Política condenada nos números

Desemprego a subir

A evolução do emprego e do desemprego, nas estatísticas divulgadas sexta-feira pelo INE, «contraria o discurso oficial», afirmou a CGTP-IN, reagindo às declarações do ministro da Presidência.

O drama do desemprego atinge centenas de milhares de famílias

Pedro Silva Pereira valorizou a descida de 0,4 por cento, na comparação entre as taxas de desemprego do primeiro e segundo trimestres deste ano, e ignorou a evolução homóloga (entre os segundos trimestres de 2006 e 2005), que indica uma subida de 0,1 por cento. Em declarações à agência Lusa, o governante afirmou que os números do Instituto Nacional de Estatística constituem, «sem dúvida, bons indicadores sobre a evolução da economia e do emprego».
Para a CGTP-IN (como, aliás, para a generalidade dos especialistas), o mais relevante é comparar trimestres homólogos. Neste caso, comparar os dados do final de Junho de 2005 e 2006 permite evitar distorções relacionadas com fenómenos de sazonalidade.
Ora, salienta a central, verifica-se que «o desemprego voltou a aumentar no segundo trimestre, relativamente ao mesmo período de 2005», pois os dados do INE indicam que «a taxa de desemprego aumentou para 7,3 por cento (quando era de 7,2 por cento no segundo trimestre de 2005)» e o número de desempregados «passa os 405 mil, ou seja, mais 6 mil do que há um ano».
A grave situação do desemprego «vem mais uma vez reforçar a urgência de uma inversão das políticas económicas que têm vindo a ser seguidas e que são responsáveis pela grave situação económica e social do País», comenta a Inter.

Indicadores?

Do primeiro para o segundo trimestres deste ano, a CGTP-IN refere que, nos dados do INE, há «uma diminuição quer da taxa de desemprego (em 0,4 pontos percentuais), quer do número de desempregados (menos 5,4 por cento)». Mas a central sublinha que esta descida «é conjuntural e não corresponde à tão necessária retoma económica».
Quanto ao facto de, «apressadamente», o ministro ter vindo «afirmar que estes elementos são bons indicadores sobre a evolução da economia e do emprego, ligando-os à acção do seu governo», a CGTP-IN afirma que «o governante confundiu a evolução sazonal do mercado de emprego com a evolução anual». O Governo «procura deliberadamente fazer crer, aos trabalhadores e a outras camadas mais desfavorecidas da população, que actualmente passam por grandes dificuldades, que a economia está no bom caminho», acusa a Intersindical.
«A descida da taxa de desemprego no segundo trimestre, quando comparada com os três primeiros meses do ano, é habitual» e «deve-se ao acréscimo de actividades sazonais, nas quais se destaca o turismo e actividades conexas». A central lembra que, no ano passado, por exemplo, a taxa de desemprego baixou 0,3 pontos percentuais na mesma altura. «Uma vez findo este período, é previsível que se venha a assistir a um novo aumento trimestral do desemprego», previne a Inter.
Para «repor a verdade», a CGTP-IN reafirma que os dados do INE demonstram:
- um agravamento da taxa de desemprego, relativamente ao mesmo período do ano passado,
- um aumento do número de desempregados, em termos globais, devido ao crescimento do desemprego feminino (em 3,2 por cento),
- uma subida brutal do desemprego dos diplomados do Ensino Superior (mais 30,5 por cento) e dos detentores do ensino secundário e pós-secundário (mais 15,6 por cento),
- um aumento do desemprego de longa duração (53 por cento do total),
- a diminuição do emprego dos quadros mais qualificados da Administração Pública e do sector privado (menos 17,3 por cento),
- um agravamento da precariedade de emprego (20,2 por cento).
Das informações divulgadas pelo INE, sobressaem ainda outros dados, como o facto de um em cada seis desempregados ter desistido, nos últimos três meses, de procurar trabalho (deixando de ser considerados desempregados e passando a ser inactivos).
O aumento do desemprego de muito longa duração (há mais de dois anos), entre os jovens de 15 a 24 anos de idade, foi anteontem realçado pelo JN, citando igualmente dados do INE. Segundo o jornal, os quase 18 mil jovens que se encontravam nesta situação no final de Junho representam uma subida de 72 por cento, nos últimos doze meses, ou de 40 por cento, nos últimos três meses.


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