Desenvolvimento alternativo na Bolívia
O executivo boliviano divulgou o Plano Nacional de Desenvolvimento (PND). Entre as primeiras medidas estão a nacionalização dos sectores eléctrico, ferroviário e de telecomunicações.
«O PND proposto por Morales foi apoiado por milhares de camponeses e comunidades indígenas do país»
Depois de nacionalizar o gás e o petróleo, o governo liderado por Evo Morales decidiu tomar idênticas medidas no que diz respeito a outros três sectores estratégicos da economia do país, projectos que se enquadram no Plano Nacional de Desenvolvimento, apresentado sexta-feira da semana passada, e que o executivo de La Paz pretende fazer cumprir entre 2006 e 2010.
Já esta segunda-feira, o ministro do Planeamento, Carlos Villegas, deu a conhecer as decisões quanto ao fornecimento de energia eléctrica, aos transportes ferroviários e às telecomunicações, sectores entregues a empresas estrangeiras durante os anos 90, década marcada pela aplicação das fórmulas neoliberais impostas pelo FMI na Bolívia.
A Entel, Empresa Nacional de Telecomunicações, sob alçada da Telecom Itália e principal companhia do país naquela área, passa a ser controlada pelo Estado, situação que sucederá, de igual modo, com as companhias de energia eléctrica Corani, Guaracachi e Valle Hermoso, actualmente detidas, respectivamente, por capitais norte-americanos, britânicos e por investidores privados bolivianos. No conjunto, as três empresas representam mais de 60 por cento do volume de negócios do sector de energia eléctrica no país.
Alvo das nacionalizações serão, finalmente, as transportadoras Andina e Oriental, ambas privadas, a última das quais garante a ligação à província de Santa Cruz, região onde o capital nacional e multinacional ligado à exploração agrícola e dos recursos de hidrocarbonetos tem feito guerra aberta ao governo de Morales, sobretudo na sequência da aplicação da Reforma Agrária e da nacionalização do gás e do petróleo.
Camponeses apoiam PND
Atacado por empresários e representantes das multinacionais na Bolívia, o PND proposto por Morales foi entretanto apoiado pelas estruturas representativas de milhares de camponeses e comunidades indígenas do país, desde logo porque a sua aplicação prevê consultas regulares junto dos movimentos e organizações sociais conhecedoras da realidade no terreno.
Sob o lema «Bolívia digna, soberana e produtiva para viver bem», o Plano com duração de cinco anos indica como principal objectivo uma «nova concepção de desenvolvimento, inclusão social, descentralização e poder social comunitário», nas palavras do ministro Villegas.
O investimento público, a valorização das actividades produtivas, dos recursos e da industria nacional dotando os bens exportados de valor acrescentado serão os principais motores do PND, o qual contempla um modelo alternativo para a propriedade, a redistribuição da riqueza e o emprego.
Neste último capítulo, o governo prevê a criação de cerca de 100 mil postos de trabalho directos em cada ano, medida que, caso seja frutuosa, deverá beneficiar milhares de famílias empurradas para a miséria extrema em consequência das políticas corruptas e antipatrióticas praticadas por anteriores executivos na Bolívia.
Isso mesmo explicaram ao povo vários responsáveis governamentais, numa jornada que durou todo o dia de domingo e promete ter sequência nos próximos meses. Enquanto Morales discursava num comício em Irupana, vários ministros deslocaram-se a uma feira na capital, La Paz, para dar a conhecer e auscultar a opinião popular sobre o PND, iniciativa de recolha de contributos que prometeram repetir as vezes que forem necessárias.
Questão regional mantém-se
Em Irupana, Morales abordou ainda outra questão candente na actualidade boliviana, o referendo sobre as autonomias regionais que decorrerá, no próximo dia 2 de Julho, paralelamente ao sufrágio para a nova Assembleia Constituinte. Para Morales, os interesses oligárquicos nas províncias de Santa Cruz, Tarija, Beni e Pando são os principais responsáveis pela campanha pró-autonomia, a qual, referiu ainda, mais não pretende do que minar os fundamentos do novo rumo económico e social do país e tem como principal objectivo perpetuar no poder a classe que controlou a Bolívia durante mais de século e meio sem nenhum benefício para os bolivianos.
Nos 78 anos do nascimento de Ernesto Guevara
Che homenageado na Bolívia
Quase quatro décadas após ter sido assassinado por militares bolivianos e agentes dos serviços secretos da norte-americana CIA, na localidade de La Higuera, em 9 de Outubro de 1967, Ernesto «Che» Guevara mereceu uma homenagem oficial por parte do governo da Bolívia.
Acompanhado pelos embaixadores de Cuba e da Venezuela, Rafal Dausá e Julio Montes, respectivamente, e por um dos filhos do guerrilheiro, Camilo Guevara March, Evo Morales visitou Vallegrande e La Higuera para destacar o papel do combatente comunista na luta pela liberdade, justiça, igualdade e dignidade dos povos da América Latina.
