O plano inclinado da desgraça
Tinha programado para este texto um conteúdo pouco agarrado às últimas notícias destes dias, algo distanciado delas, um artigo sobre os investimentos não financeiros, incluindo em I&D, em ambiente de neoliberalismo, de há um quarto de século para cá. Estava a avançar no artigo, um trabalho que ia exigindo bastante um esforço pesado. «Eis senão quando» se me espelharam diante dos olhos números frescos do INE sobre o desemprego, relativos ao final do primeiro trimestre de 2006.
Taxa de desemprego nos 7,7%, o que compara - é expressando-se assim que muitos gostam de dar conta das variações dos valores entre diferente datas - com os 7,5% de há um ano, mas também com os 8% do trimestre anterior.
(Esta gente, que gosta tanto de números podia, ao menos, arredondar os valores para a mesma ordem de precisão; ou seja, tanto 7,7% como 7,5% são 8%; e já que querem jogar com os números, escrevam 8,0% em vez de 8%, senhores jornalistas especializados; estou a ser mesquinho? Azedo? Talvez, mas interessado.)
Portanto, lá está outra vez, e sempre, a dança dos números. que o sinal é bom, ainda não é o que queremos - os do governo do País. Outros, a jogarem ao rigoroso: Ah, mas isto são efeitos sazonais, o melhor é considerar a variação homóloga, isto é, primeiro trimestre de 2006 comparado com o primeiro trimestre de 2005. O dirigente da UGT, evitando cair naquelas confusões, esse, que o nível de desemprego é elevado, mas ao menos já estará a agravar-se menos (qualquer coisa deste género). Outro, mais científico, a lembrar-nos que se estão a comparar alhos com bugalhos porque do ano passado para este ano se alterou o método de calcular o desemprego. Vá lá a gente entender-se.
Mas nem todos os números são tão desinteressantes, se bem que sejam preocupantes, como os desta taxa agregada que paira pelos 8% de desemprego que nos fornece o INE.
Com efeito, o número desempregados registados nos inscritos nos centros de desemprego caiu em Abril de 2%, tendo esta redução (ou progresso de emprego) sido registada sobretudo entre os que têm seis ou menos anos de escolaridade e, em particular, entre os jovens. Por outro lado, deu-se uma subida de 17% de licenciados universitários em termos de registos nos centros de emprego. Nos escalões dos que concluíram o ensino básico ou que frequentam ou terminaram o ensino secundário os números também são tudo menos brilhantes.
Basta atentar nestes dados par percebermos o negrume da situação. Ou seja, mais que o progresso dos postos de trabalho em quantidade, escasso mas em princípio bem vindo, é a continua regressão - já nem falo em progressão ou em estabilização - da composição total dos que estão disponíveis que continua com grande dinamismo, para mal dos nosso pecados - de um mês para o outro mais 17% de licenciados universitários a inscreverem-se nos centros de emprego! E mais não serão porque vão emigrando, como aqueles cinco que estão a desenvolver software na Finlândia, empregados pela Nokia, e que tanto contribuíram - recorde-se - para o orgulho do nosso Primeiro Ministro Sócrates nas capacidades dos portugueses. Ainda por cima capacidades de grande relevo para o “seu” Plano Tecnológico.
Mas, fora de brincadeiras, são números como estes relativos à variação em Abril de 2006 dos desempregados que mostram o que está acontecer com as «tretas» do Plano Tecnológico, da Formação Profissional - para quê?, da Inovação, do Bill Gates que em conjunto com o Governo fizeram aí um show fantástico. Mas o que mostra isto, não sabeis?
Isto é a verdadeira e claríssima resposta do tecido económico nacional já tantas vezes demonstrada, e agora outra vez, e de que retumbante maneira. Terá sido por saber isso muito bem que o Presidente da República, entendendo que com este empresariado não vai a lado nenhum, e que já começa a ficar com receio de o povo português o vir associar ao descalabro em alastramento, que lhe parecerá inexorável, será por isso - dizia eu - que o Presidente da República recomendou à COTEC, onde se encontra a «nata» dos empresários e gestores portugueses, para agregarem a eles, já que estamos em tempos de globalização, empresários e gestores de grande fama oriundos de outras partes? Não sei, foi uma pergunta que me surgiu. Mas que esta do Plano Tecnológico e dos apelos à Inovação e à Formação se está a transformar numa fantochada é uma enorme e desgraçada verdade.
