não são apenas atribuídas aos grupos armados fiéis aos senhores da guerra emergentes, mas ao próprio governo de Bagdad, incapaz de estender a sua lei para além da «zona verde» onde se acoita ao abrigo da protecção norte-americana.
Bagdad despediu-se do dia de segunda-feira com novo saldo desfavorável aos invasores. Mais de uma dezena de mortos e quase 40 feridos, a maioria dos quais membros das forças de segurança iraquianas.
Noutras regiões o panorama foi o mesmo. Em Al Fadl, no Oeste do país, quatro polícias foram abatidos pela resistência, e em Sheij Omar uma patrulha foi atacada por um engenho explosivo que vitimou três pessoas e deixou outras doze feridas.
Às milhares de vítimas mortais da guerra junta-se a corrupção generalizada no Iraque. Alí Alaui, ex-ministro das Finanças, confirmou, esta semana, que foram roubados dos cofres governamentais 800 milhões de dólares destinados à compra de armamento. Os demais 400 milhões da mesma rubrica do orçamento, já se sabia, foram efectivamente usados para comprar armas, mas estas encontram-se incapazes de disparar um único tiro. Alaui atribuí o furto aos membros do primeiro governo do Iraque, também empossados com a chancela da Casa Branca.
EUA insistem na estratégia
Não obstante o fracasso comprovado da guerra de ocupação do Iraque, Washington anunciou a manutenção da estratégia até agora levada a cabo naquele território. Bush, Rice, Rumsfeld e Peter Pace, Chefe do Estado Maior norte-americano, estiveram reunidos para avaliar a escalada da violência e a falência das recentes operações repressivas contra a resistência.
A título de exemplo, a campanha «Em frente juntos», em curso desde Junho, foi classificada pelo general William Caldwell como um «fiasco desconcertante». Tony Snow, porta-voz da Casa Branca, veio no entanto dizer que o presidente não tenciona alterar as linhas de fundo implementadas no Iraque, dando nota à comunicação social das conclusões apuradas após a reunião na sala oval.
Vítimas permanentes
Para além do balanço negro derivado de três anos e meio de guerra, importa ainda considerar os milhares de soldados que, por múltiplas razões, vão transportar consequências do conflito para o resto das suas e das vidas dos que lhes estão mais próximos.
As estatísticas afirmam que por cada soldado morto no Iraque, pelo menos sete são feridos. Cifras oficias revelam que quase 21 mil soldados regressaram com ferimentos graves e cerca de 18 mil obtiveram baixa por «outras» doenças.
Estudos recentes dizem ainda que entre o milhão e meio de jovens que já cumpriu serviço no Iraque – entre estes meio milhão participou em mais de uma comissão –, 35 por cento solicitou auxílio psicológico, número que os especialistas são unânimes em assegurar estar muito abaixo da realidade, isto é, estima-se que a grande maioria dos que regressam sofram de distúrbios psicológicos.
Certo é que 90 por cento dos soldados casados que regressam acabam por se divorciar, facto que é atribuído ao stress pós-traumático e ao sentimento de culpa pelos crimes praticados e subsequente isolamento social a que se votam os ex-combatentes.
Nos EUA e na Grã-Bretanha, cerca de 60 por cento da população exige a retirada imediata das tropas do Iraque.