Atentados de 11 de Setembro

Bush reafirma política belicista

«A luta ideológica decisiva do século XXI e a missão da nossa geração» é o combate ao terrorismo, disse Bush ao assinalar os cinco anos dos atentados de 11 de Setembro.

«Não sairemos do Iraque antes de que o trabalho esteja terminado»

O presidente norte-americano, George W. Bush, discursando segunda-feira em Washington por ocasião do 5.º aniversário dos atentados de Nova Iorque, que vitimaram cerca de 3000 pessoas, fez um balanço do que classifica a «guerra contra o terrorismo» e garantiu que «se não derrotarmos agora esses inimigos, os nosso filhos herdarão um Médio Oriente dirigido por estados terroristas e ditadores radicais equipados com armas nucleares».
No discurso à nação, a partir da Casa Branca, Bush asseverou que irá encontrar e julgar «Ossama Bin Laden e outros terroristas», e recusou uma retirada militar do Iraque. Embora reconhecendo que Saddam Hussein não tinha sido responsável pelos atentados de 11 de Setembro e que foram cometidos «erros», Bush defendeu mais uma vez a decisão de invadir o Iraque porque «o regime de Saddam Hussein representava uma ameaça clara».
«Não sairemos do Iraque antes de que o trabalho esteja terminado», garantiu aos americanos, sublinhando que «quaisquer que tenham sido os erros que cometemos no Iraque, o mais grave será o de acreditar que, se nos retirarmos os terroristas nos deixarão em paz».
«Eles não nos deixarão em paz. Eles seguir-nos-ão. A segurança da América depende do resultado do combate travado nas ruas de Bagdad», defendeu Bush.
O presidente norte-americano apelou ainda aos seus compatriotas para «porem de lado as (suas) divergências» a fim de vencer o terrorismo.
«A nossa nação sofreu provações, e a estrada que tempos pela frente é difícil. Vencer esta guerra (contra o terrorismo) exige os esforços conjugados de um país unido», disse.

CIA canta vitória

Ainda na segunda-feira, o director-geral da CIA, general Hayden, informou que nos últimos cinco anos foram dizimados os «principais dirigentes da rede Al’Qaeda e os seus sucessores escondem-se ou estão em fuga», enquanto foram «capturados ou mortos» mais de 5000 terroristas.
Segundo a Lusa, o director da CIA, que não tinha este cargo na altura dos atentados do 11 de Setembro, sublinhou que esses ataques são «uma humilhação inolvidável» para a agência, que foi incapaz de os prevenir, mas garantiu que desde então a CIA tem trabalhado em estreita colaboração com outras agências para desmantelar as células operacionais da Al’Qaeda, dos seus parceiros e simpatizantes por todo o mundo.
«Embora o inimigo seja inteligente e resistente, e tenha conseguido levar a cabo ataques na Europa, Ásia e África, numerosas catástrofes potenciais foram evitadas», afirmou Hayden.
O responsável da CIA não deu pormenores sobre os mortos e capturados, nem sobre as prisões em que se encontram detidos ou os tribunais em que eventualmente foram ou serão julgados.
Enquanto isso, o secretário-geral da NATO, Jaap de Hoop Scheffer, saudou a solidariedade transatlântica contra o terrorismo numa cerimónia em memória das vítimas do 11 de Setembro de 2001, celebrada na sede da Aliança Atlântica, em Bruxelas.
«A nossa resposta aos atentados foi rápida e forte. Estivemos ao lado dos nossos amigos americanos, como eles sempre estiveram ao nosso lado», disse Scheffer.
O responsável da NATO referia-se à aplicação, pela primeira e até agora única vez, do artigo V do Tratado do Atlântico Norte de 1949, segundo o qual «um ataque contra um dos aliados é um ataque contra todos».
«Foi por isso que interviemos no Afeganistão, o berço do 11 de Setembro», disse o secretário-geral da organização, garantindo que «a NATO deve continuar a desempenhar o seu papel na luta contra o terrorismo no seu sentido mais lato».
«Devemos continuar a reforçar a nossa aliança, política e militarmente, para enfrentarmos esta nova ameaça», acrescentou.

Americanos suspeitam de Bush

O apelo de Bush à unidade interna, numa altura em que a sua popularidade está ao mais baixo nível e se aproximam as eleições (Novembro), não é acidental. Segundo a mais recente sondagem da Scripps Howard/Ohio University, divulgada em Agosto pelo jornal Rocky Mountain News, a percepção que os norte-americanos têm dos atentados do 11 de Setembro não é de molde a sossegar a classe política dominante:
- 12% crêem que o Pentágono não foi atingido por um avião mas sim por um míssil;
- 16% acham que o desabamento das Torres Gémeas não foi causado pelo choque dos aviões mas sim por explosivos;
- 36% pensam que a administração Bush está implicada, activa ou passivamente, na perpetração dos atentados.
Por outro lado, um inquérito da Zogby USA, efectuado entre 12 de Maio e 16 de Maio de 2006, indicava que:
- 42% do norte-americanos não ficaram convencidos com os resultados do trabalho da Comissão Kean, que investigou os atentados;
- 44% pensam que o presidente Bush instrumentalizou os atentados para desencadear a guerra contra outros países;
- 45% gostariam que fosse reaberto o inquérito judicial aos atentados.
Importa sublinhar o facto de ser particularmente difícil, no contexto norte-americano, exprimir tais opiniões – consideradas antipatrióticas –, pelo que quando os inquiridos são convidados a dar a sua opinião sobre o que pensam «os outros» sobre a matéria, os números aumentam cerca de 20 %.
Não menos significativo é o facto de a imprensa dominante não regatear esforços para desacreditar as chamadas «teses conspirativas», mesmo pondo em causa a sua própria credibilidade. Por um lado, atribuem as dúvidas quanto à versão oficial do 11 de Setembro à incapacidade das pessoas em aceitar a terrível realidade, como se a hipotética implicação do governo nos atentados fosse menos horrível, e ao seu sentimento de impotência, procurando fazer crer que não ter dúvidas resolve a questão da impotência. Por outro lado, a imprensa explica os resultados das sondagens com a perda de confiança na administração Bush após a guerra do Iraque e a indignação que suscita por insistir na sua continuação, deixando implícita a mensagem que o facto de se estar contra a guerra não deve levar a acusações ao governo quanto aos acontecimentos do 11 de Setembro.
De referir ainda que as respostas dos inquiridos traduzem o seu estatuto social: os que aspiram a fazer parte da elite acreditam na ameaça islâmica e na missão dos EUA para a derrotar; os que nada esperam do governo federal acreditam na conspiração interna e na necessidade de mudar de regime.


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