Che fica para todos como um exemplo, referiu o presidente antes de sublinhar que a sua dedicação e ensinamentos não se perderam, nem em Cuba nem na Bolívia. Exemplo disso é a estreita colaboração solidária entre as duas nações e os planos e projectos de colaboração levados a cabo por ambos países em prol da melhoria das condições de vida do povo, aludiu.
Já esta segunda-feira, o ministro do Planeamento, Carlos Villegas, deu a conhecer as decisões quanto ao fornecimento de energia eléctrica, aos transportes ferroviários e às telecomunicações, sectores entregues a empresas estrangeiras durante os anos 90, década marcada pela aplicação das fórmulas neoliberais impostas pelo FMI na Bolívia.
A Entel, Empresa Nacional de Telecomunicações, sob alçada da Telecom Itália e principal companhia do país naquela área, passa a ser controlada pelo Estado, situação que sucederá, de igual modo, com as companhias de energia eléctrica Corani, Guaracachi e Valle Hermoso, actualmente detidas, respectivamente, por capitais norte-americanos, britânicos e por investidores privados bolivianos. No conjunto, as três empresas representam mais de 60 por cento do volume de negócios do sector de energia eléctrica no país.
Alvo das nacionalizações serão, finalmente, as transportadoras Andina e Oriental, ambas privadas, a última das quais garante a ligação à província de Santa Cruz, região onde o capital nacional e multinacional ligado à exploração agrícola e dos recursos de hidrocarbonetos tem feito guerra aberta ao governo de Morales, sobretudo na sequência da aplicação da Reforma Agrária e da nacionalização do gás e do petróleo.
Camponeses apoiam PND
Atacado por empresários e representantes das multinacionais na Bolívia, o PND proposto por Morales foi entretanto apoiado pelas estruturas representativas de milhares de camponeses e comunidades indígenas do país, desde logo porque a sua aplicação prevê consultas regulares junto dos movimentos e organizações sociais conhecedoras da realidade no terreno.
Sob o lema «Bolívia digna, soberana e produtiva para viver bem», o Plano com duração de cinco anos indica como principal objectivo uma «nova concepção de desenvolvimento, inclusão social, descentralização e poder social comunitário», nas palavras do ministro Villegas.
O investimento público, a valorização das actividades produtivas, dos recursos e da industria nacional dotando os bens exportados de valor acrescentado serão os principais motores do PND, o qual contempla um modelo alternativo para a propriedade, a redistribuição da riqueza e o emprego.
Neste último capítulo, o governo prevê a criação de cerca de 100 mil postos de trabalho directos em cada ano, medida que, caso seja frutuosa, deverá beneficiar milhares de famílias empurradas para a miséria extrema em consequência das políticas corruptas e antipatrióticas praticadas por anteriores executivos na Bolívia.
Isso mesmo explicaram ao povo vários responsáveis governamentais, numa jornada que durou todo o dia de domingo e promete ter sequência nos próximos meses. Enquanto Morales discursava num comício em Irupana, vários ministros deslocaram-se a uma feira na capital, La Paz, para dar a conhecer e auscultar a opinião popular sobre o PND, iniciativa de recolha de contributos que prometeram repetir as vezes que forem necessárias.
Questão regional mantém-se
Em Irupana, Morales abordou ainda outra questão candente na actualidade boliviana, o referendo sobre as autonomias regionais que decorrerá, no próximo dia 2 de Julho, paralelamente ao sufrágio para a nova Assembleia Constituinte. Para Morales, os interesses oligárquicos nas províncias de Santa Cruz, Tarija, Beni e Pando são os principais responsáveis pela campanha pró-autonomia, a qual, referiu ainda, mais não pretende do que minar os fundamentos do novo rumo económico e social do país e tem como principal objectivo perpetuar no poder a classe que controlou a Bolívia durante mais de século e meio sem nenhum benefício para os bolivianos.
Nos 78 anos do nascimento de Ernesto Guevara
Che homenageado na Bolívia
Quase quatro décadas após ter sido assassinado por militares bolivianos e agentes dos serviços secretos da norte-americana CIA, na localidade de La Higuera, em 9 de Outubro de 1967, Ernesto «Che» Guevara mereceu uma homenagem oficial por parte do governo da Bolívia.
Acompanhado pelos embaixadores de Cuba e da Venezuela, Rafal Dausá e Julio Montes, respectivamente, e por um dos filhos do guerrilheiro, Camilo Guevara March, Evo Morales visitou Vallegrande e La Higuera para destacar o papel do combatente comunista na luta pela liberdade, justiça, igualdade e dignidade dos povos da América Latina.
Che fica para todos como um exemplo, referiu o presidente antes de sublinhar que a sua dedicação e ensinamentos não se perderam, nem em Cuba nem na Bolívia. Exemplo disso é a estreita colaboração solidária entre as duas nações e os planos e projectos de colaboração levados a cabo por ambos países em prol da melhoria das condições de vida do povo, aludiu.