Valha-nos o Campeonato do Mundo de Futebol e o desenegrecer da nossa vida por uns dias, que através dele nos poderá ser proporcionado.
Taxa de desemprego nos 7,7%, o que compara - é expressando-se assim que muitos gostam de dar conta das variações dos valores entre diferente datas - com os 7,5% de há um ano, mas também com os 8% do trimestre anterior.
(Esta gente, que gosta tanto de números podia, ao menos, arredondar os valores para a mesma ordem de precisão; ou seja, tanto 7,7% como 7,5% são 8%; e já que querem jogar com os números, escrevam 8,0% em vez de 8%, senhores jornalistas especializados; estou a ser mesquinho? Azedo? Talvez, mas interessado.)
Portanto, lá está outra vez, e sempre, a dança dos números. que o sinal é bom, ainda não é o que queremos - os do governo do País. Outros, a jogarem ao rigoroso: Ah, mas isto são efeitos sazonais, o melhor é considerar a variação homóloga, isto é, primeiro trimestre de 2006 comparado com o primeiro trimestre de 2005. O dirigente da UGT, evitando cair naquelas confusões, esse, que o nível de desemprego é elevado, mas ao menos já estará a agravar-se menos (qualquer coisa deste género). Outro, mais científico, a lembrar-nos que se estão a comparar alhos com bugalhos porque do ano passado para este ano se alterou o método de calcular o desemprego. Vá lá a gente entender-se.
Mas nem todos os números são tão desinteressantes, se bem que sejam preocupantes, como os desta taxa agregada que paira pelos 8% de desemprego que nos fornece o INE.
Com efeito, o número desempregados registados nos inscritos nos centros de desemprego caiu em Abril de 2%, tendo esta redução (ou progresso de emprego) sido registada sobretudo entre os que têm seis ou menos anos de escolaridade e, em particular, entre os jovens. Por outro lado, deu-se uma subida de 17% de licenciados universitários em termos de registos nos centros de emprego. Nos escalões dos que concluíram o ensino básico ou que frequentam ou terminaram o ensino secundário os números também são tudo menos brilhantes.
Basta atentar nestes dados par percebermos o negrume da situação. Ou seja, mais que o progresso dos postos de trabalho em quantidade, escasso mas em princípio bem vindo, é a continua regressão - já nem falo em progressão ou em estabilização - da composição total dos que estão disponíveis que continua com grande dinamismo, para mal dos nosso pecados - de um mês para o outro mais 17% de licenciados universitários a inscreverem-se nos centros de emprego! E mais não serão porque vão emigrando, como aqueles cinco que estão a desenvolver software na Finlândia, empregados pela Nokia, e que tanto contribuíram - recorde-se - para o orgulho do nosso Primeiro Ministro Sócrates nas capacidades dos portugueses. Ainda por cima capacidades de grande relevo para o “seu” Plano Tecnológico.
Mas, fora de brincadeiras, são números como estes relativos à variação em Abril de 2006 dos desempregados que mostram o que está acontecer com as «tretas» do Plano Tecnológico, da Formação Profissional - para quê?, da Inovação, do Bill Gates que em conjunto com o Governo fizeram aí um show fantástico. Mas o que mostra isto, não sabeis?
Isto é a verdadeira e claríssima resposta do tecido económico nacional já tantas vezes demonstrada, e agora outra vez, e de que retumbante maneira. Terá sido por saber isso muito bem que o Presidente da República, entendendo que com este empresariado não vai a lado nenhum, e que já começa a ficar com receio de o povo português o vir associar ao descalabro em alastramento, que lhe parecerá inexorável, será por isso - dizia eu - que o Presidente da República recomendou à COTEC, onde se encontra a «nata» dos empresários e gestores portugueses, para agregarem a eles, já que estamos em tempos de globalização, empresários e gestores de grande fama oriundos de outras partes? Não sei, foi uma pergunta que me surgiu. Mas que esta do Plano Tecnológico e dos apelos à Inovação e à Formação se está a transformar numa fantochada é uma enorme e desgraçada verdade.
Valha-nos o Campeonato do Mundo de Futebol e o desenegrecer da nossa vida por uns dias, que através dele nos poderá ser proporcionado.