O vosso desporto interessa-nos
A crise económica percorre toda a Europa afectando directamente as famílias e todas as organizações sociais. Como é evidente o Poder Local não foge a esta situação. As fontes habituais de financiamento dos clubes desportivos são, assim, afectadas criando dificuldades acrescidas aos dirigentes voluntários.
Simultaneamente, e também por todo o lado, os custos da prática desportiva aumentaram, desde o vestuário, a manutenção das instalações, até aos transportes. A iniciativa de criação dos centros privados da prática desportiva, especialmente referidas à saúde, à manutenção da forma, a melhoria da «linha» corporal, cresceu e, em muitos casos, drena para o seu âmbito de acção aqueles que possuem maior capacidade financeira.
Grande parte das verbas que o Orçamento de Estado destina ao desporto (caracterizadas entre nós, sempre pelo seu baixo montante) constituem apoios para a construção de estruturas normalmente de grande porte, custo elevado e fraca rentabilidade social (como foi o caso do recente Euro 2004,) em lugar de apoiarem a actividade daqueles que, na realidade, constroem quotidianamente e em verdadeiro espírito de serviço público, o desporto que vamos tendo.
Tudo isto tem sido objecto de uma explicação demagogicamente enganadora em que o princípio da «qualidade» visando a «excelência» ombreia com a noção do desporto para todos, que sabemos ser um autêntico voto piedoso. Por todo o lado é afirmado que é preciso modernizar o desporto, pois os voluntários benévolos estão ultrapassados e a vida associativa ficou-se no século passado.
Ao mesmo tempo, idêntica explicação justifica o espectáculo desportivo profissional amplamente explorado pelas televisões, mas que, de facto, dá origem ao escândalo vergonhoso daquilo que se passa com o futebol espectáculo de massas.
Por todo o lado aparecem interesses comerciais a procurar explorar as potencialidades económicas do desporto, e os clubes são aconselhados pela maioria dos novos quadros profissionais da gestão a transformarem-se em empresas, de acordo com a concepção do «desporto mercadoria».
Para conseguirem alcançar estes objectivos há necessidade de estruturar um «produto» desportivo capaz de responder às exigências de um mercado condicionado pelos interesses da moda e do lucro conseguido de qualquer modo, respondendo às exigências do mercado financeiro. A captação e a formação de novos profissionais capazes de adaptarem a mercadoria ao jogo da oferta e da procura é indispensável e, assim, saem das faculdades fornadas de jovens tecnocratas que, na vida real, descobrem com angústia que caíram num logro.
Aos dirigentes associativos exige-se-lhes que se acomodem, submissos e passivos perante a transformação do desporto num produto pouco, ou nada, preocupado com os valores educativos, formativos, culturais e sociais da sua actividade.
O «desporto interessa-nos», dizem alguns capitalistas prontos a explorar todas as potencialidades financeiras oferecidas pelas suas práticas, desde a prática do desporto infantil em que, afanosamente procuram a «pérola» do campeão em gestação através da especialização precoce, até à prática do alto nível em que os diferentes tipos de drogas entram disfarçadas de suplementos alimentares destinados a «fornecer energia».
Tudo isto se passa sem qualquer denuncia significativa ou até referência mínima nos órgãos de comunicação social. Todos, desde os dirigentes federativos, aos políticos, participam no mesmo esquema, esperando, cada um à sua maneira, retirar um benefício pessoal pouco preocupado com o praticante, seja qual for a sua idade.
Os próprios pais, revendo-se nas proezas dos filhos, realizando o sonho daquilo que desejaram ser projectando-o agora nas crianças indefesas e motivadas até à exaustão, participam neste vasto banquete em que muita da juventude é sacrificada.
Mas, dir-me-ão: que mal há nisto tudo, se representa o desenvolvimento do desporto? Não foi isso que se desejou década após década?
O problema é outro, e é grave. Em primeiro lugar porque nada disto representa o desenvolvimento real do desporto. Em segundo lugar o “produto desportivo” que é explorado no mercado, pouco ou nada tem a ver com a prática educativa do desporto, dando lugar a distorções, exageros e autêntica exploração que desnatura as funções do desporto.
A verdade é que quando o mercado toma conta do desporto, este reduz a penetração nos meios populares.
Não há dúvida de que a questão da exploração financeira do desporto vai provocar uma cisão: ou se escolhe a via do associativismo, preocupado em colocar o indivíduo no centro da prática, ou se escolhe a “equipa bandeira”, artificialmente fabricada, que responde a uma sofismada preocupação com a afirmação local, nacional e internacional, esgotando todos os meios e participando no embuste geral de um falso desenvolvimento desportivo e de um errado conceito de afirmação internacional do País.
Simultaneamente, e também por todo o lado, os custos da prática desportiva aumentaram, desde o vestuário, a manutenção das instalações, até aos transportes. A iniciativa de criação dos centros privados da prática desportiva, especialmente referidas à saúde, à manutenção da forma, a melhoria da «linha» corporal, cresceu e, em muitos casos, drena para o seu âmbito de acção aqueles que possuem maior capacidade financeira.
Grande parte das verbas que o Orçamento de Estado destina ao desporto (caracterizadas entre nós, sempre pelo seu baixo montante) constituem apoios para a construção de estruturas normalmente de grande porte, custo elevado e fraca rentabilidade social (como foi o caso do recente Euro 2004,) em lugar de apoiarem a actividade daqueles que, na realidade, constroem quotidianamente e em verdadeiro espírito de serviço público, o desporto que vamos tendo.
Tudo isto tem sido objecto de uma explicação demagogicamente enganadora em que o princípio da «qualidade» visando a «excelência» ombreia com a noção do desporto para todos, que sabemos ser um autêntico voto piedoso. Por todo o lado é afirmado que é preciso modernizar o desporto, pois os voluntários benévolos estão ultrapassados e a vida associativa ficou-se no século passado.
Ao mesmo tempo, idêntica explicação justifica o espectáculo desportivo profissional amplamente explorado pelas televisões, mas que, de facto, dá origem ao escândalo vergonhoso daquilo que se passa com o futebol espectáculo de massas.
Por todo o lado aparecem interesses comerciais a procurar explorar as potencialidades económicas do desporto, e os clubes são aconselhados pela maioria dos novos quadros profissionais da gestão a transformarem-se em empresas, de acordo com a concepção do «desporto mercadoria».
Para conseguirem alcançar estes objectivos há necessidade de estruturar um «produto» desportivo capaz de responder às exigências de um mercado condicionado pelos interesses da moda e do lucro conseguido de qualquer modo, respondendo às exigências do mercado financeiro. A captação e a formação de novos profissionais capazes de adaptarem a mercadoria ao jogo da oferta e da procura é indispensável e, assim, saem das faculdades fornadas de jovens tecnocratas que, na vida real, descobrem com angústia que caíram num logro.
Aos dirigentes associativos exige-se-lhes que se acomodem, submissos e passivos perante a transformação do desporto num produto pouco, ou nada, preocupado com os valores educativos, formativos, culturais e sociais da sua actividade.
O «desporto interessa-nos», dizem alguns capitalistas prontos a explorar todas as potencialidades financeiras oferecidas pelas suas práticas, desde a prática do desporto infantil em que, afanosamente procuram a «pérola» do campeão em gestação através da especialização precoce, até à prática do alto nível em que os diferentes tipos de drogas entram disfarçadas de suplementos alimentares destinados a «fornecer energia».
Tudo isto se passa sem qualquer denuncia significativa ou até referência mínima nos órgãos de comunicação social. Todos, desde os dirigentes federativos, aos políticos, participam no mesmo esquema, esperando, cada um à sua maneira, retirar um benefício pessoal pouco preocupado com o praticante, seja qual for a sua idade.
Os próprios pais, revendo-se nas proezas dos filhos, realizando o sonho daquilo que desejaram ser projectando-o agora nas crianças indefesas e motivadas até à exaustão, participam neste vasto banquete em que muita da juventude é sacrificada.
Mas, dir-me-ão: que mal há nisto tudo, se representa o desenvolvimento do desporto? Não foi isso que se desejou década após década?
O problema é outro, e é grave. Em primeiro lugar porque nada disto representa o desenvolvimento real do desporto. Em segundo lugar o “produto desportivo” que é explorado no mercado, pouco ou nada tem a ver com a prática educativa do desporto, dando lugar a distorções, exageros e autêntica exploração que desnatura as funções do desporto.
A verdade é que quando o mercado toma conta do desporto, este reduz a penetração nos meios populares.
Não há dúvida de que a questão da exploração financeira do desporto vai provocar uma cisão: ou se escolhe a via do associativismo, preocupado em colocar o indivíduo no centro da prática, ou se escolhe a “equipa bandeira”, artificialmente fabricada, que responde a uma sofismada preocupação com a afirmação local, nacional e internacional, esgotando todos os meios e participando no embuste geral de um falso desenvolvimento desportivo e de um errado conceito de afirmação internacional do País.